No Estado de Rondônia, a questão social se expressa de forma diversificada e complexa, exigindo dos profissionais das diversas áreas uma formação de qualidade e capaz de responder concretamente as demandas. Na área do Serviço Social, essa exigência fica ainda mais evidenciada na medida em que as políticas de atendimento na área social sofrem interferência direta dos grupos de poder, ou seja, de políticos que, muitas vezes, chegam ao poder sem sequer ter uma formação de nível superior. Essa falta de preparo, aliada ao jogo de interesses, faz com que os serviços de atendimento social fiquem sempre relegados a último plano. O objetivo da pesquisa foi  averiguar, junto aos egressos do curso de Serviço Social, as dificuldades que os mesmos enfrentam no cotidiano de sua prática no setor público, bem como avaliar se a formação recebida, enquanto profissional, atende às demandas da sociedade.

Como método de procedimentos, optou-se pelo estudo de caso ou monográfico (Yin, 2005) e o levantamento dos dados foi através de entrevista direta com egressos que atuam nos diversos municípios do Estado de Rondônia. A pesquisadora, de posse do roteiro de questões, entrevistou  cada um dos profissionais em seu local de trabalho, momento em que foi possível também observar as condições de trabalho, tais como espaço, infraestrutura e outros recursos.  Como método de análise dos dados, utilizou-se o dialético por permitir uma visão crítica e mais ampla da problemática que envolve tanto o mercado de trabalho, quanto o processo de formação profissional.

No decorrer da pesquisa, constatou-se que existem várias dificuldades enfrentadas pelos egressos no momento de inserção e desenvolvimento de seu trabalho nas diversas instituições. Das 20 entrevistadas, 85% citaram a burocratização e a falta de recursos financeiros como maior entrave para o desenvolvimento do trabalho. 100% das entrevistadas destacaram a falta de conhecimento por parte do poder público, em relação ao que compete aos profissionais de Serviço Social desenvolver nas instituições, o que acarreta acúmulo de funções. 60% destacam que muitas vezes só é possível realizar o emergencial. 40% citaram a falta de equipes multiprofissionais como fator dificultante no atendimento de qualidade e desses 40%, 15% destacaram a necessidade de trabalhar interdisciplinarmente para que se tenha atendimento de qualidade. Quanto aos conteúdos teóricos estudados na faculdade, os que estão sendo mais utilizados em suas práticas diárias são conteúdos voltados para as Políticas de Atendimento e o trabalho em equipe. Instrumentais mais utilizados são as visitas domiciliares, triagem, e parecer social.

Na avaliação do processo de formação profissional, os egressos consideram-se preparados para os desafios que o mercado de trabalho lhes propõe. 90% reforçam que a visão crítica auxilia no momento da intervenção. No que diz respeito à relação que têm com a Instituição em que se formou e, também, com a coordenação e professores, responderam que têm um bom relacionamento e que todas as vezes que precisam de um auxilio recorrem aos mesmos e são bem atendidos. Os egressos sugeriram que se trabalhe ainda mais a interdisciplinaridade e a prática nas diversas áreas.  Percebe-se, com a pesquisa, que o curso de Serviço Social vem procurando formar profissionais que respondam prontamente às demandas da sociedade e é nessa parceria universidade/sociedade que se constrói e reconstrói o conhecimento.