61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
ANÁLISE DO DESEMPENHO EDUCACIONAL DOS ACADÊMICOS INDÍGENAS NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
Jorcemara Matos Cardoso 1
Valteir Martins 1
Silvana Andrade Martins 1
1. Universidade do Estado do Amazonas
INTRODUÇÃO:
A entrada de acadêmicos indígenas pelo nível de cota, a partir de 2005, na Universidade do Estado do Amazonas, mostra que o Estado pode estar preocupado com a educação indígena que, há muito tempo, vem sendo trabalhada por muitos teóricos, especialistas e pelos próprios indígenas que buscam conseguir ter uma educação que não coloque seus costumes em segundo plano e não deixe acabar no esquecimento sua essência cultural. Devido a isso, surge o interesse de serem analisados os fatores que vão influenciar no desempenho de aprendizagem desses acadêmicos.
METODOLOGIA:
Os métodos indutivo e dialético auxiliaram no desenvolvimento de toda pesquisa, uma vez que, esta investigação foi pautada na observação de casos concretos, particulares, analisados empiricamente e, interpretados, considerando as influências políticas, econômicas e culturais envolvidas. No que se refere à obtenção, processamento e validação dos dados foram empregados os métodos observacional, principalmente, comparativo e estatístico, uma vez que se buscou analisar e comparar a média de desempenho dos acadêmicos indígenas. Em seguida, foram utilizadas como técnicas de pesquisa a aplicação de questionário e entrevistas semi-estruturadas para que se mantivesse maior contato com os acadêmicos. Por último, os dados conseguidos foram selecionados para posterior análise e interpretação, servindo como suportes para o estudo dessa temática.
RESULTADOS:
Diante dos resultados da pesquisa pôde-se observar que a Universidade do Estado do Amazonas dispôs de 146 vagas, distribuídas em 16 cidades dentre os quais se somaram 21 Escolas, Centros e Núcleos. Da análise dos dados, concluiu-se: 95 vagas indeferidas, no que correspondem a 65% e 51 vagas foram deferidas, o que equivale a 35% do total de vagas cedidas. Dessas vagas deferidas, verificou-se o grau de desistências e trancamentos, dos quais 02 acadêmicos obtiveram pedido de trancamento e 08 são dados como desistentes, sendo que, um dos principais motivos encontrados foi a não conciliação entre o emprego e a Universidade. Após isso, tirou-se a média de desempenho dos acadêmicos, ainda cursando, a qual foi comparada com a média de desempenho estipulada pela própria Universidade, que é de 6.0. Com a média tirada verificamos que a média Geral do 1º Período estudado foi de 7.87 e no 2º Período foi de 8.03. Num panorama geral, os acadêmicos indígenas estão acima da média, o que corresponde cerca de 86% e apenas 14% estão abaixo da média. O que se pôde observar com análise desses resultados, é que os acadêmicos indígenas não estão só ingressando à Universidade, eles estão conseguindo atingir um bom êxito e, com isso, mostrar que a cota é um passo na tentativa de minimizar o vácuo que é deixado na educação indígena no Ensino Básico.
CONCLUSÃO:
Este projeto visou desde o começo mostrar o desempenho que o acadêmico indígena teria ao ingressar à Universidade, ou seja, teve como objetivo mostrar quais os fatores que influenciaram nesse desempenho. Baseado nessa análise de dados chegou-se à conclusão de que esses acadêmicos, embora tenham dificuldades em relação a algumas questões em seus cursos, a maioria deles, cerca de 86%, está acima da média estipulada pela Universidade, ou seja, eles não só ingressaram no Nível Superior como conseguiram atingir uma média acima da estipulada pela Instituição. O que este projeto nos mostra é que os acadêmicos indígenas estão conseguindo fazer a diferença em cada curso em que estão situados. Embora haja muitas barreiras que lhe são postas, eles são capazes de enfrentá-las e ir em busca de seus objetivos. Considerando que o vestibular de 2006 dispôs de 172 vagas para a comunidade indígena, propõe-se que o nivelamento, já oferecido pela Universidade, seja mais organizado, a fim de que realmente sirva de apoio a estes acadêmicos principalmente. Também, propõe-se que haja mais discussões no âmbito acadêmico a respeito do ingresso dos indígenas através do nível de cota, uma vez que, os indígenas sofrem preconceitos por parte dos outros acadêmicos por causa da maneira que ingressam à Universidade. Portanto, espera-se que os resultados dessa pesquisa contribuam para as discussões em torno da temática sobre a entrada e permanência desses indígenas na universidade, alcançando bom êxito em seus estudos.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
Palavras-chave: Educação, Indígena , Cota.