61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
Determinação de carbono orgânico do solo pelos métodos via úmida e via seca e tratamento de resíduos gerados pelo método via úmida
Camila de Cássia Badini 1
Denis Rodrigues de Oliveira 2
Débora Regina Grandino 2
Carlos Eduardo Pellegrino Cerri 2
1. Universidade Metodista de Piracicaba/UNIMEP
2. Universidade de São Paulo campus "Luiz de Queiroz"/ESALQ/USP
INTRODUÇÃO:

Nos últimos anos estudos sobre quantificação de carbono orgânico (C org) no solo estão altamente em voga, visto que é um importante fator a se considerar em termos de alterações climáticas, bem como no seu papel na fertilidade do solo, refletindo em suas propriedades químicas, físicas e biológicas em diferentes culturas. Diversos métodos são empregados para quantificação do C org a fim de se inferir sobre o teor de matéria orgânica no solo. Sendo assim, este trabalho propõe um estudo comparativo entre dois métodos de determinação de C org por meio dos métodos via seca (MVS) e via úmida (MVU) para uso em rotina laboratorial e recomenda um tratamento alternativo para os resíduos contendo solução sulfocrômica gerados pelo MVU. O MVS se baseia na combustão do solo e por conseqüência na transformação do C org em CO2 que é detectado por infravermelho próximo. O MVU se fundamenta na oxidação do C org com dicromato de sódio ou potássio em meio ácido, implicando na redução dos íons Cr+6 em Cr+3.

METODOLOGIA:

Amostras de solo foram selecionadas de modo a serem representativas quanto à quantidade de C org presente em sua composição, resultando em um gradiente de concentração (de 0,35% a 2,14%). Para tal foram escolhidas amostras, anteriormente analisadas pelo MVU no Laboratório de Química e Fertilidade do Solo do Departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), Universidade de São Paulo (USP). Nessas mesmas amostras foram quantificados os teores de C pelo MVS através do analisador elementar modelo FlashEA 1112 HT. Compararam-se os resultados das análises obtidas através do MVU com os obtidos pelo MVS. Adicionalmente, foi proposto um tratamento de resíduos gerados pela análise de C org por via úmida e verificou-se sua aplicabilidade na rotina laboratorial. Após a obtenção dos resultados, o tratamento dos respectivos foram plotados em gráficos comparativos para uma melhor visualização. Por último realizou-se uma discussão geral sobre os principais resultados obtidos.

RESULTADOS:

Verificou-se que o MVS não gera resíduos danosos ao meio ambiente, porém possui alto valor de investimento já que o aparelho capaz de realizar tais análises é de custo elevado para a realidade da maioria dos laboratórios do Brasil e outro fator a se considerar é o tempo da leitura de cada amostra (em média 12 minutos, porém determina também os teores de N e S). O MVU se mostrou viável economicamente para a rotina laboratorial, já que não requer investimentos altos quanto a equipamentos. Em relação aos reagentes empregados apresenta duas problemáticas: grande quantidade de reagentes relativamente tóxicos como o dicromato de sódio/potássio e ácido sulfúrico; a quantidade de resíduos gerados é elevada e sua destinação é inadequada, causando impactos ambientais decorrentes do descarte indevido. Observou-se através do gráfico que a quantificação pelos dois métodos foram similares (coeficiente de correlação = 0.98; diferença média = -0,02; coeficiente de massa residual = -0,01). O tratamento dos resíduos gerados consiste na redução do Cr+6 a Cr+3 pela adição de metabissulfito de sódio e em sua precipitação através do acréscimo de hidróxido de sódio, se apresentou como uma alternativa possível para a mitigação do dano ambiental causado, sendo implantado no laboratório de rotina.

CONCLUSÃO:

Conclui-se que os laboratórios precisam se adequar quanto às necessidades ambientais em questão no momento. Para isso é preciso adotar metodologias analíticas que agreguem baixo custo econômico e diminuam os impactos ambientais. Dentro desse contexto, o trabalho apresentou alternativas possíveis para laboratórios de diferentes realidades econômicas. O MVS apresenta-se como uma ótima alternativa quanto à geração de resíduos, já que essa é praticamente nula, em contrapartida os equipamentos necessários para sua execução são de alto custo. Já o MVU se apresenta como única possibilidade para grande parte dos laboratórios, pois não são necessários altos investimentos quanto a equipamentos, mão de obra e os reagentes são relativamente baratos. Considerando essa situação, o tratamento dos resíduos gerados pelo MVU torna-se uma alternativa viável para mitigar o impacto causado pelo descarte dos resíduos de crômio no ambiente.

Instituição de Fomento: Universidade de São Paulo – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
Palavras-chave: Matéria orgânica, quantificação, comparação.