61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 2. Helmintologia de Parasitos
DETECÇÃO DOS GRUPOS SANGUÍNEOS ABO NA INFECÇÃO POR Ascaris lumbricoides NA COMUNIDADE RIBEIRINHA DO ITAPEUA EM COARI-AM.
Renato dos Santos Reis 1
Abel Santiago Muri Gama 1
Hugo Othon Queiroz de Barros 1
Jocilene Guimarães 2
1. Acadêmicos Instituto de Saúde e Biotecnologia – UFAM/CMS/Coari
2. Professora do Instituto de Saúde e Biotecnologia – UFAM – Coari
INTRODUÇÃO:

O sistema ABO é resultante de um polimorfismo complexo que pode apresentar-se como estruturas simples ligadas a proteínas sob a forma de glicoproteínas ou de lipídeos adicionados a porção final das cadeias carboidráticas, sendo expressos na superfície das hemácias e outras células ou presentes em secreções. Atualmente, estudos têm demonstrado evidências de que estes marcadores biológicos servem de receptores para bactérias, vírus e helmintos, dentre os quais destaca-se a associação com a Ascaris lumbricoides , nematodo que infecta cerca de  1,5 bilhão de pessoas (um quarto da população mundial), do qual uma grande parcela dos infectados são crianças. No Brasil, em especial na região amazônica, poucos estudos são realizados com populações pediátricas ribeirinhas, fato que não relaciona significativamente os mecanismos envolvidos na suscetibilidade/resistência do hospedeiro frente ao A. lumbricoides. Dessa maneira, o objetivo desse trabalho foi detectar a distribuição dos grupos sanguíneos ABO em crianças parasitadas por A. lumbricoides pertencentes a comunidades ribeirinhas do Médio-Solimões.

METODOLOGIA:

O estudo consistiu na análise de 55 pacientes na faixa etária de 1 a 12 anos, residentes na comunidade do Itapéua. Para a pesquisa dos fenótipos dos grupos sangüíneos ABO foram coletados saliva e 5 ml de sangue por punção venosa. Para a detecção fenotípica a  nível de eritrócitos utilizou-se o teste de hemaglutinação direta com anticorpos monoclonais anti-A, anti-B e anti-AB, sendo o resultado considerado positivo quando as hemácias sofreram aglutinação com seus respectivos anti-soros e negativos quando da ausência de aglutinação. Na saliva, foi usado o teste Dot-blot-ELISA, empregando-se anticorpos monoclonais com as seguintes especificidades: anti-A, anti-B (Ortho Diagnótics) e anti-H (Fresenius Diagnóstics). Para a detecção parasitária utilizou-se as técnicas coproparasitológicas pelo método direto de HOFFMAN e de FAUST.

RESULTADOS:

Um total de 50 indivíduos (90,9%) da população analisada apresentaram resultado positivo ao exame parasitológico. Sendo que 64 % (32/50) estavam infectados por A. lumbricoides. Estes resultados podem sugerir que em populações ribeirinhas da Amazônia Brasileira, que apresentam marcadores fenotípicos do grupamento sanguíneo O em maior expressão, dada à origem antropogenética, apresentam uma maior predisposição à infecção, e poderia estar funcionando como o provável receptor a infecção pelo parasita A. lumbricoides, ou interferindo na resposta imune do hospedeiro devido as similaridades entre os antígenos parasitários e do indivíduo, o que mostra também em outros estudos que os marcadores do fenótipo A poderiam ser os prováveis receptores deste nemátodo em outras populações.

CONCLUSÃO:

Embora o mecanismo exato de associação entre os fenótipos de grupos sanguíneos e a ascaríase ainda não estejam completamente esclarecidos, nossos estudos revelaram uma forte associação entre o grupo sanguíneo O e a infecção por Ascaris lumbricoides, conferindo assim um grau de importância epidemiológica podendo indivíduos pertencentes a este grupo sanguíneo, em nossa região, apresentar maior pré-disposição genética para esta infecção. No entanto, estudos adicionais necessitam de realização com finalidade de determinarmos a relação especifica entre o parasita e o marcador molecular sangüíneo expresso por seu hospedeiro.

Instituição de Fomento: FAPEAM – LACEN - Prefeitura de Coari
Palavras-chave: Grupos Sanguíneos, Ascaris lumbricoides, Infecção.