61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
RESGATE DA CULTURA ALIMENTAR NA REGIÃO DO PARANÁ DE PARINTINS
Adinã de Oliveira Matos 2
José Nestor de Paula Lourenço 1
Francisneide de Sousa Lourenço 2
1. Embrapa Amazonia Ocidental
2. Universidade do Estado do Amazonas-UEA
INTRODUÇÃO:

A importância da alimentação não se restringe ao aspecto nutricional. Entre outros fatores igualmente significativos está à cultura alimentar. A escolha dos alimentos, sua preparação e consumo estão relacionados com a identidade cultural – são fatores desenvolvidos ao longo do tempo, que distinguem um grupo social do outro e estão intimamente relacionados com a história, o ambiente e as exigências específicas impostas ao grupo social pela vida do dia-a-dia. Cada sociedade estabelece um conjunto de práticas alimentares, consolidada ao longo do tempo. Essas práticas expressam diferentes culturas alimentares – algumas ligadas ao que é tradicional e outras ao que é inovador. As tradições alimentares peculiares de cada grupo social têm importância no seu auto-reconhecimento e auto-estima, expressando ou afirmando determinado valor. Nas Américas, as diferentes expressões de culturas alimentares estão fortemente relacionadas às populações que para cá se deslocaram, trazendo hábitos, necessidades, uma variedade muito grande de alimentos e temperos e, também, preferências, prescrições e interdições. As influências dessas populações que chegavam a esses novos continentes eram mais do que meras contribuições, que se somavam a uma cultura consolidada.

METODOLOGIA:
Realizou-se uma reunião de sensibilização, junto à comunidade escolhida, onde foi apresentada a proposta do projeto para aprovação por partes dos comunitários, em forma de ata de reunião. De maneira dinâmica foi elaborado o levantamento quantitativo dos produtos e subprodutos alimentares que são consumidos e aqueles que deixaram de fazer parte da culinária ribeirinha. Será feita uma lista de espécies, e de que forma são gerados (nomes vulgares, variações e tipos), onde estão distribuídos geograficamente dentro das comunidades, verificando a questão do transporte; em seguida haverá uma caminhada transversal com comunitários, que possuem um bom conhecimento da área, e os membros do projeto irão anotar, perguntar, ouvir e aprender. Será necessário a construção de um calendário sazonal, para saber quando poderá ser realizado tarefas ou ainda descobrir a maior e menor disponibilidade de recursos, em seguida será feito o dimensionamento da capacidade auto-alimentação da comunidade, por intermédio de um relatório básico.     
RESULTADOS:

Através da oficina participativa e a tabulação dos dados das entrevistas, pode-se analisar que 90% dos comunitários afirmaram terem deixado de preparar e conservar, inúmeros alimentos feitos no passado pelos seus pais e avos, muitos asseguram que esses alimentos eram criados por causa da grande riqueza de pescado que havia nessa região de várzea. Atualmente muitos interioranos necessitam da compra de alimentos na área urbana, para complementarem as suas refeições, mas a maioria ainda utiliza de suas plantações, pequenas criações e a pesca a principal obtenção de alimentos para seus familiares e ressaltam a grande vontade de fazer as receitas alimentares que foram deixadas no passado. Observou-se que há uma grande variedade de alimentos provenientes de plantas de ciclo curto e a prática de meliponicultura é usada tanto para alimentação como para o comércio. Também alguns possuem a criação de gado, que lhe fornecem alimentos derivado do leite (queijo, coalhada e doce-de-leite), e carne.

CONCLUSÃO:

Embora da perda de várias culturas alimentares no decorrer dos tempos, a região detém inúmeros tipos de culinárias, e foi visível a variedade de alimentos que o povo da várzea possui, tanto nos sítios de produção, quintais e no Paraná. A preocupação de manter a riqueza que ainda resta, é observada em cada comunitário, e um dos vários princípios agroecologicos existente na região, é o grande respeito com a natureza, manejar sustentavelmente para garantir a segurança alimentar e nutricional as populações futuras.

Instituição de Fomento: FAPEAM
Palavras-chave: Cultura alimentar, Sustentabilidade, Parintins.