61ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira
INDIANISMO: A FORMA MAIS REPRESENTATIVA DO NACIONALISMO LITERÁRIO BRASILEIRO
Alclézia Nóbrega da Silva 1
Paloma R. Silva Lima 1
Francisco de Assis N. de Brito 1
1. Universidade Federal de Roraima
INTRODUÇÃO:
Até meados do século XVIII, o Brasil apresentava um cenário de reprodução dos modelos difundidos na Europa, e essa cultura refletia em todos os setores, inclusive nas artes, de forma a não existir produção literária genuína. A chegada da Corte de D. João VI no Rio de Janeiro, em 1808, faz com que o país sofra uma série de transformações política e econômica, tais como: a abertura de portos, a criação da imprensa, fundação do Banco do Brasil, permissão para o livre exercício de toda espécie de indústria, entre outras, que visava possibilitar o funcionamento da administração do reino português no país. Com a proclamação da Independência, surge um sentimento de libertação dos moldes colonialista impostos ao povo. É nesse contexto que surge nas artes de modo geral uma nova estética, permeada de sentimentos e emoções, onde se busca o individualismo como forma de fugir dos conflitos da época. A proposta é de retornar ao passado, rejeitando os modelos clássicos, e utilizando as cores locais, procura-se criar uma identidade nacional, de caráter popular, valorizando nosso personagem mais representativo: o índio.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada durante a disciplina de Teoria da Literatura I, com o objetivo de analisar aspectos específicos de nossa literatura, no caso o indianismo. O tema foi escolhido devido à relevância diante da polêmica criada em torno da demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Utilizou-se como ferramenta a leitura de livros de teor histórico sobre a primeira fase do Romantismo brasileiro; além das obras O guarani, Iracema e Ubirajara, de José de Alencar, Suspiros poéticos e saudades de Gonçalves de Magalhães e análise de alguns textos poéticos de Gonçalves Dias, tais como, Canção do exílio, I-Juca pirama e Os timbiras. Após leitura e fichamento, realizou-se com à orientação do professor uma contraposição entre as idéias que os escritores da fase em questão difundiam, de forma a definir o índio como herói nacional.
RESULTADOS:
Fica evidente que as transformações ocorridas no mundo refletiram sobremaneira em nosso país. O exemplo da educação superior, a formação cultural tida como exemplar era a européia, o importado era chique em contraponto ao nacional que era considerado bárbaro. Com a família real veio um pouco de modernidade, como a imprensa, que contribui com a divulgação do novo padrão estético local, através do romance de folhetins, forma mais acessível de leitura, uma vez que no Brasil já havia público, como as mulheres e os recém formados no exterior e no país. O país se tornara independente e o tema central é a liberdade do indivíduo em relação ao poder dominante aristocrático. O sentimento patriótico deveria despertar no povo o interesse pelas nossas origens, de modo a unir-se em torno do novo sistema de governo. Na falta de um passado heróico de sucesso, a exemplo do fracasso de Tiradentes. Idealiza-se o índio como corajoso, belo, nobre consagrando-o como herói nacional símbolo de nossa independência social, política e principalmente literária, características estas encontradas nas obras de José de Alencar, escritor mais representativo desta fase literária.
CONCLUSÃO:
Passado quase dois séculos do movimento nacionalista intitulado Indianismo - primeira fase do romantismo brasileiro, pouca coisa restou da essência do movimento. Diariamente somos surpreendidos com o espaço que a cultura de outros países ganha dentro do Brasil de forma a dar continuidade ao paradigma reproduzível. São brasileiros que, sem ao menos saberem o porquê, se tornam adeptos do “fast food”, da melodia do filme da moda, contribuindo com a continuidade da cultura de importação e reprodução dos padrões de países intitulados de primeiro mundo. Quanto ao índio brasileiro que fora tido como herói, pouca importância lhes é atribuída, ou mesmo nenhuma. Mesmo diante da polêmica criada em torno da demarcação das áreas indígenas, grandes são as dúvidas quanto ao real interessado pela questão: a nação brasileira, os índios, ou os imperialistas.
Instituição de Fomento: Instituição de fomento: UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA/PROEG/PET-Letras.
Palavras-chave: Romantismo brasileiro, Indianismo, índio e literatura.