61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
O PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR DE CEGOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM: ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA ESTADUAL
Adriane Giugni da Silva 1, 2, 3
Suelen Tavares Godim 1, 3
1. Universidade do Estado do Pará - UEPA
2. Departamento de Filosofia e Ciências Sociais - DFCS/UEPA
3. Grupo de Políticas Públicas, Educação e Inclusão Social - GPPEIS/UEPA
INTRODUÇÃO:

O presente trabalho possui como objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa sobre a inclusão escolar em uma escola estadual belenense, verificando como vem sendo implementada a inclusão escolar de cegos na escola estudada. Nos objetivos derivados deste trabalho, buscou-se analisar a preparação dos professores que atuam em sala de aula com sujeitos deficientes, assim como identificar as concepções de inclusão destes professores e observar se os métodos e técnicas utilizados pelos mesmos constituem-se como inclusivos. Além disso, investigou-se o Projeto Político Pedagógico a fim de identificar na proposta, mediante cruzamento de dados aprendidos da realidade, as práticas e saberes desenvolvidos na escola. Para realizar tais análises, este estudo fundamentou-se em uma série de documentos, entre eles, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Lei nº. 9394/96) que estabelece, entre outros princípios, a "igualdade de condições para o acesso e permanência na escola" e recomenda que a educação para "educando com necessidades especiais” aconteça, preferencialmente, na rede regular de ensino. Utilizando-se assim, tais instrumentos, a fim de identificar se os direitos do aluno cego apesar de garantidos constitucionalmente tem sido efetivados na práxis escolar vivenciada.

METODOLOGIA:

No que se refere à metodologia, analisou-se o processo de inclusão por meio de uma abordagem qualitativa, desenvolvida por intermédio de um estudo de caso. Inicialmente realizou-se pesquisa bibliográfica e documental, a fim de conhecer autores que discutem a realidade da inclusão escolar, assim como se apreendeu documentos (leis, declarações, decretos, etc.), os quais subsidiaram a análise da realidade brasileira e em especial a local. As investigações bibliográficas referentes à temática ocorreram em bibliotecas de cunho Estadual, Federal, Particular, assim como em sites da Secretaria de Educação, ambicionando-se desta forma, suprir a carência de materiais acerca do tema da inclusão escolar, em especial no que diz respeito à realidade da inclusão regional. Para proceder à coleta de dados desenvolveu-se observação participante, aplicaram-se questionários e entrevistas, que subsidiaram a análise e registro da realidade local. As técnicas para a coleta e registro dos dados utilizadas na pesquisa foram instrumentos importantes para culminar nos resultados alcançados, uma vez que levaram em consideração os sujeitos da pesquisa, o tempo disponível para sua elaboração, os recursos financeiros e humanos, dentre outros fatores que favoreceram a análise posterior dos dados coletados.

RESULTADOS:

Após a realização da pesquisa, identificaram-se inúmeros problemas quanto à condução do processo de inclusão na escola estudada. Os problemas se iniciam pela inadequada estrutura física e técnica da escola, estendendo-se a falta de formação inicial e continuada dos professores no que se refere ao trabalho desenvolvido com os alunos cegos, além das inadequações curriculares e metodológicas. Entre os fatores evidenciados no decorrer da pesquisa, destacou-se a falta de formação dos professores, como aquele que maior influencia na condução do processo de inclusão, entretanto, a grande maioria dos professores da instituição não possuía qualquer tipo de pós-graduação e descartavam a idéia de fazê-la. O desinteresse prossegue também em participar dos cursos promovidos pelo Estado, em função da excessiva carga horária de trabalho desses profissionais. Muitos trabalham em mais de uma escola e em vários turnos, não lhes restando tempo nem dinheiro para tal investimento, uma vez que necessitam trabalhar em diversas escolas para atingir uma remuneração razoável, não refletindo na qualidade do trabalho desenvolvido em sala de aula. Mediante esse exame, pode-se afirmar que a referida escola necessita adequar-se para promover a inclusão escolar efetiva dos alunos cegos que a compõe.

CONCLUSÃO:

Após a realização da pesquisa sobre a inclusão escolar de cegos na região metropolitana de Belém, percebeu-se a incoerência entre o discurso verbalizado e a prática desenvolvida na escola, representando uma contradição, tanto no que se refere à escola investigada, quanto no que concerne ao discurso ideológico do Estado, o qual afiança que o projeto de inclusão escolar é uma realidade presente no contexto educacional brasileiro. Diante desta realidade, entende-se que o processo de inclusão caminha por uma nova ordem de pensamento e ação, longe de obter respostas imediatas para a problemática da inclusão do deficiente no contexto educacional, apenas visualizando uma variedade de perspectivas e desafios para a efetiva implementação dessa nova modalidade de ensino. Nesta perspectiva, a inclusão se coloca como um desafio para a escola pública, visto que, além das dificuldades acumuladas no decorrer da sua implementação, a escola passa agora a trabalhar com alunos deficientes no interior da classe regular, acentuando a necessidade do respeito à diferença que não é necessariamente tarefa que diz respeito apenas à capacitação de professores e às privilegiadas condições humanas e materiais na escola, mas sim uma construção coletiva da escola e da sociedade.

Palavras-chave: Inclusão escolar, Escola pública estadual, Deficiência visual.