61ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
PREVALÊNCIA DE MORBIDADE PSIQUIÁTRICA NA POPULAÇÃO RIBEIRINHA DO MÉDIO SOLIMÕES
Marilise Katsurayama 1
Rodrigo Otávio Moretti-Pires 2
1. Programa de Pós-Graduação Saúde, Sociedade e Endemias da Amazônia - Fiocruz
2. Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina
INTRODUÇÃO:

Os estados emocionais negativos estão associados na literatura científica a diversas conseqüências. Há certa tendência nos modelos explicativos a sobreposição entre as diversas morbidades psiquiátricas, que se tomam vulto dada a prevalência nas diversas populações no mundo contemporâneo. O objetivo do presente trabalho foi levantar a prevalência de morbidade psiquiátrica na população ribeirinha da Região do Médio Solimões em diferentes idades dos gêneros masculino e feminino.

 

METODOLOGIA:

Estudo epidemiológico de corte tipo transversal, em amostra aleatorizada, nas etapas de ‘região’, ‘rio’, ‘comunidade’ e, por fim, o cluster amostral foi considerado a ‘residência’ em que todos os adultos foram entrevistados. Foi realizada randomização para cada etapa da amostragem, de forma que se configurou como amostra casual. Referindo-se a uma população total de 20.353 ribeirinhos, dispersos em 232 comunidades, com razão entre os sexos de 0,96, conforme o definido por Kish para levantamentos populacionais a amostra calculada foi de 362 ribeirinhos, atribuindo-se um erro de 5%. Amostra final foi de 447 sujeitos, com 2% de não respondentes. O instrumento utilizado foi o Questionário de Morbidade Psiquiátrica (QMP) em sua versão reduzida com 25 questões, ponto-de-corte igual ou superior a sete pontos como critério de positividade. Originalmente, este instrumento foi desenvolvido como screening de morbidade psiquiátrica em geral, particularmente em relação à ansiedade, depressão e uso de álcool. Para o tratamento dos dados, utilizou-se o teste Mann-Whitney, com grau de confiança à 95%.

 

RESULTADOS:

As características da amostra masculina foram as seguintes: idade com amplitude entre 28 e 32 anos, com média de 30 anos, e 37,1% dos homens apresentaram score igual ou maior que 7. Para as mulheres: idade com amplitude entre 23 e 27 anos, com média em 25 anos, e 52,9% das mulheres com score igual ou acima do ponto de corte. Em ambos testes estatísticos empregados, houve diferença estatisticamente significante entre os gêneros, com p < 0,001. Portanto, o gênero feminino apresentou maior prevalência de morbidade psiquiátrica quando comparada com população masculina.

 

CONCLUSÃO:

Na década de 80, a maior morbidade psiquiátrica nas mulheres foi criticada por excluir os diagnósticos de distúrbios de personalidade e de alcoolismo, maior procura pela assistência médica pelas mulheres, maior percepção e relato dos sintomas, bem como alterações hormonais significativas. Diante do instrumento utilizado, os resultados corroboram o forte consenso existente na literatura quanto ao diferencial feminino/masculino para ansiedade, depressão e somatização.

 

Instituição de Fomento: FAPEAM
Palavras-chave: Morbidade psiquiátrica, População ribeirinha, Médio Solimões.