61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
ATIVIDADE CITOTÓXICA SOBRE ARTEMIA SALINA LEACH. DE ESPÉCIES DE FERDINANDUSA POHL
DENNY WILLIAM DE OLIVEIRA MESQUITA 1
ADRIANA SPIROTTO STEIN MESQUITA 1
LORENA MAYARA DE CARVALHO CURSINO 1, 2
EVELYSE SOARES DE SOUZA 1
CARLOS CLEOMIR DE SOUZA PINHEIRO 2
CECÍLIA VERÔNICA NUNEZ 2
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
2. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
INTRODUÇÃO:
O nome Ferdinandusa é uma homenagem a Ferdinando I, imperador da Áustria. É um gênero, da família Rubiaceae, neotropical com cerca de 26 espécies distribuídas na América Central, Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Nicarágua e Peru, com maior número de espécies na região amazônica. O gênero é caracterizado por ser arbóreo de médio a grande porte. Estudo realizado com o pólen de F. paraensis mostrou que este apresentou um alto grau de toxicidade para abelhas do gênero Apis. As espécies selecionadas para constituir o presente trabalho foram: Ferdinandusa goudotiana K. Schum., F. hirsuta Standl.,  F. sp., F. paraensis Ducke. Essas espécies, com exceção de F. paraensis, não apresentam registros de estudos químico e/ou biológico na literatura consultada, então escolhemos fazer uma triagem de todos os extratos sobre a atividade citotóxica sobre Artemia salina Leach. O ensaio da letalidade de organismos simples, como o microcrustáceo marinho Artemia salina Leach, permite a avaliação da toxicidade geral e é considerado um bioensaio preliminar no estudo de extratos e substâncias com potencial para diversas atividades farmacológicas.
METODOLOGIA:
As folhas das espécies de Ferdinandusa foram secas à sombra, em temperatura ambiente, e em seguida reduzidas a pedaços menores, e pulverizadas em moinho de quatro facas. Os extratos foram obtidos em frascos Mariotti com solventes em ordem crescente de polaridade, diclorometano e metanol. Foram feitas três extrações de cada solvente, usando maceração por 20 minutos no ultra-som. O resíduo remanescente foi desprezado. Os extratos orgânicos obtidos foram concentrados em evaporador rotativo à pressão reduzida, à temperatura de 50 °C. Foram pesados 30 mg dos extratos diclorometânico e metanólico e solubilizados em DMSO. A concentração inicial é de 30 mg/mL. O bioensaio envolvendo Artemia salina consiste em avaliar a exposição de um determinado extrato ou composto frente a esse crustáceo. O efeito tóxico dos extratos foi testado pelo método de Meyer modificado para se adequar às condições de nosso laboratório. Para cada extrato o teste foi realizado em triplicata numa concentração de 1000 μg/mL. A atividade foi determinada pela porcentagem de mortalidade observada após 24h de incubação. Os extratos que se mostraram mais ativos foram avaliados em concentrações menores para a obtenção da CL50. É feito ainda um grupo controle constituído da solução (larvas + solução salina) e do solvente (larvas + solvente), nas mesmas condições dos extratos.
RESULTADOS:

A análise dos dados finais foi feita pelo método Probit e os resultados expressos como Concentração Letal Média (CL50), ou seja, a concentração que dizima metade de uma população. Na avaliação de extratos vegetais, resultados de CL50 menores que 1000 µg/mL são considerados bioativos. Das quatro espécies estudadas três espécies mostraram potencial de toxicidade: Ferdinandusa goudotiana K. Schum., F. hirsuta Standl., e F. paraensis Ducke. Comparando-se os valores de CL50, podemos observar a maior toxicidade do extrato metanólico de F. goudotiana, que mostrou-se tóxico até uma concentração de 5 µg/mL, seguido pelo extrato metanólico de F. hirsuta com CL50 de 67,91 µg/mL. Os extratos diclorometânicos de F paraensis, F. hirsuta e F. goudotiana ,  apresentaram CL50 de 158,61 µg/mL, 174,17 µg/mL e 376,11 µg/mL, respectivamente. O extrato metanólico de F paraensis apresentou CL50 de 879,04 µg/mL. Os extratos de Ferdinandusa sp. não apresentaram toxicidade abaixo de 1000 µg/mL. Uma vez que o ensaio de citotoxicidade sobre Artemia salina é o primeiro ensaio na busca de substâncias com atividade antitumoral, os extratos mais ativos deverão ser submetidos a outros ensaios antitumorais para avaliar o seu potencial.

CONCLUSÃO:
O extrato metanólico  de F. goudotiana foi o que apresentou maior atividade, os demais extratos apresentaram atividade mediana. As atividades mostradas pelos extratos diclorometânico e metanólico das folhas de F. goudotiana, F. hirsuta e F. paraensis, refletem que essas plantas possuem substância(s) com propriedades de toxicidade sobre Artemia salina. Os resultados obtidos para as espécies testadas do gênero Ferdinandusa mostram o potencial de conterem substâncias ativas o que mostra a importância de estudos químicos posteriores para este gênero, uma vez que este estudo é o primeiro registrado na literatura consultada, até o presente momento para espécies deste gênero.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
Palavras-chave: Rubiaceae, Toxicidade, Artemia salina .