61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 1. Bioquímica da Nutrição
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FITOFARMACOLOGICA DO URUCUM (BIXA ORELLANA L.) SOBRE A ATIVIDADE DA ENZIMA LECITINA COLESTEROL ACIL-TRANSFERASE ATRAVÉS DOS NÍVEIS DE LIPOPROTEÍNA DE ALTA DENSIDADE EM HAMSTER.
ivete de Araújo Roland 1
Guilherme José Nascimento 1
Maria Raika Guimarães 1
Nícia Marque de Almeida Oliveira 1
Hellen Emília Menezes Souza 1
Maria Margarida Souza Athayde 1
1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS (UEA)
INTRODUÇÃO:
Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA (2003), a Amazônia é reconhecida como a maior floresta tropical existente e o maior banco genético do planeta. Dentre as plantas encontradas nesta imensa floresta, uma se faz destacar pela sua utilização na culinária amazonense como condimento alimentar, trata-se da Bixa orellana L. conhecida popularmente como urucum ou urucu no Brasil (Angermüller, 1998). Esta planta pertence à família Bixaceae, é classificada como arbusto ou árvore pequena, atingindo cerca de 5m de altura (EMBRAPA-SPI, 1994; SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA E AMBIENTAL DA AMAZÔNIA PERUANA, 2002).A enzima lecitina colesterol acil-transferase (LCAT) é uma glicoproteína produzida pelos hepatócitos e liberada na circulação sangüínea, local onde pela transferência de um ácido graxo insaturado da posição 2-Sn da fosfatidilcolina para a hidroxila do colesterol livre, utilizando como substrato as lipoproteínas de alta densidade (HDL) catalisa a reação de esterificação do colesterol (SCHIAVO, 2003). Este trabalho objetivou verificar em hamster se a planta urucum - Bixa orellana L. aumenta a atividade da enzima LCAT, através dos níveis séricos de HDL-colesterol (HDL-col).
METODOLOGIA:
As folhas e sementes de urucum – Bixa orellana L. foram obtidas na Empresa Brasileira de Pesquisas Agrícolas (EMBRAPA), em Manaus-AM. Do Instituto de Medicina Tropical do Amazonas, obteve-se de forma aleatória, hamsters machos, jovens, pesando entre 160 e 180g. Na sala de experimento da ESA-UEA, os animais foram separados em 5 grupos: Grupo 1 (n=5) e Grupo 2 (n=5)-experimentais tratados com o infuso das folhas de urucum 1 e 2g%, respectivamente; Grupo 3 (n=3)-experimentais tratados com o infuso das sementes de urucum 1g%; Grupo 4 (n=3)-controles que receberam água potável e Grupo 5 (n=3)-experimentais tratados com sivastatina 20g%. Após jejum de 12h e anestesia com éter etílico, coletou-se dos animais 0,1mL de sangue, por punção cardíaca, para análise de HDL-col (Tempo 0), utilizando-se o método enzimático colesterol oxidase/peroxidase. A seguir, os animais experimentais receberam por via oral, o infuso das folhas, das sementes e o medicamento sivastatina, nas concentrações acima citadas, por 12 h, durante 45 dias. No 15o e 45o dia, novas amostras de sangue foram coletadas para análise de HDL-col (Tempo 2 e 3), respectivamente. Os resultados foram analisados por análise de variância e as médias pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
RESULTADOS:

Os resultados mostraram que o grupo 1 apresentou (HDL-col=39,388±9,380; 46,390±5,750 e 67,413± 11,630 mg/dL); grupo 2 (HDL-col=44,948±7,510; 54,815±11,910 e 73,783± 9,440 mg/dL); grupo 3 (HDL-col=50,840±10,220; 51,973± 9,690 e 68,976± 7,690 mg/ dL); grupo 4 (HDL-col=51,280±8,001; 58,940±3,420 e 61, 520±6,040 mg/dL) e grupo 5 (HDL-col=38,035±1,120; 40,515±0,150 e 49,540± 0,490mg/dL). Observou-se que o infuso das folhas de urucum de 1 e 2g teve ação sobre a atividade da enzima LCAT maior que da sivastatina (71,15%, 64,15% e 30,25%), respectivamente (p<0,05), mostrando um aumento acentuado nos níveis de HDL-col. O grupo das sementes a 1g% foi semelhante estatisticamente ao da sivastatina (35,67% e 30,25%), respectivamente. O grupo controle ativou a enzima LCAT, pois houve um discreto aumento nos níveis de HDL-col (19,96%), mas sendo diferente estatisticamente dos quatro grupos experimentais.

Lima, et al. (2001) estudando os pigmentos isolados das sementes de urucum, verificaram que a quercetina reduziu os níveis séricos de TG, enquanto a bixina reduziu os de colesterol, em coelhos hipercolesterolêmicos. Os resultados deste trabalho mostraram que existem substâncias nas folhas e nas sementes de urucum com propriedades de ativar a enzima LCAT.

CONCLUSÃO:

O infuso das folhas de Bixa orellana L. ativou a enzima LCAT mais que a sivastatina, quando administrado por via oral em hamster e o infuso das sementes mostrou atividade semelhante ao do medicamento, conseqüentemente infere-se que futuramente o infuso das folhas de urucum poderá ser utilizado como fitoterápico, por elevar os níveis de HDL-col., pelo aumento da atividade da enzima LCAT.

Instituição de Fomento: FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA DO ESTADO DO AMAZONAS
Palavras-chave: Urucum-Bixa orellana L., HDL-colesterol, Hamster.