61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 2. Biologia - 1. Biologia da Conservação
CONSERVAÇÃO RIMA COM CULTURA
Francisca Helena Aguiar da Silva 1
Edinete Castro Andrade 2
Tânia Margarete Sanaiotti 3
Paulo César Machado Andrade 4
Sandra Helena da Silva Azevedo 5
Izamar dos Anjos Monteiro 6
1. Bolsista DTI/CNPq, Programa de Conservação Gavião-real - INPA
2. Bolsista JCA/FAPEAM, Programa de Conservação Gavião-real - INPA
3. Coordenadora Programa de Conservação Gavião-real - INPA
4. Coordenador Projeto Pé-de-pincha - UFAM
5. Bolsista Projeto Pé-de-pincha - UFAM
6. Bolsista DTCA/FAPEAM/C.F.C. Tavares
INTRODUÇÃO:
Dois grupos de pesquisa que trabalham desde 1999 em prol da conservação ambiental numa área rural na Amazônia, o Programa de Conservação Gavião-real do INPA e o Projeto Pé-de-Pincha da UFAM, decidiram contribuir com as comunidades do entorno dos ninhos de Gavião-real e tabuleiros de desova de tartarugas, estabelecer parceiras nas pesquisas. O objetivo era levar por meio de um evento anual, informações sobre ciência, saúde, educação, tradições culturais, alternativas econômicas ao uso do solo e divulgar a importância sobre a conservação do Gavião-real e dos Quelônios amazônicos, principalmente incentivar a valorização regional e despertar a expressão cultural local em área de Assentamento do INCRA, criou-se a Mostra de Ciências do Assentamento. Um segundo objetivo foi conseguir que as escolas incluíssem na grade curricular a Feira de Ciências.
METODOLOGIA:
O Assentamento Vila Amazônia do INCRA, Parintins, Amazonas, abriga 32 comunidades distribuídas em área de floresta de terra-firme e várzea, possui 30 escolas municipais com ensino fundamental, médio, tecnológico e EJA. Realizamos Mostras de Ciências anualmente entre 2004 e 2006, e em 2007 cinco Mostras itinerantes em diferentes comunidades, sediadas em uma escola. A cada ano trabalhou-se sobre temas relacionados à atividades alternativas à melhoria na qualidade de vida e à preservação do meio ambiente. A programação da Mostra de Ciências para os adultos consistia de mesas-redondas, palestras, oficinas e práticas de capacitação comunitária sobre plantio de mudas para reflorestamento, arborização, canteiros demonstrativos realizados por pesquisadores da EMBRAPA e IPHAM. As crianças e adolescentes participantes da Feira de Ciências permaneciam durante uma manhã expondo seus trabalhos para os visitantes, enquanto uma comissão avaliadora multidisciplinar julgava o desempenho e a abordagem do tema. As crianças menores de cinco anos, alunos e/ou filho de visitantes, participavam de atividades de educação ambiental lúdicas. Na área de visitação, stands de ONG e instituições públicas disponibilizavam informações e distribuiam folders de divulgação da pesquisa, ciência e conservação. Incentivamos a apresentações culturais (teatro, capoeira, danças folclóricas, músicos) com ênfase a valorização regional. Ao final, prêmios e medalhas eram entregues aos grupos de alunos selecionados que apresentaram trabalhos nas Feiras de Ciências e às Escolas dos melhores trabalhos.
RESULTADOS:
Durante os 11 eventos realizados, contamos com a participação de crianças e adolescentes do ensino fundamental e médio, agricultores, líderes de ONG’s e pesquisadores. Em 2004 e 2005, a sede do evento foi a comunidade Perpétuo Socorro-Laguinho, com 400 e 588 participantes respectivamente. Em 2006, 180 pessoas estiveram na II Mostra realizada na comunidade São Sebastião-Quebra. Em 2007, com a filosofia de descentralizar e incentivar a participação independente dos comunitários na organização do evento realizaram-se cinco Feiras nas Comunidades: Sta. Rita de Cássia-Valéria, Perpétuo Socorro-Laguinho, Independência, N.Sra. Aparecida-Miriti e Vila Amazônia. Neste ano, 814 pessoas participaram. Como resultado das aspirações da comunidade Independência e Nova Olinda, após o evento foi elaborado um documento para criação de uma reserva entre ambas comunidades, visando garantir a proteção das árvores que abrigam ninhos de Mauari (Ardea cocoi). Em 2008, foi a vez das escolas organizarem suas próprias feiras, três comunidades realizaram o evento independentemente: Independência, N.Sra. Aparecida-Miriti e Perpétuo Socorro-Laguinho, com a participação de 34, 98, 150 pessoas, respectivamente. Em 2002, membros da comunidade São Sebastião-Quebra criaram o Grupo de Proteção Ambiental “Gavião-Real”. No que se refere a expressão cultural, a mesma comunidade, por iniciativa própria elaborou em 2007 a I Festa do Gavião-real e em 2008 realizou a II Festa do Gavião-real. Em todo o dia, os comunitários convidados de todo o Assentamento desenvolvem discussões sobre temas agroecológicos, conservação ambiental e territorial. A noite acontece a culminância do evento com a apresentação da Dança do Gavião-real, onde crianças, jovens e adultos evoluem uma interpretação sobre a biologia, as ameaças e a conservação do Gavião-real. A Secretaria Municipal de Educação de Parintins a partir de 2007 incluiu no calendário Escolar a Feira de Ciências, tanto na área rural quanto na zona urbana. Bolsistas do Programa Jovem Cientista Amazônida - FAPEAM apresentaram trabalhos sobre a conservação do Gavião-real e participaram na organização.
CONCLUSÃO:
Garantia da manutenção da árvore do ninho em pé, diminuição da caça e aumento dos relatos e mapeamento de ninhos conhecidos no Assentamento do INCRA, adesão das comunidades a práticas básicas de produção de adubo orgânico, plantio de mudas para reflorestamento e arborização, formação de grupos ambientalistas e folclóricos. Difusão das práticas de reprodução e conservação dos quelônios da Amazônia.
Instituição de Fomento: INPA, UFAM, CNPq Edital Universal nº 4756633/2006-3, EMBRAPA, UEA, FAPEAM JCA e PAPE, Prefeitura Mun. de Parintins, SEJEL, SDS, IDAM, Malhas Carolina
Palavras-chave: Conservação ambiental, Gavião-real, Quelônios da Amazônia.