61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
PRÁTICAS E ESTILOS DE AGRICULTURAS SUSTENTÁVEIS EM COMUNIDADES TRADICIONAIS DO PARANÁ DE PARINTINS, PARINTINS-AM.
Robson Jardellys de Souza Maciel 1
Silas Garcia Aquino de Sousa 2
Francisneide de Sousa Lourenço 3
1. Universidade do Estado do Amazonas
2. Embrapa Amazônia Ocidental
3. Universidade do Estado do Amazonas
INTRODUÇÃO:

Na Amazônia existem várias experiências baseadas no bom manejo dos recursos naturais que podem gerar alternativas viáveis do ponto de vista econômico, social e ambiental para as populações tradicionais rurais da Região. Segundo Noda (2005) a lógica da agricultura familiar amazonense é voltada para a segurança alimentar, com utilização dos recursos naturais da floresta que desponta como alternativa lógica para a reversão dos problemas sociais existentes na área rural. Esses estilos de agriculturas, das populações tradicionais, são experiências que podem ajudar o processo de transição Agroecologia na Amazônia e contribuir na construção do conhecimento cientifico agroecológico. Nesse contexto, não se deve prescindir do conhecimento autóctone desenvolvido inter-gerações pelas comunidades tradicionais da Amazônia, no que se refere ao uso e manejo sustentável dos recursos naturais. Esses conhecimentos, numa perceptiva agroecológica, precisam ser resgatados, sistematizados e multiplicados, para que outros agricultores familiares possam também manejar os recursos naturais de forma sustentáveis.

METODOLOGIA:

O estudo foi realizado na comunidade de agricultores tradicionais do Paraná de Parintins do Meio, município de Parintins-AM, denominada de Menino Deus e composta por oito famílias. Essa comunidade foi transformada em Projeto de Assentamento Extrativista, devido o histórico de bom manejo dos recursos naturais, praticados pelos moradores locais. Os dados foram coletados por meio de um questionário semi–estruturado. Para formalizar as informações levantadas na comunidade, parte do questionário estruturado foi enviado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEA – CEP/UEA. A pesquisa de campo foi realizada no primeiro trimestre de 2009, sob a orientação de professores da UEA e executada pelos estudantes bolsistas de Iniciação Científica do Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia. Todos os estabelecimentos foram visitados e as famílias entrevistadas. Após a explicação e autorização por escrito, de acordo com as normas do CEP/UEA, o pesquisador realizou a entrevista e anotou em anexo as perguntas abertas. Em seguida foi elaborado um croqui (mapa) da propriedade com os diferentes modos de uso do solo na propriedade e realizado uma caminhada pelos diferentes sistemas de produção da propriedade.

RESULTADOS:

Pode-se observar que 90% das práticas agrícolas e estilos de agriculturas desenvolvidas na comunidade possuem características agroecológicas, a exemplo da adubação orgânica, com utilização de resíduos vegetais e animais (folhas verdes e secas, madeira em decomposição (paú), estercos e carcaça de animais), coivaras, consorciação de culturas agrícolas, sistemas agroflorestais de cacau (Theobroma cacao), seringueira (Hevea brasiliensis), espécies madeireiras e frutíferas, entre outros. Contudo, dependem de sementes e propágulos de fora da comunidade. Verificou-se que os agricultores utilizam deliberadamente culturas agrícolas com base na adubação orgânica, principalmente para segurança alimentar, tais como: milho (Zea mays), cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), maxixe (Cucumis anguria), jerimum (Cucurbita pepo), pepino (Cucumis sativus), mandioca ou macaxeira (Manihot esculenta) e banana (Musa spp). Processos semelhantes são exercitados em cultivos destinados ao mercado, tais como: mamão (Carica papaya), graviola (Annona muricata), pimenta de cheiro (Capsicum frutescens) e laranja (Citrus spp). Todas essas práticas e estilos de agriculturas são baseados em conhecimentos empíricos tradicionais, repassadas entre as gerações de acordo com saber tradicional da cultura local.

CONCLUSÃO:

Com base nos resultados pode-se concluir que os agricultores da Comunidade Menino Deus, do Paraná de Parintins do Meio, no rio Amazonas, estão em processo avançado de transição agroecológicas. Pois dependem muito pouco de agroquímicos e desenvolveram ao longo do tempo, novos desenhos e estilos de agriculturas de acordo com a capacidade e os regimes da natureza do ecossistema de várzea. Essas práticas e estilos de agriculturas poderão ser replicados por outros agricultores familiares, em áreas de várzea, ecossistema que possui alta fertilidade no solo, depositada pelas enchentes dos rios. Essas experiências também poderão ajudar a criar as novas tecnologias agroecológicas para agricultura familiar no Estado do Amazonas.

Instituição de Fomento: FAPEAM
Palavras-chave: Agricultura Familiar, Amazônia, Agroecologia.