61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
ASPECTOS AGROECOLÓGICOS OBSERVADOS NO PROJETO DE ASSENTAMENTO VILA AMAZÔNIA, PARINTINS-AM.    
ROBERTO LIMA DA SILVA 1
SILAS GARCIA AQUINO DE SOUSA 2
JOSÉ NESTOR DE PAULA LOURENÇO 2
1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS/ UEA
2. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUARIA/ EMBRAPA AMAZONIA OCIDENTAL
INTRODUÇÃO:

A lógica da agricultura familiar amazonense é voltada para segurança alimentar, com utilização dos recursos naturais da floresta que desponta como alternativa lógica para a reversão dos problemas sociais existentes (NODA, 2005). Na Amazônia existem várias experiências que demonstram que o bom manejo dos recursos naturais pode gerar alternativas viáveis do ponto de vista econômico, social e ambiental. Acredita-se que essas experiências podem ajudar o processo de transição agroecologia, pois, a construção do conhecimento agroecológico é apoiada na valorização dos recursos naturais locais e nas práticas e métodos tradicionais de manejo produtivo dos ecossistemas, sua evolução como ciência se dá quando são criadas condições favoráveis para o diálogo e a troca de experiência e saberes. Neste sentido, o exercício de sistematização de experiências locais tem se estabelecido como uma atividade fundamental para o aprendizado coletivo de instituição de ensino, pesquisa e extensão, redes e movimentos sociais promotores da agroecologia (AS-PTA, 2007). O presente trabalho aborda as experiências, praticas e estilos de agriculturas de base agroecológica observadas nas áreas dos agricultores do Projeto de Assentamento Vila Amazônia, município de Parintins–AM.

 

METODOLOGIA:

O estudo foi realizado no projeto de assentamento Vila Amazônia, Parintins – AM, onde foram entrevistadas 32 famílias de agricultores de oito comunidades do assentamento. Os dados foram coletados por meio de um questionário semi–estruturado, com perguntas fechadas e abertas. Para formalizar as informações levantadas na comunidade, parte do questionário com perguntas fechadas foram enviada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEA –    CEP. A pesquisa de campo foi realizada no primeiro trimestre de 2009, sob a orientação de professores da UEA e executada pelos estudantes bolsistas de Iniciação Científica do Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia. O procedimento de campo foi entrevistar pelo menos 40% das famílias de cada comunidade. Após a explicação e autorização por escrito de acordo com as normas do CEP, o pesquisador realizou a entrevista e anotou em anexo as perguntas abertas. Em seguida foi elaborados um mapa da propriedade com seus diferentes modos de uso do solo e foi feita uma caminhada pelos diferentes sistemas de produção. Desta maneira foi possível levantar as principais atividades agrícolas, os sistemas e processos de produção, as práticas, as experiências e os estilos de manejo dos recursos naturais e econômicos adotados em cada propriedade.

 

RESULTADOS:

Verificou-se que 74% dos agricultores entrevistados não dependem de aquisição de mudas e sementes de fora das comunidades. Esses insumos são adquiridos por meio de compra ou troca entre os comunitários. Outra prática observada foi à iniciativa dos agricultores em substituir os insumos externos como fertilizantes sintéticos e agrotóxicos, por adubação orgânica (madeira em decomposição – paú, outros resíduos vegetais e animais) e uso alternativo de controle de pragas e doenças, como a rotação de cultura e manipueira de mandioca, demonstrando a preocupação com a diminuição e substituição da dependência de insumos externos. Segundo Gliessman (1990), apud Caporal e Costabeber (2007), a baixa dependência de insumo comercial juntamente com o uso do conhecimento e da cultura da população local está inserida no processo de agricultura de base agroecológica. Constatou-se também, que 56% dos assentados utilizaram a prática de manutenção da vegetação nativa nas proximidades de igarapés e nascente, demonstrando a preocupação e valorização da conservação da natureza. Além disso, 82% dos agricultores responderam que utilizaram consórcios de espécies no sistema produtivo, com destaque para as espécies frutíferas do quintal, que tem papel importante na alimentação da família.

CONCLUSÃO:

Os dados da pesquisa demonstraram que os agricultores entrevistados, do Projeto de Assentamento Vila Amazônia, Parintins-AM, apesar de não conhecerem formalmente a teoria do processo de transição agroecológica, desempenham de acordo com saber popular e da cultura local, algumas experiências, práticas e estilos de agriculturas de base agroecológica. Todas essas informações devem ser consideradas como experiências locais que podem referendar o processo de transição da agricultura convencional para estilos de agricultura de base agroecológica, com a possibilidade de esse conhecimento ser compartilhado com outros agricultores. A pesquisa de campo possibilitou também a troca saberes que foi de fundamental importância para o processo de construção do conhecimento em Agroecologia para os todos os envolvidos neste trabalho

Instituição de Fomento: FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA DO ESTADO DO AMAZONAS/ FAPEAM
Palavras-chave: AGROECOLOGIA, AMAZÔNIA, PARINTINS.