61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 5. Micologia
FUNGOS ENDOFÍTICOS ISOLADOS DA FOLHA DO CUPUAÇUZEIRO (Theobroma grandiflorum)
Rafael Maciel dos Santos 1
Rogério Eiji Hanada 2
1. FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLOGIGAS/UNINORTE
2. COORDENAÇÃO DE PESQUISAS EM PRODUTOS FLORESTAIS/INPA
INTRODUÇÃO:
Os fungos endofiticos são microrganismos que habitam o interior dos tecidos vegetais sem causar danos aparente aos mesmos, alguns trabalhos relatam que os fungos endofíticos foram descritos pela primeira por volta dos meados do século XIX, mas por muito tempo não se atribuiu nenhum benefício aos mesmos. Entretanto, com o advento de novas técnicas microbiológicas surgidas nas últimas décadas, o interesse em microrganismos endofíticos tem aumentado à medida que novas funções são a eles atribuídas e, uma das funções, que esta em grande expansão na atualidade, gerando perspectiva para o futuro é a utilização desses microrganismos como controladores biológicos. Varias pesquisas vem sendo realizadas envolvendo o patossistema cupuaçu [Theobroma grandiflorum (Willd. ex. Spreng.) Schum.] e a doença vassoura-de-bruxa causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa (Stahel) Singer. A utilização de microrganismos endofíticos é uma alternativa promisora no controle dessa doença. Diante do exposto, o trabalho teve com objetivo dimensionar a diversidade de fungos endofíticos do cupuaçuzeiro que poderão ser testados como biocontroladores da vassoura-de-bruxa do cupuaçuzeiro.
METODOLOGIA:
As amostras das folhas de cupuaçuzeiro foram coletadas no sítio do senhor Henry Charlles, km 118 da BR AM-010, próximo ao município de Rio Preto da Eva, no estado do Amazonas, e transportado para o Laboratório de Patologia de Madeira do CPPF/INPA. Inicialmente essas folhas passaram por um processo de lavagem em água corrente com sabão neutro. Posteriormente foram levadas para câmara de fluxo laminar, onde foram retirados seis fragmentos de 25 mm2 a 50 mm2 de cada folha. Em seguida, os fragmentos foram imersos em etanol 70%; por um período de 30 segundos, na seqüência, imersos em hipoclorito de sódio 2,5%, por dois minutos e lavados em água destilada estéril por duas vezes para remoção do excesso de hipoclorito. Após este processo os fragmentos foram plaqueados em meio de cultura Malte-ágar 3%. A placa controle foi constituída de 100 ml de água destilada, utilizada na segunda lavagem, espalhadas com auxílio de espátula de Drigalsky sobre o meio para comprovar a desinfestação superficial. As placas, então, foram mantidas em incubadora a 25 0C, no escuro, durante 30 dias. As identificações foram realizadas levando em considerações os as aspectos macromorfológico das colônias e micromorfológico das estruturas vegetativas e reprodutivas dos isolados.
RESULTADOS:
Ao final do processo metodológico obteve-se 64 isolados, deste total 20 (31.25%) foram identificados em nível de gênero. Os fungos identificados foram classificados em cincos gêneros diferentes: Coniothyrium, Phoma, Nodulosporim, Pestalotiopsis, e Phomopsis. Os demais fungos, ou seja, 44 (68.75%), não produziram estruturas reprodutivas nas condições de cultivo utilizadas nesse trabalho, fundamental para sua descrição taxanômica por meio de morfologia. Do total de identificados, o fungo de maior ocorrência foi Pestalotiopsis spp. com seis (30%) e o de menor ocorrência foi Phomopsis spp. com apenas dois (10%) isolados. Destes, Coniothyrium sp. já vem sendo utilizado como agente biocontrolador parasitando vários patógenos de solo.
CONCLUSÃO:
No presente trabalho foi possível constatar que a folha de cupuaçuzeiro abriga uma heterogênea comunidade de fungos endofíticos. Estes microrganismos podem apresentar imenso valor biotecnológico, principalmente, relacionado à resistência de plantas a pragas, doenças e condições adversas.
Instituição de Fomento: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
Palavras-chave: Biodiversidade, Taxonomia, Biocontrole.