O presente projeto que tem por tema o direito das pessoas surdas, insere-se num contexto bem particular, que é o da afirmação dos direitos das minorias dentro da sociedade brasileira.

No caso das pessoas surdas, sua forma de comunicação é por gestos, que hoje são reconhecidos pela Lei N° 10.436 de 24 de Abril de 2002 que dispõe sobre a língua brasileira de sinais – LIBRAS. A lei determina que a LIBRAS é uma forma legítima de comunicação e expilcita que para as pessoas surdas terem seus direitos garantidos é necessário que as instituuições adaptem-se a elas. 

Como parte dessa discussão, surge quase automaticamente o questionamento de porque os surdos não aprendam a falar (a oralização) afinal é um grupo minoritário e a eles caberia adaptar-se aos demais.

 E o presente projeto também procurará desvendar os aspectos sociais, políticos e até mesmo culturais que envolvem a questão.

O estudo constitui-se de uma pesquisa qualitativa, caracterizada como um estudo de caso, partindo do grupo de 10 alunos surdos que atualmente cursam Pedagogia na Faculdade Martha Falcão. O curso é oferecido na mesma turma para alunos ouvintes e surdos e conta em todas as aulas e atividades pedagógicas com um tradutor.

O presente projeto utilizará com instrumento de pesquisa entrevistas semi-estruturadas com o apoio de um tradutor. Além das entevistas com os alunos surdos, serão entrevistados amigos, familiares, intérpretes de Libras, fonaudiólogos, médicos e professores, visando ampliar o campo de informações sobre o tema.

E a análise de coleta de dados utilizada ará a análise do discurso, cuja principal característica é a interpretação do discurso produzido por outros, que levarão através da utilização de palavras-chave uma conclusão enriquecida quanto à natureza qualitativa da pesquisa a que este trabalho se propõe.

Com base nos dados parciais dessa pesquisa, cuja fase atual se baseia num estudo mais aprofundado a respeito do respectivo tema, ampliado através de uma compilação metódica de informações que privilegia os principais conceitos norteadores do mesmo.

Podendo-se compreender de que forma ocorreu a construção histórica e social dos surdos, bem como entender às diferentes concepções no que diz respeito a surdez, ou seja, a história dos surdos contava por não surdos, mas também privilegiando o ponto de vista dos principais atores envolvidos nesses movimentos organizados pela comunidade surda, ou seja, o próprio surdo.

A partir dos resultados iniciais, pôde-se verificar que o conceito de surdez, como qualquer outro conceito, sofre mudanças e se modifica no transcurso da história. Que a luta da comunidade surda pela inclusão é uma forma de "garantia" de afastamento da "anormalidade" e aproximação das minorias normais, embora diferentes.

Antes os surdos eram considerados deficientes e a surdez era uma patologia incurável. Agora, eles passaram a ser diferentes. A história dos surdos é a história das relações entre comunidades surdas e ouvintes, é, portanto, uma história que expõe uma luta por poderes e saberes.

Dentro dessa perspectiva se faz necessário, reconhecer a diferença não no sentido de igualá-la à diferença de outros grupos, numa tentativa de "acabar com" a diferença - ou seja, tentando "normalizar" os surdos - nem mesmo no sentido de dizer que eles sofrem as mesmas limitações e restrições a que estão submetidos outros grupos minoritários, dominados, oprimidos, mas firmando um "reconhecimento político" da surdez e dos surdos. Esse reconhecimento político se pode traduzir em ações que considerem os direitos dos surdos enquanto cidadãos e o reconhecimento dos múltiplos recortes de suas identidades, língua, cognição, gênero, idade, comunidade e cultura.