61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
PERCEPÇÕES POPULARES SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS
Michelle Souza Oliveira 1
Flávio Cesar Almeida Tavares 1
1. Universidade de São Paulo
INTRODUÇÃO:

A busca pela cura tem encontrado nas plantas uma fonte consagrada de princípios ativos importantes para múltiplos usos seja por parte de populações antigas ou modernas. Planta medicinal, segundo a OMS, pode ser definida como todo e qualquer vegetal que possui em um ou mais órgãos, substâncias que possam ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos semi-sintéticos. Estas plantas vêm sendo continuamente pesquisadas e a flora brasileira, principalmente da Amazônia, aparece como a fonte mais importante de biodiversidade medicinal. Elas ainda contam com forte presença do conhecimento empírico, mas muitas pesquisas científicas têm comprovado as propriedades medicinais de várias plantas de uso popular. Estima-se que aproximadamente 75% da população mundial utilizem os fitoterápicos como única forma de acesso aos cuidados básicos de saúde devido à precariedade dos sistemas de saúde, além da facilidade e baixo custo para sua aquisição. O uso indevido ou a dosagem excessiva resultam em males à saúde, devendo ser evitado. Com esta perspectiva, neste estudo foi avaliada a percepção sobre o uso popular de plantas medicinais, especialmente quanto ao uso de plantas que podem ser tóxicas e em defesa da saúde e preservação da biodiversidade.

METODOLOGIA:

Em revisão bibliográfica foi pesquisada a importância do uso de plantas medicinais, sua finalidade e riscos de toxicidade, identificando-se algumas delas que são usadas como medicinais, mas que são tóxicas se ingeridas incorretamente como o confrey (Symphytum officinale), jurubeba (Solanum paniculatum), arnica (Lychnophora pinaster), mastruço (Coronopus didymus), trombeteira (Brugmansia suaveolens), arruda (Ruta graveolens), etc. e as mais usadas na Amazônia, a Copaíba (Copaifera spp) e a “Sacaca” (Croton cajucara). Considerando que há uma faixa etária de pessoas que procuram plantas medicinais como terapias alternativas ou constantes, foram aplicados 40 questionários a pessoas com a idade de 30 a 60 anos, com quatro questões que permitiram o levantamento de dados e informações a respeito do conhecimento popular sobre plantas medicinais, da influência dos meios de comunicação sobre a atitude popular, intensidade de uso de plantas medicinais, da busca por meios de informações confiáveis (médicos homeopatas) a respeito do uso das mesmas e do conhecimento popular sobre plantas tóxicas, considerando possíveis casos de intoxicação.

RESULTADOS:

Os dados levantados mostraram que todas as pessoas entrevistadas faziam uso de plantas medicinais para possíveis tratamentos de resfriado, gripe, dores intestinais e estomacais, dor de cabeça, insônia, úlcera, nervosismo, bronquite, doenças de pele, fadiga e exaustão e etc. Um problema identificado e que chama atenção foi de que 72.7% das pessoas se automedicavam. Do total, 60% fazem uso de erva-cidreira (Melissa officinalis), 50% hortelã (Mentha sp.), 30% boldo (Plectranthus barbatus), 24% camomila (Chamomilla recutita), 18% alecrim (Rosmarinus officinalis) e erva-doce (Pimpinella anisum) e 15% canela (Cinnamomum zeylanicum), sendo que alguns usam mais de uma destas plantas citadas. Outras plantas menos citadas foram babosa (Aloe sp.), quebra-pedra (Phyllanthus sp.), alho (Allium sativum) e carqueja (Baccharis sp.), com 12,1% de respostas, guaco (Mikania glomerata), confrey (Symphytum officinale), melhoral (Justicia pectoralis) e salsa (Petroselinum crispum) (9%) e com 6%, o gengibre (Zingiber officinale), abacate (Persea americana), alfavaca (Hyptis brevipes), losna (Artemisia absinthium), romã (Punica granatum) e unha de gato (Uncaria tomentosa). Em proporções ainda menores alcachofra, arruda, artemísia, avenca, maracujá, amora, mamão, louro, cavalinha, mentrasto e pitanga.

CONCLUSÃO:

A importância das plantas medicinais é mais bem conhecida pelo homem do campo, mas os entrevistados de classe média mostram que também detém a riqueza do conhecimento popular a respeito do assunto. Os dados coletados indicam a necessidade de melhor divulgação nesta área, pois o conhecimento sobre o uso de plantas medicinais pode ser facilmente alterado ou extinto pela influência dos meios de comunicação de massa, bem como pelos riscos que existem quanto ao uso indevido das mesmas, citando-se evitar longas terapias, pois perdem ou reduzem seu efeito em longo prazo; evitar o uso associado com medicamentos alopatas; adquirir o fitoterápico ou planta medicinal de fontes seguras. É preciso ter cuidado com: identificação errônea da planta, possibilidades de adulteração, interações entre medicinais e medicamentos alopáticos, efeitos de superdosagem, reações alérgicas ou tóxicas.

Instituição de Fomento: Programa de Educação Tutorial Biotecnologia Agrícola
Palavras-chave: Plantas medicinais, plantas tóxicas, fitoterápicos.