61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 4. Taxonomia
GÊNEROS DE RICHARDIIDAE (DIPTERA, ACALYPTRATAE) DO BRASIL
LISIANE DILLI WENDT 1
ROSALY ALE-ROCHA 1
1. Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia/INPA
INTRODUÇÃO:

Richardiidae pertence a superfamília Tephritoidea e é constituída por cerca de 170 espécies distribuídas em 31 gêneros. São reconhecidas duas subfamílias: Epiplateinae e Richardiinae. A família apresenta uma distribuição restrita ao novo mundo, não havendo registro apenas para o Chile e Patagônia (Aczél 1950).

As espécies de Richardiidae são reconhecidas por apresentar antena geralmente longa, cerdas frontais e vibrissa ausentes, face ventral do fêmur com fortes espinhos (exceto em Epiplateinae), tergito II com fortes cerdas laterais e duas espermatecas (Steyskal 1987; McAlpine 1989).

A diversidade de Richardiidae no Brasil é relativamente significativa, sendo conhecidas aproximadamente 60 espécies distribuídas em 15 gêneros, dentre eles alguns com distribuição restrita para o país (Aczél 1950; Steyskal 1968). Entretanto, ainda pouco se conhece a respeito da família na região, não havendo revisões taxonômicas, tampouco chaves de identificação para os gêneros e espécies. Devido a estes fatores, acredita-se que esta diversidade seja ainda maior.

Com o objetivo de contribuir para o conhecimento taxonômico do grupo no Brasil foram listados os gêneros encontrados no país e proposto uma chave de identificação com ilustrações dos principais caracteres  diagnósticos de cada gênero.

METODOLOGIA:

            O material observado foi proveniente das seguintes coleções brasileiras: Coleção de Entomologia Padre Jesus Santiago Moure, Curitiba, Paraná (DZUP), Coleção Zoológica do Maranhão, Caxias, Maranhão (CZMA), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas (INPA), Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (MNRJ), Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, São Paulo (MZSP) e Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Pará (MPEG).

A identificação do material foi feita mediante o uso de bibliografia especializada, incluindo descrições originais, chaves de identificação e ilustrações. Os espécimes foram examinados com o auxílio de microscópio estereoscópio e microscópio óptico (para as genitálias), ambos acoplados a câmara clara para a confecção de desenhos. Para a observação e ilustração da terminália masculina e feminina foi retirada a porção final do abdome do espécime e clarificado com ácido lático a 85% a quente de acordo com o protocolo de Cumming (1992) e posteriormente o material foi transferido para lâmina escavada contendo glicerina e observado em microscópio óptico.

A terminologia empregada para as estruturas tanto externa quanto interna (terminália) foi baseada segundo McAlpine (1981).

RESULTADOS:

            Para o Brasil foram reconhecidos 18 gêneros, destes, 15 já haviam registros para o país: Automola Loew, Beebeomyia Curran, Cladischophleps Enderlein, Coilometopia Macquart, Epiplatea Loew, Hemixantha Loew, Melanoloma Loew, Oceanicia Enderlein, Odontomera Macquart, Odontomerella Hendel, Ozaenina Enderlein, Richardia Robineau-Desvoidy, Richardiodes Hendel, Sepsisoma Johnson e Setellia Robineau-Desvoidy; e três gêneros foram registrado pela primeira vez para o país: Antineuromyia  Hendel,  Macrostenomyia Hendel e Poecylomya Hendel.

            Os gêneros são diferenciados entre si principalmente pelas seguintes características: tamanho da antena, forma do occipício, posição e distância entre ocelos, forma do mesonoto, presença ou ausência de cerda pronotal e forma do abdome. Entretanto, as principais diferenças encontradas foram na venação da asa: comprimento da veia anal 1 mais cubital anterior 2 (A1+CuA2), curvatura da veia radial 2+3 (R2+3) e radial 4+5 (R4+5), e distância entre as veias transversais radial-medial (r-m) e discal medial-cubital (dm-cu).

            Para facilitar o reconhecimento de cada gênero foram feitas ilustrações e/ou fotografias das principais características diferenciais entre os gêneros e apresentadas na chave de identificação.

CONCLUSÃO:
            Foram reconhecidos 18 gêneros de Richardiidae para o Brasil, entre eles 15 haviam registros anteriores e três foram registrados pela primeira vez para o país. Foi proposta uma chave de identificação ilustrada para estes gêneros.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Cinetífico e Tecnológico (CNPq)
Palavras-chave: Taxonomia, Novos registros, Chave de identificação.