61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 1. Serviço Social Aplicado
EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA MARIUÁ-JAUAPERÍ: MODUS VIVENDI DAS COMUNIDADES RIBEIRINHAS
CAROLINE NASCIMENTO ARAÚJO 1
MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO RODRIGUES CHAVES 2
ADRIANA PEREIRA CASTILHO 3
1. Assistente Social e Pesquisadora do Grupo Inter-Ação/UFAM/CNPq.
2. Docente do departamento de Serviço Social/UFAM, Líder Geral do Grupo Inter-Ação/
3. Assistente Social e Pesquisadora do Grupo Inter-Ação/UFAM/CNPq.
INTRODUÇÃO:

Este artigo objetiva apresentar o modus vivendi das comunidades ribeirinhas embutido na experiência de pesquisa realizada pelo Grupo Inter-Ação/UFAM, financiada pelo WWF- Brasil na Expedição Midiática no Arquipélago de Mariuá. A pesquisa buscou caracterizar as condições de vida das comunidades relacionando os aspectos sócio-econômicos e ambientais, de forma a quantificar e qualificar as informações obtidas sobre as atividades produtivas, as formas do uso dos recursos naturais e o acesso a bens e serviços sociais, bem como identificar os conflitos sócio-ambientais existentes na área e alternativas propostas pelas comunidades. A metodologia utilizada foi à pesquisa participante desenvolvida a partir de coleta de informações por meio de dinâmicas de abordagem grupal e individual e uso de técnicas e instrumentais de pesquisa, dentre eles destaca-se: aplicação de formulários, entrevistas semi-estruturadas, visitas domiciliares, reuniões comunitárias, conversas informais, registros fotográficos, observação sistemática, registros fonográficos e atividades sócio-educativas com os informantes em 06 comunidades do município de Barcelos/AM. Dentre os principais resultados destacam-se: identificação de diferentes visões dos comunitários referente aos conflitos sócio-ambientais; realização do diagnóstico socioeconômico, do uso dos recursos e das principais alternativas para a geração de renda; identificação das atividades ilegais na região; obtenção de informações qualificadas para subsidiar políticas públicas adequadas ao contexto regional amazônico.

 

METODOLOGIA:

 O Grupo Inter-Ação tem como principio metodológico norteador de suas ações a Pesquisa-ção, que se efetiva por meio de uma metodologia particular e inovadora, a metodologia Inter-Ação. Um conjunto de procedimentos técnico-administrativos foram implementados para a organização e realização das atividades de campo: Elaboração do cronograma de atividades, Reuniões Técnicas com a equipe, Preparação de documentos e encaminhamento ao Comitê de Ética em Pesquisa - CEP/UFAM, Contato com representantes institucionais; realização de leituras, fichamentos e sínteses – a atividade permeou todo o processo de desenvolvimento da pesquisa. A coleta de informações se deu por meio de dinâmicas de abordagem grupal e individual e uso de técnicas e instrumentais de pesquisa, dentre eles destaca-se: a aplicação de Formulários com questões abertas e fechadas sendo que este instrumento foi utilizado para caracterizar as comunidades no que concerne a infra-estrutura, organização comunitária, estrutura da produção, acesso a bens e serviços sociais, uso dos recursos naturais, identidade sócio-política, assim como, entrevistas semi-estruturadas, Visitas domiciliares, reuniões comunitárias, conversas informais, registros fotográficos, Observação sistemática, registros fonográficos e atividades sócio-educativas com os informantes em 06 (seis) comunidades do município de Barcelos – AM: Dom Pedro II; Cauburís; Santa Luzia; Carvoeiroe; Caju e Moura.

 

RESULTADOS:

Os objetivos pré-estabelecidos para a Expedição Mariuá-Jauaperi, foram todos alcançados na 1ª. fase do projeto, os quais destacam-se os seguintes resultados: identificação de diferentes visões dos comunitários referente aos conflitos sócio-ambientais; realização do diagnóstico socioeconômico, do uso dos recursos e das principais alternativas para a geração de renda; identificação das atividades ilegais na região; obtenção de informações qualificadas para subsidiar ações e estratégias da SDS e do IBAMA para os conflitos existentes. Ao tomar por referência o exposto no estudo realizado, entende-se que o desenvolvimento com sustentabilidade para os povos da região requer a implementação de um conjunto de medidas de cunho político-institucional e de caráter prático, tais como: a democratização do acesso aos fóruns de tomada de decisão para superação do processo de exclusão à participação a que estão relegadas as populações locais; a criação de alternativas econômicas viáveis e compatíveis e direcionadas para a valorização das habilidades e competências regionais para combater as disparidades econômicas e políticas existentes; o estabelecimento de um efetivo compromisso da sociedade amazônica, em todos os seus segmentos, pela conservação da vida (espécies vegetais e animais); a formulação de questionamentos aos fundamentos da ciência moderna, às práticas políticas e às políticas públicas; dentre outras. Tendo por base tal concepção, entende-se que o desenvolvimento ecologicamente viável só é possível quando socialmente justo.

CONCLUSÃO:

O estudo permitiu discutir no plano concreto das comunidades a forma como estão sendo viabilizadas as políticas públicas, os limites de acesso impostos aos comunitários em relação a educação, saúde, a assistência técnica e de crédito entre outras, que aprofunda a situação de empobrecimento existente. Os conflitos socioambientais existentes em relação ao usufruto dos recursos estão gerando conflitos internos às comunidades e requerem medidas urgentes do poder público. A intervenção nos contextos internos às comunidades pelo poder público municipal, com a indicação dos administradores, em alguns casos respeitou a representatividade do líder local, em outros subordinou as lideranças aos mandos e interesses políticos eleitorais afetando sobremaneira a autonomia da gestão comunitária. Cuja sistematização orienta-se pelo propósito de subsidiar a formulação de políticas públicas em defesa do Direito à Vida, dos Direitos Humanos, Sociais e Trabalhistas, a fim de afirmar a cidadania dessas populações, respeitando-as como seres humanos, agentes sociais e sujeitos de direitos com capacidade de atuar e gerir coletivamente as soluções para suas problemáticas, com o apoio do poder público e da iniciativa privada. No caso das populações pesquisadas, identifica-se a necessidade de ampliar os estudos que privilegiem a busca pelo conhecimento do modus vivendi desses povos e que as interpretações possam resultar na implementação de políticas públicas visando a sustentabilidade sócio-ambiental, respeitando o direito dessas populações de permanecerem em seus territórios com autonomia sócio-cultural e política.

 

Instituição de Fomento: World Wide Fund for Nature (WWF-Brasil).
Palavras-chave: Comunidades Ribeirinhas, Pesquisa Social, Conflitos Sócio-Ambientais..