61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 4. Parasitologia Geral
PERCENTUAL DE NEMATÓIDES PARASITANDO O TRATO INTESTINAL DA ESPECIE DE PEIXE PSEUDAUCHENIPTERUS NODOSUS (BLOCH, 1794) CAPTURADO NO RIO PARACAUARI (ILHA DE MARAJÓ-PA).  
João Paulo Gomes de Carvalho 1
Luiz Alberto Gavino Furtado Filho 1
Marcial Lobo da Paixão Neto 1
Valquiane Pereira Serra 1
Camila Fernandes Teran 1
Gyanne do Socorro Pereira de Lima 1
1. Universidade do Estado do Pará
INTRODUÇÃO:
Os nematóides são parasitos de organismos aquáticos como peixes, mamíferos marinhos e aves piscívoras. No Brasil, a maioria dos estudos é de registros taxonômicos. Estudar os parasitas de peixes pode-se ter em mente vários objetivos a serem atingidos, destacando-se aqueles que compreendem os estudos sistemáticos, ecológicos, profiláticos, ciclo de vida, entre outros (Eiras et al , 2002). O peixe Carataí (Pseudauchenipterus nodosus) (BLOCH, 1794) é uma espécie que habita regiões estuarinas de baixa salinidade (1.5-2.3 ppm), com pH 6.5-8.0, e temperatura de 20-28°C, ocorre em rios pertencentes a quatro países da América do Sul: Venezuela, Bolívia, Guiana Francesa e Brasil. São pertencentes à classe Actinopterygii da ordem dos Siluriformes, da família Auchenipteridae e medem até 22 cm de comprimento (FERREIRA, 2003). Sua dieta é composta por anelídeos, artrópodes, moluscos e peixes. É uma espécie bastante apreciada pelos ribeirinhos da região do Marajó – PA. O presente trabalho visa estudar a sanidade do peixe Carataí, espécie muito presente nas pescarias de subsistência da comunidade ribeirinha do rio Paracauari, no Marajó, bem como sua nematofauna, considerando-se que a espécie é de extrema importância social, econômica e ecológica para a região.
METODOLOGIA:
No período de fevereiro a julho de 2008, foram necropsiados 24 espécimes de Pseudauchenipterus nodosus capturados no Rio Paracauari (00º 43’ 26.6”S e 48º 32’ 0,5.3”W) nas proximidades dos municípios de Salvaterra e Soure, Ilha de Marajó – PA. As capturas foram feitas através de rede de espera com malha 25 mm entrenós e pescarias com linhas de 0,35 e 0,40mm e anzol nº5 e nº 9. A rede foi disposta longitudinalmente durante 1h30min e posteriormente recolhida. Também foram realizadas pescarias com as linhas e anzóis. Os pescados foram colocados individualmente em sacos plásticos contendo dados da coleta e armazenados em caixas isotérmicas contendo gelo e então transportados para o laboratório multidisciplinar da UEPA- Campus de Salvaterra, onde foram pesados e medidos, os dados eram registrados em uma ficha de necropsia. Os exemplares então eram submetidos a uma incisão vertical a partir do ânus para a retirada do trato digestivo para extração dos parasitos que eram fixados em formol a 4% seguindo as determinações de AMATO et al., 1991 e EIRAS, 1994. Para a necropsia e análises usou-se material cirúrgico e esteriomicroscópio. Prevalência, abundância e intensidade média estão de acordo com BUSH et al. (1997). Os dados estatísticos foram calculados no Bioestat 5.0.
RESULTADOS:
Os dados morfométricos dos 24 exemplares do peixe Carataí capturados para esta pesquisa, representou a média de 15,9cm de comprimento e 48,7g de peso. Entre o total capturado 14 estavam infestados por nematóides, totalizando 34 parasitas, sendo que, na relação parasito-hospedeiro obtiveram-se os seguintes parâmetros numéricos: 1,41 de abundância e 5,83% de prevalência de infestação. Os nematóides foram encontrados num percentual de 47% no estomago e 53% no intestino, localizados na proporção de 14,7% intestino anterior, 14,7% no intestino médio e 23,5% no intestino posterior. Foram encontradas larvas em diferentes estágios larvais (L1, L2, L3, e L4) de nematóides e alguns ovos nos órgãos mencionados. Constatou-se a infestação de 100% de larvas e ovos nos exemplares capturados durante os meses de abril, maio e julho, essas estavam encapsuladas e livres em todos os órgãos analisados do pescado. Segundo EIRAS (1993) depois de atingir o estômago dos hospedeiros definitivos, os nematóides mudam para L4 que rapidamente se transformam no macho ou fêmeas adultas (Eiras, 1993). Desse modo percebe-se que o presente trabalho reforça as observações de Eiras (1993) obtidas através de estudos sobre o ciclo de vida de nematóides.
CONCLUSÃO:
Em relação aos resultados quantitativos, esses se mostraram moderadamente baixos basicamente pelo pequeno numero de coletas. De qualquer forma, foi-se observada uma tendência, que pela literatura pertinente é factível e que biologicamente corrobora afirmações de outros autores. As informações contidas no presente trabalho ressaltam não apenas a importância de estudos mais aprofundados acerca de tais resultados, mas também da interpretação de alguns fatores biológicos que venham a explicar condições que propiciam as informações aqui presentes, de modo a prover um maior conhecimento das características biológicas (hospedeiro, ciclo, sazonalidade) e morfológicas dos parasitos de importância na saúde pública, bem como estudos taxonômicos das espécies para permitir uma correta identificação por parte dos órgãos de saúde.
Palavras-chave: Pseudauchinipterus nodosus, parasitologia, nematóides.