61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 1. Comunicação Digital
ESTUDO DE METODOLOGIAS DE ROTEIRIZAÇÃO PARA HIPERMÍDIA
Enric Llagostera 1
Hermes Renato Hildebrand 1
1. Universidade Estadual de Campinas
INTRODUÇÃO:
Toda obra é um processo e contém em si a necessidade de planificação e elaboração prévia à sua realização material. Historicamente, convenções e métodos foram desenvolvidos e diferentes documentos de processo foram criados para satisfazer as necessidades de pré-produção de cada meio de expressão: como exemplos temos o roteiro cinematográfico e o texto teatral. Documentos de processo não apenas cumprem o papel de planificar necessidades materiais de produção de uma obra, como também fornecem uma organização mais clara de seus conteúdos, possibilitando maior elaboração destes. O conhecimento das possibilidades de um meio passa pelo conhecimento de suas metodologias específicas. A hipermídia digital, em franca expansão, é um tipo de obra que, pelas suas características convergentes, interativas, não-lineares e de autoria múltipla, apresenta potencial para níveis altos de complexidade em sua realização e elaboração. Como inexiste uma convenção estabelecida para sua pré-produção, focamos esse estudo em mapear, descrever e esboçar uma categorização das metodologias utilizadas e analisar suas relações com as especificidades do meio hipermídia. Através da análise, baseada na literatura, de obras variadas, buscamos compreender as especificidades e métodos da roteirização de hipermídia.
METODOLOGIA:
Trabalhamos com duas etapas metodológicas: a análise bibliográfica e estudos de caso de obras hipermídia. A análise bibliográfica deu-se através da realização de leituras, resumos e mapas conceituais sobre roteirização de hipermídia e criação de obras de arte. Procedemos, então, a elaboração de uma metodologia específica para a análise de obras buscando indícios e especificidades de seus processos de roteirização e suas etapas. Devido à diversidade de nosso corpo de estudo, tratamos de aproximar abordagens de análise propostas por diversos autores, adaptando-as ao escopo de nosso trabalho. Utilizamos categorias propostas por Pierre Lévy, Janet Murray e Vicente Gosciola, com o acréscimo de autores como Nora Paul e Lúcia Santaella. Aplicamos uma análise com critérios variados e complementares, abrangendo diversas características do meio hipermídia, o que nos permitiu comparar tipos variados de obras em um panorama único e descritivo, buscando as relações entre suas características principais e etapas de seus processos de roteirização. É importante salientar o agrupamento semiótico de nossos critérios de análise, inspirado na crítica genética proposta por Cecília Almeida Salles, que facilitou a análise das obras por permitir uma abordagem mais sistemática.
RESULTADOS:
Nossos resultados dividem-se em dois grupos: estudos de caso e mapas conceituais. Os estudos de caso são análises descritivas textuais que buscam relacionar os resultados encontrados na aplicação de nossa metodologia de análise com as características da metodologia de roteirização da obra. Como utilizamos um conjunto de critérios constante para elaborar nossos estudos de caso, pudemos elaborar uma tabela de resultados, cuja análise permite identificar tendências que apontam para possíveis preocupações mais comuns na roteirização de hipermídia, como a repetição de conteúdos, relacionada à necessidade de consistência em um meio difuso, e as navegação multi-linear e dinamicidade de conteúdos. Os mapas conceituais aproveitam-se dos resultados dos estudos de caso e ajudam na interpretação dos mesmos. Nosso enfoque em sua elaboração foi demonstrar visualmente as redes de conceitos que relacionam as características principais de uma obra com diferentes etapas de roteirização, características de metodologias específicas. Esses mapas permitiram a compreensão de como metodologias combinam-se na roteirização de hipermídia, indicando a impossibilidade de uma metodologia única e a coexistência de metodologias e técnicas com origens e enfoques variados nesse processo.
CONCLUSÃO:
Apesar das dificuldades metodológicas encontradas em nosso estudo, pudemos contribuir para a compreensão do processo de roteirização de hipermídia e suas metodologias. Diferentes etapas e ferramentas, originárias de metodologias diferentes, combinam-se para a elaboração da roteirização de hipermídia, de acordo com as necessidades e finalidades da obra, em estreita relação com as especificidades do meio hipermídia. As etapas de roteirização não são estanques e lineares, apontando para um processo de criação incremental e em rede, abrangendo pontos além da elaboração de conteúdo e planejamento de produção, como a co-autoração com o usuário e a dinamicidade estrutural, que implicam no planejamento de como será essa interação e através de quais ferramentas. Percebe-se também a incorporação de métodos originários do design e da computação, e a constatação da natureza de software da hipermídia tem efeitos significativos para sua roteirização, definindo necessidades específicas desse suporte. Por fim, acabamos por compreender a roteirização de hipermídia, em relação a suas metodologias, como um processo em rede em que se conjugam simultaneamente uma variedade de métodos oriundos de diversos meios, apontando para e elaborando as características da obra final de maneira quase vetorial.
Instituição de Fomento: Serviço de Apoio ao Estudante da Universidade Estadual de Campinas (SAE/Unicamp)
Palavras-chave: Hipermídia, Roteirização, Metodologias.