61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
DIETA E ESTRUTURA TRÓFICA DE PEIXES ASSOCIADAS A BANCOS DE MACRÓFITAS DE ASSEMBÉIAS AQUÁTICAS NO LAGO GRANDE, MUNICIPIO DE MANACAPURU, AM.    
Simélvia Vida Dantas Alves 1
Maria Gercilia Mota Soares 1
Hélio Beltrão dos Anjos 1
Sérgio Roberto Moraes Rebelo 1
Cláudio Rabelo dos Santos Neto 1
1. INPA
INTRODUÇÃO:

 Os lagos de várzea da Amazônia são colonizados por muitas espécies de plantas aquáticas que no período de cheia ocupam extensas áreas na região aberta.  Associações destas plantas constituem os bancos de macrófitas aquáticas que são um dos principais habitats em lagos de várzea na Amazônia Central. Os bancos são colonizados por muitas espécies de peixes com riqueza alcançando 139 espécies. Apesar dessa riqueza as macrófitas têm sido alvo de poucos estudos, especialmente sobre a sua contribuição como fonte de itens alimentares para os peixes. E, em nível de assembléias existe uma carência de informações ainda maior. Considerando essa escassez de informações, o presente trabalho propõe caracterizar a composição da dieta e organizar em categorias tróficas as assembléias de peixes capturadas em bancos de macrófitas aquáticas do complexo do lago Grande de Manacapuru/AM.

 

 

METODOLOGIA:

O trabalho está sendo realizado com material biológico coletados em lagos do Complexo lacustre que forma o lago Grande de Manacapuru, Jaitêua (03˚13’901’’ S e 60˚44’326’’ W) e São Lourenço (03˚17’555’’ S e 60˚43’759’’ W), AM, BR. Eles estão interligados entre si e recebem nomes diferentes conforme a localização no Complexo do lago Grande de Manacapuru. Está situado na margem esquerda do rio Solimões e no período de alagação (cheia) os lagos são margeados por extensos bancos de macrófitas aquáticas e capins flutuantes. Os peixes foram coletados durante as excursões do projeto “Biologia e ecologia de peixes de lago de várzea: subsídios para a conservação e uso dos recursos pesqueiros da Amazônia”, de janeiro a abril de 2008 (período de alagação). A pesca foi efetuada com redinha de cerco, com tamanho 6,0 metros comprimento e 2 m de altura e malha de 5 mm entre nós opostos. Após a captura, os peixes foram etiquetados e fixados em formol a 10%. No laboratório de ecologia de peixes do INPA, foram lavados em água corrente e conservados em álcool a 70%. Para cada exemplar foi obtido o comprimento padrão (Cp), em milímetros (mm) e o peso total (Pt), em gramas (g).

RESULTADOS:

 

Foram coletados 152 exemplares, distribuídos em 2 ordens, 5 famílias, 13 gêneros e 13 espécies,variando o comprimento padrão de 11 a 112 mm. Pygocentrus nattereri, Brycon melanopterus, Hemiodus argenteus, Triportheus angulatus, Hemigrammus sp. Anchoviella alleni, Cichla sp., Pterophyllum scalare, Astronotus crassipinis, Mesonauta insignis, Hoplias malabaricus, Heros severus, Ctenobrycon hauxwellianus ingeriram: 1) Autóctones de origem animal: Insetos (Trichoptera, Ephemeroptera, Odonata, Coleoptera, Hemiptera); Rotifera; Crustáceos (camarões); Peixes; Microcrustáceos (cladóceras, copépodos, conchostracas).  2) Autóctones de origem vegetal: Frutos/sementes; Perifiton (algas filamentosas); material vegetal. 3) Alóctones de origem animal: Insetos (Hymenoptera, Diptera). As 13 espécies foram agrupadas em cinco classes de categorias tróficas: Carnívora/Piscívora=ingerindo peixes, Cichla sp.; Carnívora/Insetívora= insetos, H. malabaricus, H. severus, M. insignis, P.scalare  e T. angulatus; algívora=algas, H. argenteus; Onívoras= material de origem animal e vegetal, B.melanopterus; Carnívora/Zooplanctívora=microcrustáceos e rotiferos, A.alleni, A.crassipinis, C.hauxwellianus, Hemigrammus sp.; Carnívora=ingere insetos, microcrustáceos e peixes, P. nattereri.

 

CONCLUSÃO:

A análise da composição da dieta das treze espécies aponta uma variada ingestão de alimentos que estão disponíveis nos bancos de macrófitas, principalmente os insetos, peixes e microcrustáceos. As macrófitas aquáticas formam um ambiente propício que é colonizado por muitos organismos e nessas condições os peixes têm alta disponibilidade de itens alimentares. Várias ordens de insetos identificadas nos conteúdos estomacais (Odonata, Ephemeroptera, Hymenoptera, Coleoptera e Diptera) são abundantes nos bancos de macrófitas aquáticas, provavelmente associadas às raízes. As macrófitas também fornecem proteção e refugio para o zooplancton e o perifiton. Esses além de serem ingeridos diretamente pelos peixes são intensamente forrageados por vários invertebrados (moluscos, nematodos) e microcrustáceos (Cladocera, Copepoda, Ostracoda, conchostraca), Isopoda e crustáceos. Assim, os resultados sobre a dieta dessas espécies indicam que os bancos de macrófitas além de serem utilizados como áreas de berçário, também são importantes no fornecimento de itens alimentares.

Instituição de Fomento: MCT/CNPq/PPG7/Piatam, INPA.
Palavras-chave: Assembléias de peixes, alimentação, lago de várzea..