61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 1. Silvicultura
ANÁLISE ERGONÔMICA DE UM VIVEIRO DE PRODUÇÃO DE MUDAS FLORESTAIS.
Richardson Barbosa Gomes da Silva 1
Magali Ribeiro da Silva 1
Danilo Simões 1
1. Departamento de Recursos Naturais, Faculdade de Ciências Agronômicas, FCA/UNESP
INTRODUÇÃO:
O interesse por estudos de ergonomia tem se intensificado nos últimos anos devido à ênfase atual nos riscos existentes no trabalho e o interesse por maior rendimento operacional das atividades de produção. Diante disso, torna-se fundamental a adaptação do ambiente, das ferramentas e das máquinas às condições de seus operadores. No entanto, há escassez de informações que possam ser úteis para o planejamento ou para a análise ergonômica dos viveiros de mudas florestais. Dessa forma, o presente trabalho objetivou analisar a adequação ergonômica das estruturas e níveis de luminosidade presentes em um viveiro de produção de mudas florestais.
METODOLOGIA:
O experimento foi conduzido no viveiro florestal da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP, Botucatu, SP. A população de estudo foi composta por 13 trabalhadores, correspondente ao total do viveiro. Os dados coletados referiram-se a aspectos relacionados às medidas de todos e aos fatores ambientais. No primeiro aspecto, a altura dos trabalhadores foi medida com auxílio de uma trena métrica. Foi utilizado o software Antroprojeto, desenvolvido pela UFJF, com o propósito de se obter as estimativas das variáveis altura do cotovelo ao chão e largura bideltóide. Os dados foram analisados através do cálculo de percentis. Para se obter as dimensões das bancadas do viveiro, com a utilização de uma trena métrica, foram realizadas mensurações das bancadas do laboratório, do barracão de serviços gerais, da casa de vegetação, da casa de sombra, do canteiro a pleno sol, do mini jardim clonal, da estufa e da mesa para enchimento de tubetes com substrato. Para a avaliação da luminosidade em ambientes internos e externos foi utilizado um luxímetro digital com fotocélula, modelo LD-510. As leituras foram realizadas com intervalo de 2 horas, iniciando-se às 9 h com término às 17 h. O aparelho foi posicionado num plano horizontal em cada ambiente do viveiro, obtendo-se a leitura em lux.
RESULTADOS:
A altura recomendada para as bancadas, para o percentil 5%, foi de 100,6 cm. Com isso, constatou-se que as alturas de todas as bancadas avaliadas no viveiro foram inferiores a esse valor e se mantiveram em média 11,2 cm abaixo do recomendado, com exceção da estufa em que a altura da bancada ficou 85,5 cm abaixo da medida aconselhada. Com relação à distância entre as bancadas, no percentil 95%, a medida recomendada foi de 45,4 cm, obtida a partir da variável largura bideltóide dos trabalhadores. Desse modo, constatou-se que, com exceção da estufa, todas as medidas entre as bancadas estavam adequadas às atividades de produção de mudas, permitindo o livre caminhamento entre elas. Os níveis de luminosidade encontrados no barracão de serviços foram adequados, segundo a norma da ABNT NBR 5413, durante toda a jornada de trabalho. Já para o laboratório, a inadequação só foi verificada às 9 h da manhã. Nos ambientes externos, os resultados de luminosidade foram crescentes até as 13 h, quando atingiram valores máximos, sofrendo declínio mais acentuado até as 15 h. Os trabalhadores que atuam nos canteiros a pleno sol estão sujeitos à luminosidade de até 95.200 lux nas horas mais quentes do dia, o que pode levá-los à fadiga visual, conforme Alves (2001).
CONCLUSÃO:
A avaliação ergonômica constatou que: 1. As alturas de todas as bancadas se apresentaram fora dos limites recomendados para o percentil 5%; 2. Todos os espaços entre as bancadas avaliadas, exceto na estufa, mostraram-se dentro dos limites recomendados para o desenvolvimento das atividades de produção de mudas; 3. A luminosidade obtida no laboratório às 9 horas da manhã e nos ambientes externos nas horas mais quentes do dia mostrou-se inapropriada para as condições de trabalho analisadas; 4. Sugere-se uma readequação das dimensões das bancadas em função das medidas antropométricas dos trabalhadores avaliados.
Palavras-chave: viveiro florestal, ergonomia, antropometria.