61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências
IDENTIFICAÇÃO DE PONTOS CRÍTICOS DE POLUIÇÃO NA BACIA DO TARUMÃ-AÇU
Maria do Socorro Rocha da Silva 1
Domitila Pascoaloto 1
Antônia Gomes Neta Pinto 1
Sérgio Roberto Bulcão Bringel 1
Sebastião Atila Fonseca Miranda. 1
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
INTRODUÇÃO:

A bacia do Tarumã Açu é mista, com parte da área localizada na área urbana e outra parte na área rural. Em alguns locais ainda existe rica fauna aquática, alguns animais silvestres e cobertura vegetal significativa, além de algumas nascentes protegidas. Porém, na área urbana, já se observam alguns trechos de igarapés impactados. Dentre os locais mais impactados, podemos citar a microbacia do Bolívia, que apresenta suas nascentes naturais e grandes trechos dos igarapés com suas águas contaminadas. Estudos nas décadas de 80 e 90, em igarapés da bacia do Tarumã Açu, mostraram que esses ambientes são de água clara e preta, com características físicas e químicas de ambientes naturais da região. No entanto, no trecho próximo à ponte da Bolívia, já se observa indícios de contaminação. Em estudos mais recentes, de 2005 a 2007, foi observado que outros igarapés apresentam, também, alterações nas características acima mencionadas. O presente trabalho visou identificar os pontos críticos de impactos na bacia do Tarumã Açu, como forma de alertar tanto a população quanto os órgãos ambientais sobre a situação dos igarapés.

METODOLOGIA:

A bacia do Tarumã-Açu está localizada entre os paralelos 20º 11' 50" e 3º 03' 13"S e meridianos  59º 55' 08" e 60º 06' 21"W, fazendo limite com as bacias do Tarumã-Mirim e do São Raimundo em Manaus, e com a do Rio Preto da Eva. Por ter alguns igarapés em área urbana, a bacia do Tarumã-Açu possui tanto ambientes preservados como ambientes com graus de degradação variando de média a forte.  Para realização deste estudo foram feitas coletas no período de setembro de 2006 a novembro de 2007, em 27 sítios de amostragens, incluindo tanto ambientes naturais quanto impactados. Procurou-se realizar coletas nos diferentes períodos hidrológicos. Foram avaliadas, em todos os sítios amostrais, as variáveis ambientais pH, condutividade, nitrato (NO3-), íon amônio (NH4+), demanda química de oxigênio (DQO), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), oxigênio dissolvido (OD) e os metais (zinco, chumbo, manganês, cobalto e cobre), utilizando técnicas de padrão internacional. Nos locais mais sujeitos a impactos iminentes também foram incluídas análises de coliformes totais e termotolerantes.

RESULTADOS:

As águas analisadas mostraram pH variando de ácido (4,6) a alcalino neutro (7,3) nos trechos de maior densidade populacional, nos quais também a condutividade elétrica foi mais elevada (68 e 197 µS/cm). A bacia do Tarumã apresenta um trecho bastante aerado (média 7,5mg/L), próximo da Br-174, e outro já mostrando uma diminuição no teor de oxigênio (valor mínimo 1,62 mg/L). Nos locais mais afastados da área urbana, os valores de OD ( > 5,0 mg/L), DBO (< 2 mg/L) e DQO (em torno de 30 a 40 mg/L) encontram-se dentro dos padrões esperados para ambientes naturais. Na área urbana os teores de cor e turbidez indicam um forte impacto (cor entre 138,78 e 345,17 mg de Pt/L; turbidez entre 45,43 e 49,83 FTU), a concentração mais elevada do íon amônio (1,4 mg/L) nesses locais confirma a contaminação de origem orgânica, devido à entrada de efluentes domésticos, visto que nessa área existe maior densidade populacional. O alto valor de coliformes termotolerantes (23000 NMP/100 mL) observado  em algumas áreas de balneário indicam contaminação orgânica, cuja causa deve ser investigada.  Os teores dos metais avaliados foram característicos de ambientes naturais da região.

CONCLUSÃO:

Os resultados obtidos indicam que a maioria dos igarapés da bacia do Tarumã, localizados em área rural, mantém características típicas de rios de água preta, que refletem a geologia da região, cujas águas são ácidas, pouco mineralizadas e bastante aeradas. Já na parte mais próxima à área urbana, observam-se sinais de degradação, sobretudo em relação ao aumento do teor do íon amônio e das bactérias do grupo coliforme, indicando entrada de matéria orgânica e transformando um ambiente oxidado em redutor, com teor reduzido de oxigênio. Os resultados confirmaram a necessidade de ações urgentes pelos órgãos de gestão competentes.  

Instituição de Fomento: SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL/AM
Palavras-chave: Bacia Hidrográfica, Contaminação Hídrica, Igarapés de Manaus.