61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
DETECÇÃO DO TEOR DE CINZAS E SÍLICA EM MATERIAIS LIGNOCELULÓSICOS
Suellyn Siqueira de Souza 1
Paula Oliveira dos Sanatos 1
Maria de Jesus Coutinho Varejão 1
Claudete Catanhede do Nascimento 1
1. INPA
INTRODUÇÃO:

A madeira certamente é um produto valioso, pois ela é, ao mesmo tempo, combustível, material de construção e matéria-prima para a fabricação de inúmeros artigos indispensáveis à vida humana. Os minerais fazem parte da constituição química da madeira e dependem das condições ambientais sob as quais a árvore cresce e de sua localização na planta. A sílica  sob a forma de SiO2, ocorre no interior das células, nos raios e no parênquima axial. A dureza dos silicatos lhes confere propriedades  físicas e mecânicas, impedindo o ataque de fungos e cupins. O efeito abrasivo da sílica eleva o grau de dureza da madeira e seu aproveitamento pode se tornar anti-econômico causado  pelos danos nos equipamentos, tornando inviável sua utilização. No  beneficiamento da madeira causa dificuldades no processamento na obtenção de peças: tábuas, vigas e outras. O mesmo efeito ocorre também, no processamento secundário pelo desgaste nas ferramentas de corte dos equipamentos. Nesse trabalho os autores buscaram uma metodologia com maior sensibilidade para detecção dos teores de cinzas e sílica por espectrofotometria na região do visível e comparar com o método gravimétrico

METODOLOGIA:

O material foi coletado na Comunidade Cristo Rei (área manejada) na BR 174, município de Presidente Figueiredo, Estado do Amazonas. Foram analisados nove resíduos de madeiras comerciais: Annona impressiveria (graviola brava), Duckeodendron cestroides (pupunharana),  Eschweilera odorata (matá-matá), Goupia glabra (cupiúba), Qualea homosepala (mandioqueira), Scleronema micranthum (cardeiro) e da indústria Precious Woods Amazon: Protium paniculatum (breu branco), Manilkara huberi (maçaranduba), Brosimum parinarioides (amapá). As amostras foram secas à temperatura ambiente, picotadas (Picotador Hombak) e moídas em moinho de faca (WILEY) para obtenção de serragem e peneirados a 60 mesh (ROTAP). Para amostra livre de extrativos usou-se a Norma TAPPI; a determinação da umidade em estufa a 80±102ºC e a análise da amostra livre de extrativos foi efetuada de acordo com a Norma ASTM. Para o teor de cinzas, procedeu-se à incineração do material em forno mufla (QUIMIS) a 600ºC; para determinação do teor de sílica (gravimetria) usou-se ácido sulfúrico (1:1) e ácido fluorídrico (48%) com posterior queima à temperatura de 850ºC. O teor de  sílica foi determinado por espectrofotometria na região visível (l= 711nm) (método de van der Vorm modificado), espectrofotômetro UNICO, 2100 UV-Vis.

RESULTADOS:

As espécies B. parinarioides e G. glabra apresentaram menor e maior teores de extrativos, 2,4 a 15,6%, respectivamente. O valor da média 7,4% considerada dentro dos padrões para as famílias analisadas. Quanto ao teor de cinzas, os menores e maiores valores foram de 0,27% na espécie D. cestroides, e 1,82% na espécie Q. homossepala (média = 0,63 ± 0,66%) mostrando grande variabilidade, mas todas as espécies apresentaram valores abaixo da espécie usada como padrão M. guineensis (muiratinga) que atinge o mais elevado teor de cinzas (8,4%) em espécies tropicais. Os maiores e menores teores de sílica pela gravimetria foram 0,10% (cupiúba) e 0,52% (pupunharana). No método espectrofotométrico, as espécies E. odorata e Q. homossepala apresentaram o menor e maior teor de sílica, 0,23% e 1,14 %, respectivamente.

CONCLUSÃO:

Verifica-se que a metodologia proposta no presente trabalho fornece resultados reprodutíveis e mais confiáveis que os obtidos pela metodologia tradicional. A metodologia gravimétrica é obsoleta, além de lenta e o uso de cadinhos de platina, de custo elevado. O uso dessa metodologia será de grande valor para  as indústrias da madeira com melhor processamento e de forma estratégica, com diminuição de custos agregados  ao produto, tornando-o mais barato e mais competitivo ao mercado consumidor. Os resultados não diferem dos teores de sílica das espécies madeireiras analisadas apresentaram-se menores que o padrão, portanto, seu uso é mais economicamente viável para a indústria  madeireira sem a troca constante das serras pelo desgaste e melhor uso da matéria-prima no mercado. O método espectrofotométrico mostrou-se mais sensível que o gravimétrico com análises mais rápidas,  e de uso economicamente viável para a indústria madeireira, menor custo do produto, mais competitivo para o seu uso correto no mercado.

Instituição de Fomento: CNPQ
Palavras-chave: Resíduos madeireiros, Cinzas/sílica, Tecnologia da madeira.