61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 6. Genética
VARIAÇÃO GENÉTICA EM QUATRO POPULAÇÕES DE Neoplecostomus yapo (TELEOSTEI: LORICARIIDAE) DA BACIA DO RIO PARANAPANEMA, BRASIL.
Juliana Strieder Philippsen 1
Cláudio Henrique Zawadzki 1
Erasmo Renesto 1
1. Universidade Estadual de Maringá
INTRODUÇÃO:
Neoplecostomus são peixes conhecidos como cascudinhos comumente encontrados em riachos de fundo pedregoso e águas rápidas. As espécies são de pequeno porte, variando entre 7,5–10,3 centímetros. Neoplecostomus paranensis era a única espécie do gênero na bacia do alto rio Paraná até recentemente, sendo diagnosticada pela ausência ou redução da nadadeira adiposa. Zawadzki et al. (2008) descreveram Neoplecostomus yapo proveniente do riacho Fortaleza, afluente do rio Yapó da bacia do rio Tibagi (afluente da margem esquerda do rio Paranapanema). Langeani (1990) destacou que as espécies de Neoplecostomus são muito semelhantes entre si e poucas são as proporções corporais que servem para caracterizá-las. Pelo fato de habitarem riachos de águas rápidas e fundo pedregoso, as populações de diferentes localidades podem estar isoladas geograficamente e se diferenciarem geneticamente. Zawadzki et al. (2004), estudaram  duas espécies de Neoplecostomus de bacias diferentes e verificaram uma distância genética muito alta entre elas apesar da semelhança morfológica geral. Assim, este projeto analisou quatro populações de Neoplecostomus yapo de riachos da margem esquerda do rio Paranapanema, para levantar dados sobre os status taxonômicos e a diferenciação genética destas populações.
METODOLOGIA:
Os peixes foram provenientes do ribeirão Atlântico, tributário do rio Pirapó, município de Mandaguaçu-PR; rio Verde, tributário do rio Tibagi, município de Ponta Grossa-PR; rio Fortaleza, tributário do rio Tibagi, município de Tibagi-PR e ribeirão Uraí, tributário do rio Tibagi, município de Londrina-PR, todos da bacia do rio Paranapanema. Amostras de fígado, coração e músculo esquelético branco foram congeladas e armazenadas em nitrogênio líquido. Para as análises, os tecidos foram macerados em tubos Eppendorf® juntamente com 200 µL de solução tampão Tris/HCl 0,02M, pH 7,5, e em seguida centrifugados. O sobrenadante foi submetido à eletroforese horizontal em gel de amido de milho (Penetrose 30®), utilizando-se dois tampões: Tris 0,135 M/Ácido cítrico 0,043 M, pH 7,0 (TC) na cuba e diluído 15 vezes no gel e Tris 0,18 M/Ácido Bórico 0,1 M/EDTA 0,004M pH 8,6 (TBE) diluído quatro vezes no gel. As eletroforeses foram realizadas durante 17 horas a 5º C com diferença de potencial de 250 V para o gel de Tris-citrato, e 450 V para o gel de Tris-borato-EDTA. Foram analisados 15 sistemas enzimáticos. As enzimas foram reveladas conforme protocolos fornecidos por Murphy et al. (1996).
RESULTADOS:
Os padrões de bandas eletroforéticas foram muito semelhantes às descritas por Zawadzki et al. (2004) em N. paranensis. Foram detectados 24 loci, dos quais, apenas dois (8,3%) exibiram polimorfismo (Gpi-A e Gdh) na população do rio Verde e dois (8,3%) na população do rio Fortaleza (Gpi-A, Gpi-B). As outras duas populações não apresentaram polimorfismo em nenhum dos loci detectados. A heterozigosidade média esperada para todos os loci foi 0,0195 (Verde), 0,0179 (Fortaleza) e 0,0000 para as outras duas. As medidas de variabilidade genética indicam que esta espécie apresenta baixa variabilidade genética como a maioria das espécies de loricariideos estudadas até o momento. Acreditamos que esta baixa variabilidade se deva aos hábitos sedentários desta espécie que leva à endogamia. Os valores de Identidade e distância genética de Nei (1978) entre as populações indicam que elas não apresentam estrutura genética, e podem ser consideradas como pertencentes à mesma espécie. Os valores de FIS = 0.5181, FIT = 0.5681 e FST = 0.1039 indicam que há excesso de homozigotos nos loci polimórficos e que as quatro populações são muito semelhantes geneticamente com baixa diferenciação entre elas.
CONCLUSÃO:
Os resultados obtidos mostram que as quatro populações analisadas pertencem à mesma espécie de Neoplecostomus yapo e que esta espécie apresenta baixa variabilidade genética.
Instituição de Fomento: CNPq - Universidade Estadual de Maringá
Palavras-chave: aloenzimas, Neoplecostomus, variação genética.