61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
UMA EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA XINEPOUABÁH GAVIÃO DA TERRA INDÍGENA IGARAPÉ LOURDES DE JI-PARANÁ – RO.
José Paláv Gavião 1
Laira Sabrina Pianissola 1
Lediane Fani Felzke 2
Silas Marques Ferreira 1
1. Secretaria de Estado da Educação - Representação de Ensino/SEDUC/REN
2. Instituto Federal de Rondônia/IFRO
INTRODUÇÃO:

O povo Gavião Ikólóéhj vive na Terra Indígena Igarapé Lourdes no município de Ji-Paraná – RO. Somam cerca de 520 pessoas distribuídas em 12 aldeias. A presente pesquisa realizou-se junto a Aldeia Igarapé Lourdes onde habitam cerca de 120 pessoas. As crianças e jovens do lugar estudam na escola indígena Xinepouabáh Gavião que atende 69 alunos até o 7º ano. Até o 5º ano o trabalho é realizado exclusivamente por três professores indígenas. No 6º e 7º ano os professores indígenas atuam em conjunto com professores não indígenas. A aldeia é banhada pelo Igarapé Lourdes que apresenta uma intensa degradação das suas matas ciliares. Este rio é utilizado pelo povo Gavião para a pesca, lazer e atividades domésticas além da navegação, pois é o único acesso para a cidade no período de dezembro a maio. Este trabalho teve por objetivo verificar a atuação da escola indígena como instrumento de troca de saberes e de educação ambiental, especialmente acompanhou-se a implementação de um projeto idealizado por um dos professores indígenas para a discussão da temática ambiental na comunidade e a recuperação de uma faixa da mata ciliar degradada.

 

 

METODOLOGIA:

Para a realização da pesquisa recorreu-se, primeiramente, a leituras e discussões sobre o papel da escola indígena na questão ambiental. Para a coleta de dados foi utilizada a observação participante onde todas as etapas da implementação do projeto denominado: “A recuperação das matas ciliares do Igarapé Lourdes”, foram acompanhadas. O projeto foi implementado por meio de reuniões com a comunidade, aulas teóricas e práticas e plantio de mudas com as turmas de 6º e 7º ano da escola.

RESULTADOS:

De julho a novembro de 2008 foram ministradas aulas sobre a importância de conservar a mata ciliar e as técnicas de recuperação das áreas já degradadas, neste mesmo período aconteceram reuniões com a comunidade para conhecimento do projeto, discussão do assunto e orientação na preservação ambiental. No mês de fevereiro de 2009 foi realizado um plantio de cinqüenta mudas de diferentes espécies nativas pioneiras e secundárias doadas pela Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Ji-Paraná (SEMAGRI). O plantio foi feito por professores indígenas, não-indígenas, alunos e pessoas da comunidade. A área selecionada para o plantio foi o principal ponto de erosão do Rio Lourdes que foi desmatada devido ao avanço da pastagem. Este local encontra-se isolado por cerca e não compromete desenvolvimento das espécies plantadas. Para o plantio foram selecionadas espécies que produzem frutos atrativos à fauna local como o açaí, pupunha e Ingá. O plantio foi realizado aleatoriamente em média densidade intercalando-se as espécies de forma diversificada. A comunidade participou ativamente de todo o processo.

CONCLUSÃO:

A escola teve papel preponderante na implementação do trabalho de educação ambiental. O fato de o projeto ter partido dos professores indígenas contribuiu para um envolvimento efetivo dos alunos e dos demais membros da comunidade. A partir das observações, pode-se concluir que a escola indígena Xinepouabáh Gavião constitui-se num instrumento relevante de educação ambiental. Nas reuniões realizadas tanto os membros da comunidade quando os professores não indígenas opinaram e contribuíram com suas ações, representando, portanto, um espaço privilegiado de troca de saberes.

Palavras-chave: Escola indígena, Educação ambiental, Revitalização de matas ciliares.