61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE MONITORES DE EXPOSIÇÕES ITINERANTES: CONSTRUÇÃO E TROCA DE SABERES NA ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS.
Eduardo Henrique Modesto de Morais 1
Cristine Carole Muggler 1
Dayanne Cremonez Amancio 1
Solange Marcelino 1
Ana Cristina Lopes Jorge 1
Jaime Augusto Alves dos Santos 1
1. Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef, Universidade Federal de Viçosa
INTRODUÇÃO:
O Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef (MCTAD) da Universidade Federal de Viçosa (UFV) iniciou suas atividades em 1993 como Museu de Minerais, Rochas e Solos e constitui um espaço onde se desenvolvem atividades educativas e de pesquisa e extensão universitárias. A partir de 2005, o seu escopo temático foi ampliado para Ciências da Terra e o Museu passou a dar mais atenção à popularização e divulgação cientificas. Nessa perspectiva, em 2007, o MCTAD passou a participar da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, realizando exposições temporárias e atividades educativas relacionadas aos temas das semanas. O interesse despertado pelas exposições fez com que, em 2008, o Museu iniciasse a sua itinerância, compartilhando o seu tema e as suas ações com as cidades da região na qual está inserido. Assim, foi proposto o projeto “Exposições Itinerantes como estratégia de articulação e potencialização das ações de divulgação científica do Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef, Viçosa, MG”. Este projeto tem como objetivo fortalecer as ações de sensibilização e divulgação científicas relativas às Ciências da Terra em dez municípios da Zona da Mata mineira e criar uma rede multiplicadora das ações do MCTAD, qualificando e potencializando a permanência das exposições através de cursos de formação e capacitação para professores e monitores locais. A primeira exposição “A Terra, um planeta especial” foi concebida e desenvolvida em 2007 e foi seguida pela exposição “Solos: Evolução e Diversidade, em 2008. As duas exposições encontram-se itinerando pela Zona da Mata de Minas Gerais. Um dos aspectos distintivos deste projeto são as ações educativas que acompanham a exposição e que buscam possibilitar a continuidade e a permanência da ação de divulgação e educação cientificas nos municípios visitados. Este trabalho descreve e apresenta a metodologia e os resultados obtidos com as atividades educativas durante a exposição realizada na cidade de Espera Feliz.
METODOLOGIA:
A divulgação e popularização das ações realizadas pelo MCTAD, principalmente devido à ausência de espaços que trabalhem assuntos relativos às Ciências da Terra na Zona da Mata de Minas Gerais, necessitam mais do que apenas a realização da exposição. É necessário que haja atividades que incentivem a apropriação da exposição pelas pessoas, promovendo a permanência e a continuidade da ação realizada. Essas atividades consistem de oficinas e cursos de formação para professores, agricultores, estudantes e demais interessados que, assim, podem se tornar monitores locais, responsáveis pela manutenção, atividades e itinerância da exposição durante o tempo de sua permanência na cidade. Os monitores assim capacitados se apropriam dos conteúdos da exposição e podem desenvolver a continuidade da ação, possibilitando a potencialização da ação do MCTAD. Nas oficinas e cursos os conteúdos são trabalhados a partir de uma proposta pedagógica fundamentada no sócio construtivismo de Paulo Freire, utilizando-se de metodologias participativas, que resgatam o conhecimento de cada um valorizando-o na construção coletiva do novo conhecimento. Nas oficinas de formação os conteúdos relacionados aos temas da exposição são construídos a partir da investigação e resgate do conhecimento no diálogo entre os participantes utilizando-se trabalho em grupos, manuseio de amostras e visitas de campo. Nessa prática, ao tornar os conteúdos mais significativos, os participantes têm a a possibilidade de se apropriar daquele conhecimento, conquistar autonomia e, assim, se empoderar da exposição.
RESULTADOS:
A primeira exposição foi realizada na cidade de Espera Feliz, situada na Zona da Mata de Minas Gerais, com 20.835 habitantes (IBGE, 2007). A exposição aconteceu em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Meio Ambiente, Casa da Cultura e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a partir de uma articulação nascida no Programa Teia . Para a realização da exposição, ocorreram reuniões de apresentação do MCTAD e do projeto, reconhecimento dos possíveis locais para a exposição e discussão do curso de formação, tanto conteúdos como metodologia. A partir dessa discussão foi definida realização da exposição em quatro locais e o oferecimento do curso em dois dias com a participação de pessoas indicadas pelas instituições e entidades locais. Assim, participaram do curso 25 pessoas, sendo 3 agricultores, 21 professores da rede municipal de ensino e 1 representante da Casa da Cultura, além de 6 bolsistas e estagiários do MCTAD. O curso consistiu de três oficinas: Minerais, rochas e solos, Percepção ambiental e Montagem e organização da exposição. Na primeira oficina o conteúdo de minerais, rochas e formação de solos foi abordado a partir do filme “Vulcão Kilauea” e com a utilização de um kit com diferentes amostras de minerais, rochas e materiais de solos. A segunda oficina consistiu em uma caminhada de percepção ambiental ao redor de uma das escolas que receberia a exposição, na qual foram discutidos e contextualizados no campo os temas trabalhados no dia anterior. A terceira oficina consistiu da montagem conjunta de painéis e mostruários e um exercício de visita monitorada à exposição. A abertura da exposição foi feita durante um evento cultural realizado na praça central da cidade, o que proporcionou o comparecimento de um grande número de pessoas. Durante a permanência na cidade, a exposição passou pela Casa da Cultura e por mais três escolas localizadas na zona rural do município. Ela permaneceu cerca de quinze dias em cada local, totalizando dois meses, recebendo mais de 400 visitantes apenas na Casa da Cultura.
CONCLUSÃO:
A ação apresentada neste trabalho é uma ação de divulgação e educação científicas em andamento que, entretanto, permite destacar as suas conquistas e os seus desafios. A opção de movimentar a exposição por diferentes locais do município visitado amplia e diversifica o público visitante, ao mesmo tempo em que democratiza o acesso deste ao evento, como se observou no caso das escolas da zona rural de Espera Feliz. Além disso, as atividades educativas relacionadas à exposição fortalecem e multiplicam a ação do Museu, através da formação e capacitação de monitores locais. O curso de formação possibilita a aprendizagem, o aprofundamento e a apropriação dos conteúdos da exposição por parte de atores locais que assim se empoderam e se capacitam para a continuidade da ação, multiplicando o Museu. A prática pedagógica do curso, em oficinas onde a abordagem dos conteúdos se dá na perspectiva construtivista utilizando metodologias participativas permite essa apropriação, pois a aprendizagem é significativa. Além disso, e não menos importante, esse trabalho fortalece e aprofunda a formação da equipe do Museu através dos momentos de preparação, estudo, desenvolvimento e avaliação da exposição e suas atividades, assim como a aprendizagem resultante do seu contato com diferentes realidades. Entre os desafios desta ação encontram-se a rotatividade de atores locais tanto nas secretarias municipais e outras instâncias de organização social como nas escolas. Assim, muitos dos participantes do curso de formação em Espera Feliz já não se encontram nos locais e postos que ocupavam há pouco mais de seis meses, dificultando assim a continuidade das ações. A existência de um espaço museológico na cidade poderia facilitar isto, mas mesmo assim ainda pode não ser suficiente, pois a apropriação de ações desta natureza depende ainda de vários outros fatores.
Instituição de Fomento: FAPEMIG, CNPq
Palavras-chave: Divulgação científica, educação em solos, educação em geociências.