61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 7. Meteorologia
ESTUDO DA VARIABILIDADE TEMPORAL DA PROFUNDIDADE ÓPTICA DO AEROSSOL OBTIDA COM O MODIS SOBRE A REGIÃO AMAZÔNICA
Vinícius Roggério da Rocha 1
Márcia Akemi Yamasoe 1
1. Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP
INTRODUÇÃO:

O Intergovernmental Panel on Climate Changes (IPCC) considerou o efeito do aerossol atmosférico como uma das principais fontes de incerteza nos prognósticos das mudanças globais, devido ao seu curto tempo de permanência na atmosfera e alta variabilidade espacial e temporal. Neste trabalho é realizado um estudo da variabilidade temporal da profundidade óptica do aerossol (AOD) e sua homogeneidade espacial, necessário para avaliar o impacto radiativo das partículas de aerossol de queimadas. O aerossol interage com a radiação solar, afetando a radiação utilizada na fotossíntese e fluxos turbulentos de calor latente e sensível. A região estudada é a amazônica, que possui uma época de seca com intensas queimadas, e foram escolhidas cinco localidades para o estudo, que possuem torres micrometeo-rológicas: Ilha do Bananal (TO), Reserva Biológica do Jaru (RO), São Gabriel da Cachoeira (AM), Manaus (AM) e Sinop (MT). Os dados foram obtidos a partir do sensor MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer), a bordo dos satélites Terra e Aqua, cujos valores da AOD possuem resolução espacial de 10x10 km, de 2000 a 2008.

METODOLOGIA:

Com o objetivo de estudar a variabilidade espacial da AOD no momento da passagem dos satélites, foram calculados valores médios em áreas que compreendessem círculos com raio de 10, 30 e 50 km centrados nas quatro localidades. Tomando-se o valor médio de AOD da área com o menor raio como referência, foram verificados os desvios absolutos para os valores de AOD das outras duas áreas e compará-los com o desvio padrão, para determinar a homogeneidade espacial dos valores de AOD.

Também foram feitos cálculos do valor médio da AOD para cada ano e localidade. O satélite Terra passa sobre a região de interesse no período da manhã e o Aqua passa no período da tarde. Visando estudar a variabilidade diurna, foram comparados os valores das passagens dos satélites nos dias que passavam pelos locais de estudo. Os sítios apresentam um ciclo anual contando com um período de altos valores de profundidade óptica. A duração desse período foi estimada visualmente, ano a ano, para cada sítio, com o auxílio de médias móveis.

RESULTADOS:

Foi observado que a AOD variou pouco com o aumento da área, indicando que as camadas de aerossol são bastante misturadas. As flutuações nas médias anuais de AOD apresentaram comportamento semelhante nos sítios do arco do desmatamento, sendo que Manaus apresentou influências desse padrão em anos mais secos e São Gabriel da Cachoeira apresentou apenas valores baixos. O número de dias com AOD maior no período da tarde é consideravelmente maior, provavelmente pelas queimadas se darem principalmente à tarde. Os períodos de altos valores começam no fim da estação seca e terminam no início da estação chuvosa, sendo a duração estimada entre 69 e 79 dias para os sítios do arco do desflorestamento e Manaus apresentou altos valores somente em anos mais secos.

CONCLUSÃO:

Foi definida a variabilidade temporal da profundidade óptica do aerossol para o período de 2000 a 2008 na Amazônia. Os valores médios diários da profundidade óptica permitiram observar sua evolução ao longo de uma série anual, possibilitando observar padrões do seu comportamento e períodos com altos e baixos valores; as médias anuais revelaram o comportamento da profundidade óptica em sítios pertencentes ao arco do desmatamento e a influência em sítios mais distantes das regiões com maior número de queimadas; utilizando-se dois satélites, foi possível também definir a variabilidade diurna. Os sítios nos quais foi realizado o estudo são representativos de diferentes biomas e possuem torres micrometeorológicas, possibilitando variados estudos utilizando a base de dados gerada para esse estudo. O próximo passo nos estudos é o de analisar as propriedades de nuvens em função da profundidade óptica do aerossol.

Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: profundidade óptica do aerossol, queimadas na Amazônia, sensoriamento remoto da atmosfera.