61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 3. Toxicologia
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE TÓXICA DO EXTRATO AQUOSO DE Myrcia Guianensis (AUBLET) DC. – MYRTACEAE – FRENTE AO BIOENSAIO EM Artemia salina.
Nayana Yared Batista 1, 2
Ruth da Silva Predroso 1, 2
Elenn Suzany Pereira Aranha 1, 2
Luciana Aparecida Freitas de Sousa 1, 2
Rosa Helena Veras Mourão 1, 3
Ricardo Bezerra de Oliveira 1, 3
1. UFPA/ Campus Santarém/ Laboratório de Bioprospecção e Biologia Experimental
2. Acadêmicos de Ciências Biológicas/ Bolsistas PIBIC/CNPQ-UFPA
3. Doutor (a) da Faculdade de Biologia/ Orientador (a)
INTRODUÇÃO:

A família Myrtaceae compreende cerca de 140 gêneros com aproximadamente 3.000 espécies de árvores e arbustos, largamente espalhadas nas florestas brasileiras e distribuídas em regiões tropicais e subtropicais. O gênero Myrcia é um dos maiores da família e apresenta diferentes propriedades farmacológicas. Myrcia guianensis (Aublet) DC. é uma espécie conspícua em ambientes de vegetação aberta como savanas e capoeiras secundárias. É conhecida popularmente como Pedra-ume-caá, a qual se atribui múltiplas propriedades medicinais, tais como atividades analgésicas, antiinflamatórias, antihemorrágicas e antidiabéticas. No entanto, estudos para avaliar os efeitos tóxicos dessa espécie são escassos na literatura, o que torna necessário avaliar este efeito, uma vez que a planta é bastante usada pela população. Um método para avaliar a toxicidade de um composto é o bioensaio em Artemia salina, descrito por Meyer em 1982. A. salina é um microcrustáceo que apresenta sensibilidade a grandes variedades de compostos orgânicos, por isso tem sido utilizado como organismo-alvo para avaliar a toxicidade de extratos. O presente estudo avaliou a toxicidade do extrato aquoso da espécie Myrcia guianensis (Aublet) DC. frente ao bioensaio em Artemia salina.

METODOLOGIA:

A espécie M. guianensis (Aublet) DC. foi coletada de exemplar nativo em área de savana na comunidade São Pedro, Km 21 da Rodovia Everaldo Martins, na cidade de Santarém - Pará, entre 8:00 e 10:00 horas da manhã, na fase estéril. A espécie foi identificada por comparação de exsicatas existentes no herbário do Instituto Nacional de Pesquisa do Amazonas – Manaus, com número de registro Nº 181913 e depositadas no Herbário de Santarém (UFPA). As folhas foram selecionadas, secas em estufa à 40°C e moídas para obtenção de  um pó de fina granulação, do qual foi preparado o extrato aquoso na proporção de 1/10 (p/v). Para realização do bioensaio, os cistos de A. salina foram colocados para eclodir em solução marinha sintética a 3% por 48h, na proporção de 10mg de cistos para 100ml da solução. Após a eclosão, as larvas foram incubadas em tubos de ensaio (10 larvas/tubo) contendo o extrato nas concentrações crescentes (23; 46; 460; 4600 e 46000µg/ml) e solução marinha. O volume final de cada tubo foi de 5ml, bem como ao grupo controle. Os testes foram feitos em triplicata. Após 24 h de incubação foi feita a contagem das larvas mortas e vivas, e por meio da análise de Probito obtiveram-se os valores da Dose Letal Média (DL50). Foi considerado tóxico dose do extrato com DL50 < 80µg/ml.

RESULTADOS:

O possível efeito tóxico do extrato aquoso de Myrcia guianensis (Aublet) DC. foi avaliado frente ao bioensaio em Artemia salina, o qual se apresenta como uma forma fácil e rápida de avaliar a toxicidade de uma dada planta. Dolabela (1997), em seus estudos, estabeleceu critério de classificação dos extratos hidroetanólicos com base nos níveis de DL50 em Artemia salina, a saber: DL50 < 80µg/ml, altamente tóxicos; DL50 entre 80µg/ml e 250 µg/ml, moderadamente tóxico; e DL50 > 250µg/ml, com baixa toxicidade ou não tóxico. De acordo com a curva dose resposta obtida com o extrato aquoso de M. guianensis (Aublet) DC. a DL50 calculada foi de 120µg/ml, portanto, com base na classificação anteriormente citada, o extrato de M. guianensis (Aublet) DC. é considerado pouco tóxico ou atóxico.

CONCLUSÃO:

A utilização do bioensaio envolvendo Artemia salina na avaliação da toxicidade do extrato aquoso de folhas de Myrcia guianensis (Aublet) DC. – Myrtaceae – foi realizada de forma fácil e rápida, apresentando para este extrato baixa toxicidade. O resultado obtido é promissor, no entanto, outros ensaios deverão ser realizados, uma vez que esta espécie é bastante utilizada na medicina popular para diferentes fins terapêuticos.

Instituição de Fomento: UFPA (PARD, FAPESPA), CNPq, Amazongreen.
Palavras-chave: Myrcia gianensis, Toxicidade, Artemia salina.