61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 1. Administração Educacional
GESTÃO FINANCEIRA ESCOLAR COMO POLÍTICA PÚBLICA: APLICAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA LEVANTAMENTO DE PROCEDIMENTOS LEGAIS E ADMINISTRATIVOS, PROCESSOS PARTICIPATIVOS E MONTANTES DOS RECURSOS FINANCEIROS DESTINADOS ÀS ESCOLAS DE REDES PÚBLICAS
Mariana Peleje Viana 1
Leandro Tadiello Comarin 1
Rubens Barbosa de Camargo 1
1. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP)
INTRODUÇÃO:

A pesquisa Gestão financeira escolar como política pública: aplicação de instrumentos para levantamento de procedimentos legais e administrativos, processos participativos e montantes dos recursos financeiros destinados às escolas de redes públicas, está sendo desenvolvida há um ano e tem como objetivo geral o de buscar desenvolver instrumentos de análise sobre a gestão financeira realizada em escolas e redes de ensino, além de buscar desenvolver contribuições (legais, administrativas e políticas) para uma melhor gestão financeira escolar e educacional, com vistas à implementação de uma gestão democrática de ensino para viabilizar uma melhoria na qualidade educacional. Consiste na aplicação de instrumentos metodológicos para levantamento de dados junto a uma amostra de escolas, diretorias de ensino e órgãos centrais da Secretaria de Educação que envolvam a gestão financeira escolar, de forma a compreender as origens dos recursos financeiros que chegam à escola, os montantes e os destinos que serão por ela aplicados, além dos processos de participação e decisão envolvidos em sua execução financeira.

METODOLOGIA:

Para verificar como são os procedimentos legais e administrativos, os montantes dos recursos financeiros, seus usos e processos participativos e decisórios na gestão da escola pública, a pesquisa tem selecionado quatro escolas (duas de Ensino Fundamental de cada rede pública), já havendo aplicado instrumentos de coleta e sistematização de dados em uma escola da periferia de São Paulo, além de ter selecionado duas instâncias regionais das estruturas das secretarias de Educação responsáveis pelas escolas e duas outras instâncias centrais das estruturas das Secretarias responsáveis pela destinação de recursos financeiros para as escolas. A partir das amostras selecionadas, a pesquisa analisa a documentação legal, orçamentária e de prestação de contas dos recursos financeiros que chegam às escolas e às suas demais instâncias, verificando extratos bancários, Notas Fiscais, registros e atas de reuniões dos Conselhos Escolares (CEs) e das Associações de Pais e Mestres (APMs) a partir de elaboração e aplicação de instrumentos metodológicos de obtenção e sistematização de dados, organizando planilhas e roteiros para a pesquisa empírica, questionários e entrevistas com diretores, pais, professores, alunos, funcionários e participantes dos CEs e das APMs.

 
RESULTADOS:

A partir dos dados recolhidos pelos instrumentos metodológicos, tem-se levantado a realidade financeira e gestora da escola pública, trazendo dados sobre montantes dos recursos financeiros descentralizados disponibilizados à escola pública através do programa federal PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola); dos programas municipais de São Paulo PTRF (Programa de Transferência de Recursos Financeiros) e Verba de Adiantamento; e dos programas estaduais DMPP (Despesa Miúda e de Pronto Pagamento) e Verba de Manutenção Preventiva do Prédio e Equipamentos Escolares. Foi levantado o total de recursos  financeiros descentralizados da escola, tais como o de que uma escola municipal de São Paulo, com cerca de 830 alunos, que representa um montante de aproximadamente 70 mil reais de recursos financeiros transferidos por ano para aplicação em materiais de consumo, materiais permanentes, serviços de terceiros, manutenções emergenciais, entre outras despesas. Levantados ainda procedimentos sobre a movimentação de cada um dos recursos transferidos às escolas, sua aplicação e prestação de contas, além de dados sobre recursos próprios arrecadados pela escola e a gestão do total de recursos feita pelo Conselho Escolar (CE) e Associação de Pais e Mestres (APM).

CONCLUSÃO:

Tomando contato com a realidade financeira e gestora da escola pública pode-se concluir que a disponibilização de recursos e as pré-delimitações das aplicações das verbas transferidas às escolas poderiam ser mais descentralizadas e flexíveis, pois se constata que muitas vezes as regulamentações oficiais limitam ou vedam a aplicação de recursos em despesas que se demonstram necessárias para o bom funcionamento da escola. Ressalta-se que a maior descentralização de recursos pode permitir que as necessidades da escola sejam sanadas sem limitações arbitrárias. A gestão democrática dos recursos da escola pode vir a favorecer o envolvimento e a participação da comunidade escolar nos processos da escola, o que promove o exercício de participação política, essencial para a cidadania e o convívio em sociedade, além de criar um vínculo entre a escola e a comunidade que reflete também nas ações pedagógicas da escola e seus sujeitos.  

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
Palavras-chave: Politicas Públicas, Financiamento da Educação, Gestão Democrática.