61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
FLORA DE PALMEIRAS DO PARQUE AMBIENTAL CHICO MENDES, RIO BRANCO, ACRE, BRASIL
Simone Pereira da Silva 1, 3
Lucélia Rodrigues Santos 1, 3
Ednéia Araújo dos Santos 1, 3
Evandro José Linhares Ferreira 2, 3
José de Ribamar Bandeira 2, 3
1. Graduanda em Engenharia Florestal
2. Núcleo de Pesquisas no Acre do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA
3. Herbário do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre-UFAC
INTRODUÇÃO:

As palmeiras estão entre as plantas mais abundantes nas regiões tropicais, especialmente nas proximidades do equador. No mundo, existem cerca de 200 gêneros e 2000 espécies de palmeiras, sendo que 40 gêneros e aproximadamente 250 espécies ocorrem no Brasil. Na Amazônia já foram encontrados 32 gêneros e pouco mais de 230 espécies. No Acre, ocorrem 26 gêneros e 76 espécies. As palmeiras adaptam-se facilmente em diversos ambientes, incluindo áreas de terra firme ou periodicamente inundadas, em florestas, savanas, áreas degradadas e mesmo desertos. Economicamente, são exploradas ou cultivadas para a produção de óleos, ceras, fibras e alimentação humana. O Parque Ambiental Chico Mendes, criado em julho de 1996 para conservar amostras da flora e fauna regionais, se caracteriza visualmente pela grande abundância de palmeiras nativas em sua área florestal. Ele é o único parque da cidade que fica em área sujeita a inundações periódicas durante a temporada de chuvas. Sua flora nativa ainda é pouco estudada e o objetivo deste trabalho foi levantar a diversidade de palmeiras nativas e introduzidas, contribuir para a consolidação do plano de manejo do parque e melhorar a interação dos visitantes com a diversidade florística local.

METODOLOGIA:

O Parque Ambiental Chico Mendes fica localizado na zona urbana de Rio Branco, Acre (10º02’11”S; 67º47’43”W) e abriga o único zoológico do Acre. Possui uma área de 57 hectares, das quais 44 são cobertas por floresta primária e secundária, três estão completamente degradadas e dez foram abertas para abrigar os recintos do zoológico e outras edificações, e trilhas para os visitantes. O levantamento da ocorrência de palmeiras iniciou no segundo semestre de 2008 e as coletas botânicas foram concluídas em março de 2009. As coletas, feitas de maneira usual, consistiram na retirada de partes das folhas e dos órgãos reprodutivos. Quando isso não foi possível, em função da altura ou da presença de espinhos no estipes das palmeiras de maior porte, amostras de folhas novas colhidas de plântulas serviram como voucher. Em todos os casos, dados adicionais relacionados com a altura, hábito, quantidade de folhas, número de pinas por folha, número de inflorescências e de raquilas por inflorescência e local de ocorrência também foram anotados. As amostras foram numeradas e desidratadas em temperatura constante de 60ºC durante três dias. A identificação foi feita por especialista e as amostras montadas e incorporadas ao Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC (HPZ).

RESULTADOS:

Foram identificadas 27 espécies distribuídas em 13 gêneros, sendo duas espécies introduzidas. Dentre os gêneros nativos, Bactris, é o mais diversificado, com sete espécies (B. dahlgreriana, B. concinna, B. maraja, B. major, B. simplicifrons, B. acanthocarpa e Bactris sp.). Geonoma, com quatro espécies (G. maxima, G. deversa, G. acaulis e G. juruana), Astrocaryum, com três espécies (A. ulei, A. gynacanthum e A. aculeatum.), Desmoncus com três espécies (D. giganteus, D. orthacanthos e D. mitis), Attalea (A. butyraceae e A. phalerata), Euterpe (E. oleracea e E. precatoria) e Oenocarpus (O. mapora e O. bataua), com duas espécies cada, são outros gêneros mais diversificados. Chelyocarpus (C. chuco), Maximiliana (M. maripa), Socratea (S. exorrhiza) e Iriartea (I. deltoidea) são monoespecíficos. Caryota (C. urens), introduzido da Ásia, e Cocos (C. nucifera) são os únicos gêneros não nativos do Acre encontrados no Parque. Dentre as espécies nativas, a mais abundante é Astrocaryum gynacanthus. Oenocarpus mapora, O. bataua, Geonoma máxima, G. deversa, Socratea exorrhiza e Maximiliana maripa não são tão abundantes, mas ocorrem regularmente em todos os ambientes do Parque. Bactris acanthocarpa e B. simplicifrons foram as espécies mais raras.

CONCLUSÃO:

Embora a maior diversidade tenha sido registrada para o gênero Bactris, o gênero mais abundante no Parque foi Astrocaryum, especialmente pela grande ocorrência de A. gynacanhum. Sua presença pode ser um indicativo de perturbações passadas na área. Por outro lado, a ocorrência de Oenocarpus bataua é explicada pela predominância de grandes áreas alagadiças. A ausência de Attalea phalerata, comum em regiões adjacentes ao parque sugere que a espécie não se adapta a lugares muito úmidos. Quando comparada à flora de palmeiras do Parque Zoobotânico (PZ), localizado no campus da UFAC, observou-se que a diversidade de palmeiras do Parque Chico Mendes é mais elevada. No PZ, com uma área de 100 hectares, foram encontrados 15 gêneros e 27 espécies de palmeiras.

Instituição de Fomento: INPA-ACRE e Parque Zoobotânico da UFAC
Palavras-chave: Palmeiras, Parque Ambiental Chico Mendes, Rio Branco-Ac.