61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
TOXICIDADE SOBRE Artemia salina Leach. DE ESPÉCIES DE Duroia L. F. E Palicourea Aubl.
ADRIANA SPIROTTO STEIN MESQUITA 1
DENNY WILLIAM DE OLIVEIRA MESQUITA 1
LORENA MAYARA DE CARVALHO CURSINO 1, 2
EVELYSE SOARES DE SOUZA 1
ANDRÉ CAMARGO DE OLIVEIRA 3
CECÍLIA VERÔNICA NUNEZ 2
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
2. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
3. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA
INTRODUÇÃO:

O gênero Duroia L. f. caracteriza-se por apresentar árvores frutíferas tipicamente silvestres e é conhecido pela associação com formigas. Já foi comprovada a atividade antiviral e antibacteriana “in vitro” do extrato das folhas de Duroia hirsuta, da qual foram isolados flavona, iridóide lactona e um flavonol.  O gênero Palicourea Aubl. é conhecido por causar intoxicações ao gado e animais silvestres. Este gênero tem ainda relatos de substâncias com atividade anticancerígenas e anti-HIV in vitro relevantes. Na medicina tradicional algumas espécies são utilizadas no tratamento de infecções fúngicas, dores de estômago e problemas renais. As espécies, da família Rubiaceae, selecionadas para constituir o presente trabalho foram: D. macrophylla Huber, D. saccifera (Mart. ex Roem. & Schult.) Hook. F. ex Schum., P. corymbifera (Müll. Arg.) Standl. e P. guianensis Aubl. Destas apenas P. corymbifera e P. guianensis apresentam registro de estudo na literatura consultada, como sendo utilizadas no tratamento de tosses persistentes e como vermífuga respectivamente. Em P. corymbifera constatou-se a presença do ácido monofluoracético e ela mostrou-se significativamente tóxica para ratos de laboratório. As demais espécies não apresentam registros de estudos químico e/ou biológico na literatura consultada, então escolhemos submeter seus extratos à toxicidade sobre Artemia salina Leach. O ensaio biológico realizado levou em consideração a simplicidade, a rapidez, a reprodutibilidade e o baixo custo.

METODOLOGIA:

As folhas das espécies de Duroia, e Palicourea, foram secas à sombra, em temperatura ambiente, e em seguida reduzidas a pedaços menores, e pulverizadas em moinho de quatro facas. Os extratos foram obtidos em frascos Mariotti com solventes em ordem crescente de polaridade, diclorometano e metanol. Foram feitas três extrações de cada solvente, usando maceração por 20 minutos no ultra-som. O resíduo remanescente foi desprezado. Os extratos orgânicos obtidos foram concentrados em evaporador rotativo à pressão reduzida, à temperatura de 50 °C. Foram pesados 30 mg dos extratos diclorometânico e metanólico e solubilizados em DMSO. A concentração inicial é de 30 mg/mL. O bioensaio envolvendo Artemia salina consiste em avaliar a exposição de um determinado extrato ou composto frente a esse crustáceo. O efeito tóxico dos extratos foi testado pelo método de Meyer modificado para se adequar às condições de nosso laboratório. Para cada extrato o teste foi realizado em triplicata numa concentração de 1000 μg/mL. A atividade foi determinada pela porcentagem de mortalidade observada após 24h de incubação. Os extratos que se mostraram mais ativos foram avaliados em concentrações menores para a obtenção da CL50. É feito ainda um grupo controle constituído da solução (larvas + solução salina) e do solvente (larvas + solvente), nas mesmas condições dos extratos.

RESULTADOS:

A análise dos dados finais foi feita pelo método Probit e os resultados expressos como Concentração Letal Média (CL50), ou seja, a concentração que dizima metade de uma população. Na avaliação de extratos vegetais, resultados de CL50 menores que 1000 µg/mL são considerados bioativos. A família Rubiaceae é conhecida por conter plantas com compostos tóxicos de diversas estruturas, das espécies estudadas, apenas uma espécie mostrou potencial de toxicidade: Duroia macrophylla Huber. Comparando-se os valores de CL50, podemos observar a maior toxicidade do extrato metanólico de D. macrophylla, que mostrou-se tóxico até uma concentração de 27,82 µg/mL, o que pode estar relacionado ao alcalóide isolado dessa espécie e que apresentou toxicidade em concentração menor que 1 µg/mL.

CONCLUSÃO:

Entre os extratos avaliados, o extrato metanólico de D. macrophylla foi o que apresentou maior atividade o que reflete que essa planta possui substância(s) com propriedades de toxicidade sobre Artemia salina. O resultado obtido para a espécie de Duroia macrophylla Huber mostra a importância de estudos químicos posteriores para este gênero, uma vez que este estudo é o primeiro registrado na literatura consultada, até o presente momento para espécies deste gênero. As espécies de Palicourea estudadas não apresentaram toxicidade sobre A. salina.

Instituição de Fomento: FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DO AMAZONAS
Palavras-chave: Duroia macrophylla , Rubiaceae, Artemia salina.