61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
AVALIAÇÃO DA CITOTOXIDADE DE NAFTOQUINONAS SINTÉTICAS EM MODELO DE Artemia franciscana E ERITRÓCITOS.
Ana Carolina Lima Ralph 1
Sabrina Baptista Ferreira 2
Vitor Francisco Ferreira 3
Emerson Silva Lima 4
Marne Carvalho de Vasconcellos 5
1. Fac. de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do Amazonas/UFAM-graduanda
2. Inst. de Química, Dep. de Química Orgânica, Universidade Federal Fluminense/UFF
3. Inst. de Química, Dep. de Química Orgânica, Universidade Federal Fluminense/UFF
4. Doutor da FCF, Universidade Federal do Amazonas/UFAM
5. Doutora da FCF, Universidade Federal do Amazonas/UFAM-orientadora
INTRODUÇÃO:
As quinonas possuem alta importância farmacológica por suas propriedades microbicidas, antitumorais e inibidoras de sistemas celulares reparadores podendo atuar pela formação deletéria de espécies reativas de oxigênio. Semelhantemente, as naftoquinonas agem como antifúngicas, anti-inflamatórias, analgésicas e antimaláricas. Dentre as naftoquinonas merecem destaque o lapachol (Tabebuia sp.), a lausona (Lawsonia sp.) e seus derivados. O lapachol é de fácil extração e tem a capacidade de produzir espécies reativas de oxigênio que podem danificar componentes celulares, induzir a apoptose e interferir na divisão celular de cânceres, além de ser cercaricida e moluscicida. A lausona compõe cerca de 1,0 a 1,4% das folhas de Lawsonia alba e caracteriza-se por apresentar atividade contra doenças de pele, principalmente as causadas por fungos, ser antioxidante, podendo agir contra o estresse oxidativo causado pelo tetracloreto de carbono, antipirética e, alguns de seus derivados podem combater o vírus HIV 1. Considerando-se o potencial farmacológico dessas substâncias, avaliou-se a citotoxidade dos derivados α-lapachona, β-lapachona (derivados do lapachol), IVS 0320 e IVS 0322 (derivados da lausona) em modelo de Artemia franciscana e eritrócitos humanos.
METODOLOGIA:
O teste de atividade hemolítica foi feito com sangue venoso em citrato de voluntários saudáveis. O resultado obtido nas substâncias testadas na concentração de 50µg/mL foram comparados com a hemólise causada pelo Triton x100 (controle positivo). O cálculo foi feito através da leitura da absorbância em leitora de microplaca (Thermo plate/ TP-READER) no comprimento de onda de 492nm. O teste com a Artemia franciscana foi realizado conforme o protocolo de Meyer et al (1982) em que os ovos foram incubados em solução salina (35g/L) a temperatura ambiente por 48h. Após eclosão dos ovos, as larvas foram colocadas em placa de 24 poços com cada poço contendo 10 microcrustáceos, sendo adicionadas, em seguida, as naftoquinonas testadas, em triplicata, mantendo os crustáceos em contato com as substâncias em duas concentrações, 10µg/mL e 20µg/mL, durante 24 horas, de forma a se obter a taxa de sobrevivência e de mortalidade ocasionadas pelas mesmas, sendo o cálculo feito através da fórmula: % mortalidade=(nº indivíduos mortos x 100)/nº total de indivíduos e o grau de toxicidade foi classificado de acordo com a mortalidade observada: 0-9% = não tóxico; 10-49% = ligeiramente tóxico; 50-89% = tóxico; 90-100% = altamente tóxico.
RESULTADOS:
Verificou-se que nenhuma das substâncias testadas provocou hemólise. Este resultado é favorável, uma vez que o teste de hemólise é um parâmetro de toxicidade e um resultado positivo poderia impossibilitar o uso terapêutico dessas substâncias. No teste com A. franciscana encontraram-se taxas de sobrevivência variando entre 96,7% e letalidade total. A α-lapachona na concentração de 20µg/mL apresentou letalidade total e com o IVS 0322 a 10µg/mL, obteve-se 96,7% de sobrevivência. Analisando-se pela escala de toxicidade, foi encontrado valores de tóxico (86,7% de mortalidade) a altamente tóxico (100% de mortalidade) para a α-lapachona em ambas as concentrações; de não tóxico, com taxa de mortalidade variando entre 6,9% e 10,0%, a ligeiramente tóxico, de 21,4% a 25,9%, para a β-lapachona e o IVS 0320, e; de tóxico, com mortalidade de 86,67% a 20µg/mL, a não tóxico, com mortalidade de 3,33% a 10µg/mL, para o IVS 0322.
CONCLUSÃO:
Os resultados mostraram a possibilidade de uso de α-lapachona, β-lapachona, IVS 0320 e IVS 0322 para possíveis fins farmacológicos, uma vez que não possuem citotoxicidade sobre a membrana de eritrócitos humanos. A alta letalidade no modelo de Artemia franciscana é considerada um fator positivo pela correlação da citotoxidade e a atividade antitumoral, tendo este teste se tornado preliminar para a verificação de substâncias para o desenvolvimento de novas drogas anticâncer. Dentro desta possibilidade, destaca-se a α-lapachona e o IVS 0322 a 20µg/mL pelos seus valores de mortalidade serem elevados.
Instituição de Fomento: CNPq e FAPEAM
Palavras-chave: Naftoquinonas, Derivados sintéticos, Citotoxicidade.