Do momento em que o Amazonas torna-se uma província segue-se o governo desta por vários líderes, que nomeados pela coroa real, partem de várias regiões do país, a fim de executar a missão de administrar esse território tão distinto do lugar de procedência de seus novos presidentes. Daí tem-se o ponto importante desse trabalho que é identificar as representações que os homens do império tinham em relação ao Amazonas. Tendo em vista que os objetivos destes eram fazer progredir esse território tal qual acontecia em outras aéreas do Brasil, sobretudo como aquelas ligadas à agricultura, o objetivo é identificar nas realizações e discursos políticos a representação que se tinha da natureza, da província, e de seus habitantes. Portanto, esperamos com este estudo contribuir para o movimento de renovação da historiografia sobre a Amazônia, além de demonstrar as transformações que o meio natural e os grupos humanos da região sofreram, promovendo assim o diálogo com o tempo presente.

Uma vez que o projeto trata de um tema relacionado aos presidentes da província amazonense, as fontes utilizadas nas pesquisas datam de 1852 a 1889, tempo em que o território foi governado por estes líderes. Os documentos utilizados foram os trinta e cinco relatórios que os presidentes escreviam no final de seus cargos, como também relatórios dos engenheiros nacionais anexados aos primeiros.  O eixo principal da pesquisa foi analisar as explorações nos rios, já que depois de conhecido parte do meio natural muitos foram os projetos para estruturação e melhorias econômicas na província. Foram também realizadas leituras, fichamentos e análise crítica das fontes por meio do conceito de representação.

Na análise das fontes percebe-se que para os presidentes, o melhor meio para prosperar a província era implantando a agricultura, devido à dificuldade na obtenção de alimentos e porque essa era no momento a forma mais propulsora na economia do país. Entretanto a província não tinha um grande contingente de pessoas para realização desse trabalho. Outro fato revela, no discurso dos relatórios, um impasse para os presidentes, é que muitos habitantes daqui não aderiam ao mesmo pensamento da prática agrícola. Em torno disso percebe-se uma conclusão equivocada dos homens do império em relação aos que aqui habitavam. Na verdade o costume desses habitantes era de retirar todo seu sustento da floresta e dos rios, prática que, para os presidentes pouco ajudaria em estabelecer uma economia bem estruturada.

Os presidentes procediam de regiões em que a agricultura tinha uma grande importância, como no nordeste e no sudeste. Isso pode explicar muitas atitudes que estes tiveram na administração do Amazonas, já que muitas vezes os mesmo métodos foram seguidos aqui, principalmente no projeto de implantação da agricultura. Esses métodos em contato com os costumes já existentes aqui deixaram em todo discurso político uma representação do Amazonas, constituindo as idéias de uma província que não era desenvolvida, que seus habitantes não se empenhavam nessa tarefa, enfim. O fato é que o Amazonas tinha suas características peculiares em relação a outras províncias, tanto que seu desenvolvimento não nasceu da agricultura, mas sim da criticada prática de se extrair o que havia na floresta. É fato também que no governo dos presidentes, havia toda uma representação do era o Amazonas para esses homens do império, e do que poderia ser.