61ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública |
PERCEPÇÃO DE PESSOAS IDOSAS COM DOENÇA DE PARKINSON ACERCA DAS MUDANÇAS OCORRIDAS EM SEU COTIDIANO. |
Lílian Maria Araújo Silva 1 Andréa dos Santos Souza 2 Isleide Santana Cardoso Santos 2 Antônio Oliveira Santos 3 Edméia Campos Meira 2 Edite Lago da Silva Sena 4 |
1. Universidede Estadual do Sudoeste da Bahia - Enfermeira graduada 2. Universidede Estadual do Sudoeste da Bahia - Mestre e Docente 3. Universidede Estadual do Sudoeste da Bahia - Especialista e técnico 4. Universidede Estadual do Sudoeste da Bahia- Doutora e docente |
INTRODUÇÃO: |
A doença de Parkinson (DP) é um problema neurológico que atinge com maior frequência pessoas idosas. Dados da Associação Brasil Parkinson expõe uma estimativa de A DP é uma doença neurodegenerativa, crônica, de causa desconhecida, que acomete principalmente o sistema motor. Caracteriza-se clinicamente por tremor de repouso, rigidez, bradicinesia, instabilidade postural e distúrbios da marcha. O idoso com DP encontra, com freqüência, dificuldades na adaptação, podendo gerar conflitos pessoais e familiares por muitas vezes não conseguir realizar sozinho uma ou mais atividades básicas e instrumentais da vida diária. Diante do exposto, este estudo teve como objetivo descrever a percepção de pessoas idosas com doença de Parkinson acerca das mudanças ocorridas em seu cotidiano. Acreditamos que esta pesquisa poderá contribuir para o planejamento de Políticas Públicas para pessoas com DP, uma vez que seus resultados permitem conhecer os principais problemas e incômodos vivenciados por esta clientela exigindo a implementação de cuidados que atendam as suas reais necessidades. |
METODOLOGIA: |
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória realizada no município de Jequié, no domicílio de pessoas idosas com doença de Parkinson. Os 10 sujeitos participantes do estudo foram localizados a partir do Programa de Dispensação de Medicamentos de Alto Custo da 13ª Dires, Jequié-BA. Atendendo as exigências da pesquisa envolvendo seres humanos, a coleta de dados foi iniciada após análise e parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da UESB, protocolo nº 019/2008. A técnica utilizada para a coleta de dados foi a entrevista semi-estruturada, gravada As informações provenientes da transcrição das dez entrevistas foram submetidas à Análise de Conteúdo de Bardin (1979). |
RESULTADOS: |
Os idosos participantes do estudo foram predominantemente do sexo masculino (70%), com baixa ou nenhuma escolaridade, casados (60%), na faixa etária de 70 anos e mais (80%), que convivem com a DP por um período igual ou superior a 6 anos (80%). Dos relatos dos idosos, foi organizada a categoria Perdas decorrentes da DP, com suas respectivas subcategorias. A subcategoria “Perdas biológicas” refere-se aos sinais e sintomas físicos que a doença provoca descritos pelos idosos como no relato a seguir: [...] meu corpo começou a ficar duro, as pernas também tremiam, meu queixo e já não estava conseguindo andar, ficava mais deitado[...]. Quanto à subcategoria “Perdas psicológicas”, esta revela as alterações percebidas pelas pessoas idosas com DP concernente a sua saúde mental: [...] me sinto triste, pois não faço mais nada, só fico aqui nessa cama [...] não tenho mais vida, estou esperando a hora de Deus me levar [...] é um castigo de Deus. E, por fim a subcategoria “Perdas sociais” que demonstram o rompimento ou dificuldade na manutenção das relações sociais estabelecidas: [...] gostava tanto de sair, encontrar o povo, conversar. Com essa doença fico isolado, não vejo ninguém [...] me sinto sozinho, não posso sair, ninguém vem me ver [...] |
CONCLUSÃO: |
O estudo retrata a convivência da pessoa idosa com as limitações provenientes da evolução da DP. Á medida que o tempo avança, os sintomas tornam-se mais evidentes, reduzindo a sua autonomia e independência para a realização de atividades e conseqüente dependência de terceiros. O seu relacionamento com familiares, vizinhos, amigos e comunidade também fica prejudicado, tendo em vista a dificuldade para caminhar/deslocar-se, bem como de comunicar-se. A grande maioria deixa claro que com o passar dos anos tem se tornado mais dependentes e isolados, envolvidos por um sentimento de desesperança, sensação de desânimo e tristeza crônica culminando com a perda da vontade de viver. Desse modo, urge a necessidade de inclusão social da pessoa idosa com DP por meio do desenvolvimento de tecnologias inovadoras de cuidado, que disponibilize a esta clientela um atendimento interdisciplinar com vistas a manutenção da capacidade funcional por maior tempo possível. Outro aspecto importante é a garantia da implementação de uma política de acessibilidade, uma vez que os portadores referiram dificuldade no deslocamento e risco para quedas em ruas sem pavimentação. Por fim, compete aos profissionais de saúde orientar a família cuidadora, considerando o caráter crônico-degenerativo da doença. |
Instituição de Fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia |
Palavras-chave: idoso , doença de Parkinson, percepção do cotidiano. |