As comunidades ribeirinhas na região do rio Médio Solimões cultivam frutíferas para consumo e comercialização, sobretudo no mercado local. Porém, um dos fatores que limitam esta produção são as moscas-das-frutas. Estudar a fauna das moscas-das-frutas ao longo da calha do rio é de suma importância para avaliação do nível de dispersão biogeográfica desses tefritídeos. O presente trabalho objetivou avaliar a tefritidofauna associada as frutíferas.

As coletas foram realizadas no período de março de 2007 a dezembro de 2008 em quintais agroflorestais de oito comunidades ribeirinhas localizadas nas proximidades do traçado do gasoduto Coari-Manaus. Para captura dos adultos de moscas-das-frutas foram utilizadas armadilhas tipo MacPhail contendo como atrativo suco de maracujá a 20%. O material coletado foi armazenado em frascos de vidro com álcool 70% e devidamente etiquetados. Em seguida estes foram levados ao laboratório de entomologia da UFAM-FCA (Universidade Federal da Amazônia - Faculdade de Ciências Agrárias) onde os espécimes foram registrados, sexados e identificados com auxílio da chave taxonômica para o grupo.

Foram coletados 1.169 espécimes, correspondente a dez espécies de Anastrepha (Anastrepha obliqua, A. striata, A. antunesi, A. leptozona, A. serpentina, A. fenestrata, A. flavipennis, A. manihoti, A. sp1 e A. sp2). Registrou-se uma razão sexual de 0,54 para fêmeas. A. striata e A. obliqua foram as espécies que apresentaram maior freqüência 50% e 45%, respectivamente, representando 95% do total de fêmeas capturadas. Os meses de dezembro e março apresentaram maior quantidade de espécimes de moscas-das-frutas coletadas, provavelmente por ser o período de maior frutificação de manga (Mangifera indica - Anacardiaceae) e goiaba (Psidium guajava - Myrtaceae) seus principais hospedeiros. A. striata e A. obliqua também foram as espécies mais comuns tendo sido coletadas em sete das oito comunidades analisadas.  As demais espécies apresentaram uma freqüência menor que 4%.

Embora tenham sido coletadas várias espécies do gênero Anastrepha nos quintais agroflorestais, apenas duas espécies predominaram (A. striata e A. obliqua), possivelmente em função da ocorrência e disponibilidade de frutos hospedeiros, sobretudo das famílias botânicas: Myrtaceae e Anacardiaceae.