A ictiofauna bentônica desempenha importante papel ecológico nos ecossistemas aquáticos por serem consumidores de plâncton, participantes da decomposição da matéria orgânica, da ciclagem de nutrientes, além de ocupar importante posição na cadeia alimentar. Essas assembléias podem ser alteradas por mudanças nas condições do meio que podem ser temporárias ou permanentes. Mas, apesar de sua importância a ictiofauna bentônica nos lagos e rios da Amazônia tem sido alvo de poucos estudos. Uma correta avaliação dos impactos sobre esses organismos depende do conhecimento de sua ocorrência, distribuição e variabilidade ao longo do tempo. Neste contexto, ressalta-se a necessidade de estudo que caracterize a composição e estrutura das assembléias de peixes bentônicos nos lagos de várzea do rio Solimões, trecho Coari-Manaus, Amazonas.

O trabalho de campo foi iniciado no período de enchente (março) e cheia (julho) de 2007, este intervalo foi considerado como período de alagação, no lago Ananá situado a margem direita do rio Solimões. Foram realizados 5 arrastos com tempo estimado de 10 minutos cada, com rede de arrasto de fundo tipo “otter trawl”, com a finalidade de estimar a diversidade foi utilizado a diversidade específica de Shannon-Wiener, e a diversidade estimada pelo inversa da dominância de Berger-Parker e a equitabilidade (índice da igualdade) sendo um dos componentes do índice de Shannon que representa a uniformidade do número de exemplares entre as espécies, quanto mais próximo de 1 mais uniforme está os exemplares entre as espécies. Para quantificar a produtividade em biomassa utilizou-se a captura por unidade de área (CPUAp) sendo a unidade gramas/arrasto.

A ictiofauna bentônica coletada no lago Ananá tem predominância de Plagioscion squamossissimus (Perciformes) e Pimelodina flavipinis (Siluriformes). Em termo de abundância de exemplares os resultados são diferentes, daqueles encontrados em estudo realizado em um lago de água preta chamado Prato, no período de alagação, no arquipélago de Anavilhanas. Onde Hypoththalmus marginatus (10,3% na enchente e 47,3% na cheia) (Siluriformes) e Sternarchogiton porcium (59,7% na enchente e 15,4% na cheia) (Gymnotiformes) foram dominantes. Por outro lado, considerando o número de espécies por ordem, os dados são similares, sendo Siluriformes e Gymnotiformes as ordens mais abundantes.