61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
DIAGNÓSTICO DA CONFECÇÃO DE ARTESANATO NAS ÁREAS DOS LAGOS CALADO E PARU, MANACAPURU-AM.
IONÁ FARIAS DOS SANTOS 1
JANETE DA SILVA ROLIM 2
KEURIS KELLY SOUZA DA SILVA 3
1. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas-FAPEAM
2. Universidade do Estado do Amazonas - UEA
3. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis- IBAMA
INTRODUÇÃO:
Os recursos florestais não-madeireiros ocupam um lugar de grande importância na economia amazônica. A utilização de sementes, cascas e fibras de espécies florestais na produção de artesanato tem-se tornado um segmento importante para a conservação dos recursos florestais e desenvolvimento rural. Para o desenvolvimento sustentável na Amazônia, entre outros fatores, é prioritário o conhecimento do modo de vida dos produtores familiares que vivem da floresta e também do entendimento que eles têm dos recursos oferecidos por ela (MING et al, 2003). Esses produtores aliam conceitos fundamentais em seu cotidiano, entre eles: o da utilização sustentável dos recursos florestais, pois representam sustento, remédios, fertilizantes, artesanato, lazer e outros usos que possam dar. O presente estudo aborda a caracterização dos produtores de artesanato nos Lagos Calado e Paru, Manacapuru-AM, buscando compreender as questões sociais que envolvem esta produção, destacando a quantidade de famílias envolvidas, organizações e processos de capacitação referentes ao tema, contando com a participação ativa de organizações não governamentais, escola, Secretaria Municipal de Educação, pesquisadores e estudantes de ensino fundamental e graduação.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada na região dos Lagos Calado e Paru, município de Manacapuru. As famílias entrevistadas foram indicadas por meio de reunião da associação comunitária local, e que manifestaram interesse em participar da pesquisa. O questionário foi elaborado e aplicado pelos bolsistas responsáveis pelo projeto e professores da Escola José de Melo Sobrinho. A pesquisa foi dividida em duas etapas distintas: 1ª) coleta de informações através da aplicação direta de questionários e 2ª) análise e interpretação dos resultados. Foram realizadas 55 entrevistas formais, através de questionários em 10 (dez) comunidades com o objetivo de obter a seguinte base de dados: perfil do entrevistado; caracterização da produção e comercialização do artesanato; caracterização dos processos de colheita e beneficiamento das partes das espécies utilizadas. Os resultados tabelados foram inicialmente apresentados ao núcleo de bolsistas da Escola Municipal (E.M) José de Melo Sobrinho para elaboração de relatórios parciais e checagem de inconsistências de informações. Após a checagem os bolsistas se reuniram para avaliação dos resultados e preparação do relatório em reuniões na E. M. José de Melo Sobrinho, junto com os professores e coordenadores. Ao final deste trabalho os resultados foram apresentados em evento realizado na referida escola para comunitários, professores e alunos.
RESULTADOS:
A idade dos entrevistados variou de 20 a 79 anos, sendo 86% nascidos no município de Manacapuru, desse total 33% nasceram nas comunidades dos lagos. Verificou-se que a mão de obra utilizada em todas as comunidades entrevistadas é predominantemente familiar. As três espécies vegetais mais utilizadas na confecção de artesanato foram o tento (Ormasia grossa Rudd), tucumã (Astrocaryum aculeatum) e a seringa (Hevea brasiliensis), todas nativas da região. As partes mais utilizadas foram as sementes (85%), seguidas pelas cascas e palhas ambas com (5%) cada, e por último fibras e folhas que juntas somam aproximadamente (5%) Os brincos e as pulseiras foram os produtos mais confeccionados. O beneficiamento das sementes é realizado com a utilização de equipamentos que vão desde ferramentas manuais como esmeril, serra, faca, lixa, brocas e materiais rústicos adaptados, movidos à eletricidade como polideiras, furadeiras e serra elétrica. Um dos grandes problemas para a confecção do artesanato local é a falta de energia elétrica nas comunidades para utilização de máquinas. Dos entrevistados 78% comercializam os produtos gerados, sendo vendidos diretamente na comunidade. Foi citado que não existem dificuldades para aquisição de materiais na natureza (92%), apenas 2% diz ser difícil encontrar a matéria-prima necessária.
CONCLUSÃO:
A confecção de artesanato é uma atividade em expansão, promissora na área de pesquisa, não sendo ainda a principal atividade econômica, destacando-se nesse caso, a agricultura, necessitando de incentivos governamentais e não-governamentais na capacitação das famílias envolvidas tanto na confecção do artesanato como principalmente no processo de beneficiamento de sementes, que é realizado de forma artesanal. A maioria dos produtores realiza a sua produção em oficinas localizadas no fundo dos quintais, o que reflete na qualidade final dos produtos. Os comunitários demonstraram desconhecimento das técnicas de manejo e colheita das espécies. Entre os entraves para o desenvolvimento dessa atividade estão as dificuldades encontradas no beneficiamento relacionadas a tecnologias adequadas para conferir qualidade ao produto e otimizar a produção. Com a capacitação adequada será possível agregar maior valor e melhorar a qualidade do produto final, ajudando no desenvolvimento rural das comunidades envolvidas.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM
Palavras-chave: Diagnóstico , Artesanato, Desenvolvimento rural .