61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
PERFIL NUTRINIONAL DAS DONAS DE CASA DE COMUNIDADES RIBEIRINHAS DO MÉDIO SOLIMÕES – AMAZÔNIA
Kaliny de Souza Lira 1
Rodrigo Otávio Moretti-Pires 2
1. NESC-SOL/ISB/UFAM
2. CCS-DSP-UFSC
INTRODUÇÃO:

Os alimentos e a nutrição são considerados de fundamental importância para a saúde pública nas sociedades desenvolvidas e em desenvolvimento. A existência de doenças crônicas tem tomado uma dimensão maior nos últimos anos, tendo como resultado da deficiência de nutrientes essencias na dieta diária, observados comumente em adultos nos países industrializados e desenvolvidos. No contexto da chamada ‘transição epidemiológica’, as doenças infectocontagiosas reduzem sua importância em termos de perfil de morbimortalidade, enquanto as doenças cronico-degenerativas, como por exemplo a obesidade, tomam vulto. Em particular, problemas de saúde cujas raízes estão na nutrição insatisfatória, tais como obesidade merecem menção especial, principalmente quando tal ocorrência faz-se presente em uma população ribeirinha, escapando-lhes de seu contexto social, acompanhando os países em desenvolvimento, onde os padrões de vida de suas populações sofrem com as mudanças de industrialização e urbanização, causando alterações na dieta e no estilo de vida, contribuindo para ganho potencial de peso e obesidade, sendo uma ameaça para a saúde. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo, caracterizar qual o perfil e condições nutricionais dos moradores ribeirinhos do município de Coari (Am).

METODOLOGIA:
Estudo epidemiológico de corte tipo transversal, em amostra aleatorizada, nas etapas de ‘região’, ‘rio’, ‘comunidade’ e, por fim, o cluster amostral foi considerado a ‘residência’ em que todos os adultos foram entrevistados. Foi realizada randomização para cada etapa da amostragem, de forma que se configurou como amostra casual. Referindo-se a uma população total de 10.253 ribeirinhas, conforme o definido por Kish para levantamentos populacionais a amostra calculada foi de 200 ribeirinhas, atribuindo-se um erro de 5%. Amostra final, com 4% de não respondentes, foi de 210 sujeitos.de 11 comunidades ribeirinhas (selecionadas aleatoriamente) visitadas no período de 22 a 30 dezembro de 2008. Foi realizada avaliação nutricional, como os métodos antropométricos (IMC - Índice de Massa Corporal), utilizados pela fácil disponibilidade de equipamentos (balança calibrada e fita métrica), determinação simples e precisa e boa aceitação pelos indivíduos. Também foi avaliada a percepção das participantes sobre o consumo alimentar de produtos regionais e produtos industrializados e se variava a opção entre os sujeitos eutróficos, baixo peso ou de sobrepeso/obesidade. Para o tratamento estatístico utilizou-se ANOVA.
RESULTADOS:
Quanto a avaliação nutricional antropométrica, 33.33% das participantes apontaram para obesidade tipo II, (IMC maior que 30 Kg/m²), 14,28% para sobrepeso (IMC entre 25 a 24,99 Kg/m²), representando 47,61% do total da amostra, essa mesma porcentagem aplica-se as participantes com estado nutricional eutrófico, e apenas 4,76% coube as participantes com baixo peso. Com relação ao consumo de alimentos, não houve diferença estatística entre o consumo de alimentos regionais e industrializados relatado pelos sujeitos tendo como desfecho o perfil nutricional e as variáveis independentes “uso de alimentos regionais” e “uso de alimentos industrializados”, com um p<0,04. Foi reincidente nas falas das participantes que o consumo alimentar em suas residências é provido de alimentos naturais da região, como as frutas, peixes e caças, no entanto, o preparo desses alimentos nem sempre é oriundo de produtos naturais, ou seja, não industrializados, uma vez freqüentes nas falas das ribeirinhas a confecção de alimentos fritos, utilizando gordura industrializada (óleos), além do consumo de biscoitos, doces e refrigerantes, produtos de origem animais industrializado (frango de granja), tomados como preferência da maioria.
CONCLUSÃO:
Há necessidade de um monitoramento da situação nutricional dos ribeirinhos da Amazônia, assim como políticas públicas que se refiram a conscientização de métodos de alimentação saudável, estimulando a reeducação alimentar, não apenas das mães e donas de casa, mas de toda família, com vistas a reduzir a prevalência de obesidade nessa população.
Instituição de Fomento: FAPEAM
Palavras-chave: Nutrição, Obesidade, Ribeirinho.