61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
TUBO DIGESTÓRIO GIGANTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA POR DESCOBERTA
Carlos Henrique Nascimento 1
Alessandra Evangelista 1
Maria Lucimar Nascimento 2
Maria de Fátima Mendes Acácio Bigi 3, 4
1. Secretaria Municipal de Educação – SEMED, Manaus - AM;
2. Especialista em Serviço Social - UFAM;
3. Doutora em Biologia - UNESP; Orientadora;
4. Doutor em Biologia – UFMG; Orientador.
INTRODUÇÃO:
David Ausubel, em 1963, propôs o conceito de aprendizagem significativa. Uma aprendizagem que respeite e conduza o aluno a imaginar-se como parte integrante desse novo conhecimento através de termos familiares a ele (LEMOS, 2006). Para que uma aprendizagem ocorra de forma significativa, exige que seja vista como a compreensão de significados, relacionando-se às experiências anteriores e vivências pessoais dos alunos. Ausubel define este conhecimento prévio como “conceito subsunçor”. Os subsunçores são estruturas de conhecimento específicos que podem ser mais ou menos abrangentes de acordo com a freqüência com que ocorre aprendizagem significativa, em conjunto com um dado subsunçor (AUSUBEL, 1980). Para haver aprendizagem significativa são necessárias duas condições: O aluno precisa ter uma disposição para aprender e o conteúdo escolar a ser aprendido tem que ser potencialmente significativo (PELIZZARI et al, 2002). A aprendizagem significativa pode ser por recepção e por descoberta (NUÑES; RIBEIRO, 2004). Na sala de aula, o conhecimento não é apenas transmitido pelo professor e aprendido pelos alunos. Ensinar e aprender com significado implica em interação, disputa, aceitação, rejeição, caminhos diversos, percepção das diferenças, busca constante de todos os envolvidos na ação de conhecer. A aprendizagem significativa segue um caminho que não é linear, mas uma trama de relações cognitivas e afetivas, estabelecidas pelos diferentes atores que dela participam (NETO, 2006).
METODOLOGIA:
A experiência aconteceu na Escola Municipal Themístocles Pinheiro Gadelha, Manaus-AM. Trinta alunos do período noturno. A atividade foi planejada para quatro etapas: 1ª) organização dos grupos e pesquisa teórica; 2ª) sistematização do conhecimento; 3ª) construção da maquete e 4ª) apresentação e encenação. Na primeira etapa, foram organizadas cinco equipes de estudos com seis membros. Inicialmente foi utilizado como organizador prévio o livro didático (VALLE, 2005) para leitura e discussão do conteúdo, considerando uma aprendizagem de conceitos. Na segunda etapa, foram discutidas as informações pesquisadas na internet e nos livros didáticos (ADOLFO; CROZETA; LAGO, 2005; AMABIS, 2002; FAVARETTO; MERCADANTE, 2003; LINHARES; GEWANDSZNAJDER, 2005). A terceira etapa da atividade: a construção da maquete. Optamos por usar TNT (sigla de Tecido Não Tecido) foram usados quatro metros de TNT vermelho para confecção dos lábios e boca e sessenta metros de TNT branco para a construção do tubo digestório de vinte e cinco metros de comprimento por quatro de largura. A quarta e última etapa foi a apresentação e encenação, ocorrendo tudo como planejado.
RESULTADOS:
Os alunos estavam desmotivados para o ensino e viam a atividade como um trabalho a mais. As dificuldades levantadas pela administração escolar se relacionavam especificamente a recursos financeiros. Na primeira etapa, as dificuldades observadas foram o receio de alguns alunos em realizar uma atividade que demandaria tempo, leitura e muita disposição. Na segunda etapa, Os alunos ainda estavam resistentes, pelo não hábito em leituras, essenciais para uma reconciliação integrativa. Após os estudos e discussões substituíram a resistência pelo entusiasmo. A terceira etapa, a montagem da maquete em sala de aula foi um problema porque teria que haver uma sala disponível durante um dia, o que prejudicaria as aulas dos outros turnos. A gestora da escola sugeriu que a atividade fosse apresentada na feira cultural. Levamos quase um dia para montagem e o tubo ocupou a sala inteira. Pedaços de jornais simulavam a saliva, cartazes identificavam os locais do canal alimentar (boca, faringe, esôfago, estômago, intestino e ânus) e os alunos eram identificados com cartazes dos órgãos acessórios da digestão (glândulas salivares, pâncreas, fígado e vesícula biliar). A quarta etapa, os alunos se posicionaram dentro do tubo para explicar as transformações bioquímicas que ocorriam no processo de digestão dos alimentos. Os convidados escolhiam entre ser um pão, bife ou margarina. A entrada era confeccionada de TNT vermelho para simbolizar os lábios e a saída possuía um elástico para simbolizar a musculatura anal.
CONCLUSÃO:
Considerando a atividade descrita neste trabalho e as perspectivas contemporâneas de ensino, onde uma aprendizagem por repetição de conceitos e recepção de conteúdos acabados praticada em nossas escolas não contempla uma proposta ativa de ensino e aprendizagem, mediada pelo professor que auxilia neste processo através de atividades e escolhas de materiais potencialmente significativos. O aluno nesta perspectiva necessita de participar ativamente do processo de construção de conhecimento em sala de aula, descobrindo a cada instante algo novo que posso assimilar ao vasto mundo de saberes. Nossa proposta se baseou neste sentido de contribuir para uma aprendizagem significativa por descoberta, experiência que nos fez crescer substancialmente no cotidiano didático-pedagógico de nosso ambiente escolar. Apesar dos convidados entrarem como nutrientes e saírem como fezes, todos aprovaram a contribuição para uma aprendizagem significativa por descoberta, onde o conteúdo não foi apresentado de forma acabada e sim ele foi sendo descoberto pelos alunos ao longo do processo de ensino e aprendizagem. Os alunos assimilaram os conceitos indispensáveis daquele tema e participaram ativamente da elaboração e execução de uma atividade diferenciada. A aprendizagem foi divertida e significativa para todos participantes.
Palavras-chave: Sistema digestório, estratégia de ensino, aprendizagem por descoberta.