61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
DISTRIBUIÇÃO DA ERVA-DE-PASSARINHO PSITTACANTHUS PLAGIOPHYLLUS Eich (LORANTHACEAE) EM UMA SAVANA DA AMAZÔNIA ORIENTAL: PADRÕES E PROCESSOS
Danielly Caroline Miléo Gonçalves 1, 2
Rodrigo Ferreira Fadini 3
Rúbia Patrícia Fernandes Reis 2
1. Universidade Federal Rural da Amazônia
2. Universidade Federal do Pará
3. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
INTRODUÇÃO:
As ervas-de-passarinho são plantas hemiparasitas que permitem vantagens para o estudo integrado dos padrões de distribuição de plantas e dos processos responsáveis por estes padrões. Elas possuem um forte padrão espacial entre seus hospedeiros, além de propágulos grandes, que facilitam a localização em campo e permitem uma manipulação experimental relativamente fácil. Na savana localizada próxima à vila de Alter-do-Chão, PA, o sistema formado pela erva-de-passarinho Psittacanthus plagiophyllus Eich. (Loranthaceae) e seu único hospedeiro local, o cajueiro Anacardium occidentale (Anacardiaceae), propicia um estudo integrado do padrão de distribuição e dos processos. Este estudo tem como objetivo descrever a distribuição da erva-de-passarinho em pequena escala espacial e entender como a chuva de sementes originada pelo seu dispersor, a ave Elaenia cristata (Tyrannidae), e a suscetibilidade do hospedeiro à infecção, podem explicar o padrão de distribuição desta erva.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na savana localizada na vila de Alter-do-Chão (2° 31’ S, 59° 00’W), município de Santarém, PA, Brasil. O clima da região é do tipo tropical quente e úmido, com pluviosidade anual variando em 2000 mm por ano e temperatura média de 26°C. A área de 4,5 ha (150 x 300 m) foi dividida em sub-parcelas menores de 10 x 30 m, demarcadas por estacas de alumínio numeradas. Todos os cajueiros (Anacardium occidentale, Anacardiaceae) maiores ou iguais a um metro de altura foram marcados com plaquetas de alumínio entre os meses de Agosto e Setembro de 2006. Para os hospedeiros parasitados, as ervas-de-passarinho foram classificadas de acordo com o se estádio de desenvolvimento. Também foi checado o número de sementes aderidas aos galhos do hospedeiro. Para investigar se a presença ou não de infecção e seu tamanho poderiam influenciar a sobrevivência e germinação de P. plagiophyllus, foram selecionados aleatoriamente 36 cajueiros previamente marcados dentro da parcela. Os cajueiros com 1 a 2 m de diâmetro de copa foram considerados pequenos e maiores de 2 m considerados grandes. Foram coletados frutos de P. plagiophylllus e inoculados nos hospedeiros selecionados. As sementes foram checadas após 3, 6 e 9 meses.
RESULTADOS:
Foram registrados 118 cajueiros com altura em média 3,4 m e com diâmetro de copa em média de 2,54 m, mas apenas o diâmetro de copa foi utilizado nas análises. Mais de 55% da população de hospedeiros é formada por árvores com até 2 m de diâmetro de copa. Trinta e sete por cento dos cajueiros possuem pelo menos uma infecção de P. plagiophyllus. Entre os cajueiros infectados, o número de infecções variou de 1 a 61 por hospedeiro, com distribuição altamente agregada.. A proporção de cajueiros infectados aumentou com o diâmetro da copa, sendo que cajueiros infectados são 2,9 vezes maiores que os cajueiros não infectados. Em relação à chuva de sementes observada, trinta cajueiros receberam sementes, sendo 70% já estavam infectados. O número de sementes variou de 1 a 14, com 60% dos cajueiros recebendo apenas uma semente. Cajueiros não infectados que receberam sementes apresentam diâmetros de copa, em média, 1,7 vezes maiores que cajueiros não infectados e que não receberam sementes. No experimento de inoculação de sementes nos hospedeiros, a proporção de sementes sobreviventes não foi afetada por qualquer das variáveis medidas. Entre as sementes inoculadas, aproximadamente 7% germinaram até o nono mês, sendo que a maioria das plântulas germinou em hospedeiros pequenos e não infectados.
CONCLUSÃO:
A distribuição da erva-de-passarinho P. plagiophyllus em seu hospedeiro Anacardium occidentale segue um padrão agregado, onde poucos hospedeiros apresentam muitas de ervas-de-passarinho, enquanto a maioria dos hospedeiros possui pouca ou nenhuma infecção. Hospedeiros maiores têm maior possibilidade de estarem infectados, além do número de infecções aumentarem com o tamanho do hospedeiro. Nenhuma característica relacionada ao hospedeiro (tamanho e status de infecção) influenciou na sobrevivência e germinação das sementes, o que sugere que o padrão de distribuição agregado deve-se apenas ao comportamento das aves dispersoras.
Instituição de Fomento: CNPq – Edital Universal Proc. 479130/2006-0
Palavras-chave: transmissão de parasitas, dinâmica de populações, dispersão de sementes..