61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
O FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR MODERNA COMO VIA DE DESENVOLVIMENTO PARA O CAMPO BRASILEIRO
Samara Ferreira Moraes 1
Leidiane de Oliveira Corrêa 1
Antônio Carlos Ribeiro Araújo Júnior 1
Jamille Ferreira Guimarães 1
Ilbson do Nascimento 1
Danusa Di Paula Nascimento da Rocha 1
1. Universidade Federal do Pará
INTRODUÇÃO:
A discussão aqui apresentada, parte da idéia de que o modelo agrícola aplicado ao campo brasileiro beneficia, historicamente, os grandes produtores em detrimento dos pequenos produtores, assim como a exportação em detrimento do abastecimento interno do país. Essas “preferências”, que são construídas politicamente, explicam grande parte dos problemas de ordem socioambiental presentes atualmente no campo brasileiro. Apesar de pouco incentivados ou até mesmo enfraquecidos diante das regras do referido modelo, os pequenos produtores, vêem resistindo e se adequando, gradativamente, à lógica do mercado, subsistindo frente às dificuldades. Esse processo de adequação contribuiu para a formação de uma agricultura familiar altamente diversificada e de caráter multiforme, o que nos possibilita afirmar que a agricultura familiar não está fadada ao desaparecimento, mas se reestrutura de acordo com as transformações sociais, políticas e econômicas próprias de cada momento histórico. Neste sentido, o presente trabalho aponta a agricultura familiar moderna como um mecanismo de grande viabilidade para o desenvolvimento do campo brasileiro que precisa ser fortalecido, justamente, por apresentar condições para que os pequenos produtores também sejam vislumbrados na distribuição da riqueza do país.
METODOLOGIA:
A metodologia aplicada neste trabalho foi a pesquisa bibliográfica e documental, tendo em vista que grande parte das informações necessárias para a discussão da temática já haviam sido abordadas por importantes autores da Geografia Agrária, que nos forneceram grande parte da fundamentação teórica e metodológica necessárias para a realização do presente trabalho. Além da pesquisa documental e bibliográfica foram feitas observações em trabalho de campo a respeito da agricultura familiar, sobretudo, na região bragantina do estado do Pará, onde a prática da agricultura familiar de pequeno porte se evidencia. As observações empíricas foram realizadas a fim de relacionar as discussões de nível teórico com a prática cotidiana dos pequenos produtores rurais, e assim comprovar que estes vêem, historicamente, sofrendo com o descaso por parte do poder público, que direciona grande parte de seus incentivos para o agronegócio ainda que este, ao contrário da agricultura familiar, não abastece o mercado interno e gera inúmeros impactos socioambientais no campo brasileiro.
RESULTADOS:
Verificou-se que a grande maioria dos agricultores familiares sofre com a falta de incentivos por parte do governo, que direciona grande parte de seus incentivos para o agronegócio- causador de inúmeros problemas sócio ambientais- ainda que a agricultura familiar seja capaz de gerar renda para os trabalhadores rurais diminuindo, portanto, o êxodo rural e o conseqüente inchaço populacional dos centros urbanos, o que contribui em muito para o desenvolvimento sócio e econômico do campo brasileiro; ainda que a agricultura familiar incentive a policultura e o cultivo de produtos orgânicos, combatendo, em parte, a erosão genética e a insegurança alimentar, conformando-se como a mais viável ecologicamente; ainda que esta represente 70% do abastecimento interno do país em detrimento da exportação que só beneficia os “senhores” do agronegócio e os países desenvolvidos que compram nossos produtos agrícolas a preços irrisórios. Verificou-se ainda que a agricultura familiar necessite ser fortalecida, acreditando-se que esta pode contribuirá em muito para o desenvolvimento sócio e econômico e ambiental do campo brasileiro, desenvolvimento este que se fará sentir também no espaço urbano do país.
CONCLUSÃO:
Os reflexos das transformações sócio-espaciais ocorridas no campo brasileiro, que conforme apresentado teve por base o modelo agrário/agrícola produtivista desenvolvido no país, tem chamado cientistas e governos a refletirem a respeito da questão agrária brasileira, no sentido de dar respostas a problemas cada dia mais visível. Nesse contexto, a agricultura familiar salta aos olhos, pois através dos benefícios sociais, econômicos, ecológicos e culturais é capaz de dar significativas respostas, contrapondo-se ao modelo de agricultura patronal que gerou demasiada desigualdade social, concentração fundiária, miséria, problemas ambientais, insegurança alimentar, mudança de padrões culturais, entre outras implicações e apresentando-se desta vez politizada e moderna e com sólidas bases para proporcionar o desenvolvimento rural.
Instituição de Fomento: MEC-SESU/PET-GEOGRAFIA-UFPA
Palavras-chave: Agricultura familiar moderna, Campo, Desenvolvimento.