61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
O EMPREGO DE ATIVIDADES EXPERIMENTAIS DE BIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO
Thália do Socorro Serra Gama 1
Altem Nascimento Pontes 1
Caio Renan Goes Serrão 1
Diellem Cristina Paiva dos Santos 1
Sarah Suely Alves Batalha 1
1. Universidade do Estado do Pará/ UEPA
INTRODUÇÃO:
Na década de 70, inicia-se um movimento pró-experimentação no ensino de biologia liderado por pesquisadores educacionais, apontando para a importância de se inter-relacionar teoria e prática. Esse movimento deu início a um processo de resgate da prática da apresentação de demonstrações experimentais em ciências em sala de aula (GASPAR, 2005). A ausência de experimentação é uma crítica constantemente dirigida ao ensino de ciências nas escolas de níveis Fundamental e Médio, mesmo tendo como argumento o pressuposto de que a experimentação contribui para uma melhor qualidade do ensino (AXT, 1991). Os professores costumam relatar que o ensino experimental é importante para melhorar o processo de ensino-aprendizagem, mas sempre salientam a carência de materiais, número elevado de alunos por turma e carga horária muito pequena em relação ao extenso conteúdo que é exigido nas escolas (Silva e Zanon, 2000). Além disso, a própria formação do professor contribui para que muitas vezes o mesmo se limite apenas a sala de aula. Diante disso, esta pesquisa teve como objetivo fazer um levantamento sobre o uso de atividades experimentais, em laboratório, utilizadas por professores de biologia das escolas pública do ensino médio da cidade de Belém, capital do estado do Pará.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada nos meses de novembro e dezembro de 2007, em escolas públicas de ensino médio, pertencentes aos 15 pólos da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), que contemplam todas as escolas da rede estadual de ensino da cidade de Belém, com exceção da região das Ilhas. Em cada pólo foram eleitas pelo menos 50% de escolas a serem pesquisadas, num total de 29. Para coleta de dados, foram consultados 29 professores e 87 alunos das respectivas escolas. Utilizamos como instrumento de pesquisa dois questionários: um direcionado aos professores e outro aos alunos. Os professores e alunos responderam sobre o uso de atividades experimentais, em laboratório, nas aulas de biologia, como complemento do conteúdo ministrado em sala de aula. Na análise dos resultados provenientes da coleta de dados, utilizamos o método de pesquisa quantitativo. E para a tabulação de dados foi utilizado o software específico para quantificar as informações obtidas. Em seguida, produzimos gráficos para análise e discussão dos resultados.
RESULTADOS:
No primeiro ano do Ensino Médio, 82,55% dos alunos afirmam que seu professor não faz uso de experimentos, enquanto que 17,26% realizam a atividade como complemento ao que é ministrado em sala de aula. No segundo ano, 86,19% não tiveram qualquer atividade experimental ao longo do ano letivo, e apenas 27,58% afirmaram o contrário. Ao analisarmos os dados obtidos pelos questionários aplicados aos alunos do terceiro ano, percebemos um quadro diferente das séries anteriores, 44,82% relataram que seus professores realizam atividades experimentais, o que faz com que o número de alunos que não tiveram este contato seja de 55,16%. A média de alunos das três séries do nível médio, que tiveram aulas experimentais foi de 22,27%. Ao compararmos as respostas dos alunos e professores, evidenciamos que estes realmente não fazem uso desse recurso, visto que 79,29% dos docentes informaram não praticar nenhuma atividade experimental. Alguns professores justificam não possuir espaços apropriados para a execução de tais atividades e muitas escolas salientam a carência de materiais. Desse modo a experimentação é escassa no ensino da biologia, fator que colabora para tornar o aprendizado conteudista e condiciona o aluno a ficar fadado com aulas metódicas e tradicionais.
CONCLUSÃO:
Vivemos atualmente um momento em que educação pode representar crescimento econômico ou estagnação de nosso país. Desse modo, cabe ao professor encaminhar um processo de ensino significativo e prazeroso, onde atividades práticas passem a representar um importante elemento para a compreensão ativa de conceitos e o aluno passe a entender a ciência como construção histórica e de saber prático, sem levar em consideração um ensino fundamentado na memorização de definições. Sendo assim, ao analisarmos os dados concluímos que a maioria dos professores afirma não utilizar efetivamente as atividades experimentais como facilitador do processo de ensino e aprendizagem. Ressalta-se que o ensino experimental não deve ser visto apenas como um instrumento a mais de motivação para o aluno, mas também, como um instrumento que propicie a construção e aprendizagem de conceitos e modelos científicos. Para que isso ocorra, é necessário, porém, que haja uma interação onde o aluno deixe de ser um agente passivo e passe a ter oportunidade de relacionar o que foi dito em sala de aula com o exposto nas atividades experimentais.
Instituição de Fomento: Universidade do Estado do Pará
Palavras-chave: Escolas Públicas, Ensino de Biologia, Experimentação em laboratório.