61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
EFEITO DA EXPLORAÇÃO FLORESTAL NAS POPULAÇÕES DE LOUROS (LAURACEAE) NA FAZENDA RIO CAPIM, PARAGOMINAS, PA
Adriana do Socorro Gomes de Melo 1
João Olegário Pereira de Carvalho 2
Josué Evandro Ribeiro Ferreira 3
1. Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
2. Embrapa Amazônia Oriental
3. Cikel Brasil Verde Madeiras Ltda.
INTRODUÇÃO:
O conhecimento sobre as florestas naturais é de grande importância, principalmente quando se trata de definir os métodos mais adequados para utilização de seus produtos. Entretanto, muitas espécies com potencial para exploração como, por exemplo, os louros (Lauraceae) ainda não são bem conhecidas. A família Lauraceae é de grande importância econômica, pois muitas de suas espécies são fornecedoras de madeira de excelente qualidade, como Sextonia rubra, de óleos aromáticos como Aniba roseadora, e outras substâncias utilizadas na indústria alimentar e medicinal, além de sua importância ecológica, devido a sua ampla distribuição tropical e subtropical. Sabe-se que a produção florestal é um setor importantíssimo da economia, que cada vez cresce mais, tanto na esfera nacional como na internacional. Diante disso é evidente a necessidade de avaliar os impactos que a exploração florestal ocasiona à vegetação remanescente, principalmente daquelas espécies menos conhecidas, como as da família Lauraceae, que é o principal objetivo do presente estudo. Os resultados vão possibilitar sugerir atividades mais adequadas ao manejo correto dessas espécies, visando a produção sustentável.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada em 108ha de floresta natural na Fazenda Rio Capim, da Cikel Brasil Verde Madeiras, no município de Paragominas, PA. Em 2003 foi realizada uma exploração florestal de impacto reduzido na área, seguindo as diretrizes estabelecidas no PMF da fazenda. Foram realizadas duas medições: em 2003, antes da exploração florestal e, em 2004, após a exploração. Todas as árvores com DAP≥10cm foram registradas. As medições foram realizadas em 36 parcelas permanentes (50m X 50m), estabelecidas, aleatoriamente na área, sendo: 12 parcelas nas amostras onde foram colhidos apenas os fustes comerciais (T1); 12 nas amostras onde, além dos fustes comerciais, foram colhidos os resíduos lenhosos com diâmetro superior a 10cm (T2); e 12 nas amostras de floresta não-explorada (T0). Os dados foram processados pelo programa Monitoramento de Florestas Tropicais – MFT, desenvolvido pela Embrapa Amazônia Oriental para avaliar dados do inventário contínuo, obtidos em parcelas permanentes. Avaliou-se a abundância, freqüência, dominância, IVI (Índice de Valor de Importância) e volume da população de louros (Lauraceae), antes e após a exploração.
RESULTADOS:
No inventário realizado nas duas ocasiões observou-se a ocorrência de 15 espécies e 5 gêneros de louros. Antes da colheita, foram registrados 79 indivíduos arbóreos de louros e após a colheita, 76. Ocorreu a morte de um indivíduo de Licaria sp. e um de Nectantra sp. por causas naturais, e um de Sextonia rubra, por danos de exploração. Houve uma redução total de 0,33 indiv.ha-1 após a exploração. As espécies mais abundantes foram Ocotea costulata (3,22 indivíduo.ha-1) e Ocotea glomerata (1,56 indivíduo.ha-1), e as menos abundantes foram Licaria sp. e Nectandra sp., que apresentaram um indivíduo, cada uma, antes da exploração, e nenhum após. Verificou-se, após a exploração uma redução de 0,33% na frequência total dos louros. Antes e após a exploração, Ocotea costulata foi a espécie mais frequente (3,00%), seguida por Ocotea glomerata (1,56%). A área basal total dos louros, aumentou 0,075 m².ha-1 após a exploração, devido ao incremento em diâmetro. Ocotea costulata foi a espécie com maior área basal (2,7377m².ha-1). O volume das espécies seguiu a mesma tendência da área basal. A espécie com maior volume foi Ocotea costulata (2,78m³.ha-1). A distribuição diamétrica das árvores de louros, em 2003 e 2004, apresentou a forma exponencial negativa ou “J” invertido.
CONCLUSÃO:
O efeito da exploração florestal de impacto reduzido não ocasionou grandes danos às árvores remanescentes das 15 espécies de louros (Lauraceae) encontradas na área. Houve uma redução de apenas 0,33 indivíduo.ha-1 e a freqüência dessas espécies na área também foi reduzida em apenas 0,33%. Entretanto, a área basal e, consequentemente, o volume das árvores aumentou após a exploração, devido ao incremento diamétrico. A curva exponencial negativa da distribuição diamétrica das espécies sugere que a comunidade de louros segue os padrões normais das florestas naturais tropicais. O volume da madeira das espécies de louros disponível na área poderia ser colhido no próximo corte, porém de poucos indivíduos, pois a abundância da população, de um modo geral, é baixa.
Instituição de Fomento: Embrapa Amazônia Oriental; UFRA; CNPq e CIKEL Brasil Verde Madeiras Ltda.
Palavras-chave: Exploração florestal, louros (Lauraceae), dinâmica florestal.