61ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 13. Ensino Profissionalizante |
REPRESENTAÇÕES SOBRE SAÚDE-DOENÇA: UM ESTUDO COM DOCENTES DO ENSINO TÉCNICO EM ELETROTÉCNICA NO INSTITUTO FEDERAL ESPÍRITO SANTO |
Adolfo Cassoli Gomes 1 |
1. Instituto Federal Espirito Santo / IFES |
INTRODUÇÃO: |
As grandes transformações por que vem passando a humanidade, especialmente a partir dos anos 90, reconhecidas como o processo de globalização, traz novos desafios para pensar e relação do trabalhador com o contexto social, com o coletivo, ou ainda com o trabalho. É possível prever que novas tecnologias e mudanças nas relações de trabalho tragam novos valores, hábitos e introduzam novos riscos de natureza química, ergonômica, psíquica, entre outras, podendo causar acidentes do trabalho. Medidas proativas e antecipativas deveriam ser implementadas em todos os campos de ação social e, a educação, poderá contribuir de forma contínua e permanente para alcançar uma maior conscientização do indivíduo, antes mesmo da chegada ao mercado de trabalho. O professor não ensina apenas conteúdos específicos, mas demonstra também quem ele é: um indivíduo situado num contexto social, possuidor de crenças, valores, sujeito, portanto, de um pensar que o orienta a agir. Esta pesquisa teve por objetivo apreender e analisar a concepção dos docentes do Curso Técnico de Eletrotécnica sobre saúde e doença, por meio das representações sociais. A pesquisa ganha relevância à medida que explicita a forma como este objeto é representado pelos docentes, descortinando as influências dessa representação na sala de aula. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa foi realizada no Instituto Federal Espírito Santo (IFES), localizado em Vitória-ES, instituição pública que oferece cursos de níveis: técnico, superior e pós-graduação em diversas áreas do conhecimento. A abordagem qualitativa é justificada pelas características do estudo, permitindo que se trabalhe com opiniões, sentimentos, crenças e valores de um determinado grupo social. O universo da pesquisa foi constituído por todos os vinte e cinco professores que compõem o corpo docente da Coordenadoria de Eletrotécnica, concordando em assinar um termo de consentimento livre e esclarecido. Para a coleta de dados foram utilizadas as seguintes técnicas: associações-livres e entrevista semi-estruturada. Optou-se pelo Teste de Associação Livre de Palavras para apreender o provável núcleo estruturante das representações sociais dos docentes, não como elemento fim, mas como elemento meio que, articulado às entrevistas, trará subsídios para a análise das dimensões cognitiva e social dos sujeitos para assim compreendermos as representações sociais identificadas. A realização do teste consistiu em apresentar como estímulos indutores as palavras “saúde” e “doença”, solicitando que escrevessem cinco palavras correspondentes no intervalo máximo de um minuto. |
RESULTADOS: |
Os dados analisados demonstraram que 80% dos docentes possuem regime de 40 horas com dedicação exclusiva e 20% com regime de 20 horas semanais. Há uma predominância do sexo masculino com 92% sobre o sexo feminino com 8%. Com relação à formação acadêmica, 76% são formados |
CONCLUSÃO: |
Fazendo uma análise conjunta da evocação dos termos saúde e doença e das entrevistas, é possível perceber a dualidade entre os dois termos, considerando-os mutuamente excludentes, e não como as duas faces de uma mesma moeda. O que se percebe é a concepção de saúde restrita ao nível do indivíduo (paradigma médico) vinculada ao saber sobre o corpo e a mente; esse conhecimento, pertencente tradicionalmente às ciências médicas, acaba limitando abordagens mais abrangentes que envolvam aspectos de ordem social e cultural relacionadas com a educação para a saúde. Cabe salientar que nos cursos superiores (ciências exatas) ocorre uma carência quase que total tanto de conteúdos relativos ao processo saúde-doença quanto à compreensão da saúde e do indivíduo em suas relações sociais. Os entrevistados não se percebem como sujeitos responsáveis pelos processos educativos quanto ao processo de saúde e de doença, nem da sensibilização ou autonomia referente à necessidade do desenvolvimento de ações coletivas e de fomento a participação. Isso, de certa forma, demonstra a força do paradigma médico ainda presente na atualidade e quanto isso impede a execução de ações educativas que possam oferecer ao futuro técnico uma maior conscientização em prol da preservação da sua saúde e da sua qualidade de vida. |
Palavras-chave: representações sociais, saúde-doença, ensino técnico. |