61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 1. Genética Animal
RESISTÊNCIA A INSETICIDAS ASSOCIADA A ESTERASES EM Ascia monuste (LEPIDOPTERA: PIERIDAE)
Renato Pereira Silva 1
Rafael César Bolleli Faria 1
Daniela Beraldo Barbosa 1
Carlos Ueira Vieira 1
Débora Cristina de Oliveira Nunes 1
Ana Maria Bonetti 1
1. Universidade Federal de Uberlândia / UFU
INTRODUÇÃO:

Ascia monuste, popularmente conhecida como curuquerê-da-couve, é uma praga que durante a fase larval ataca plantações de brássicas, provocando prejuízos aos produtores quando não é realizado o controle biológico ou químico. O uso intensivo e sem manejo adequado de inseticidas levou à seleção de indivíduos resistentes a diferentes classes de pesticidas. Vários mecanismos podem ser desenvolvidos por espécies resistentes à ação de inseticidas, dentre eles os bioquímicos, com destaque para a ação das enzimas esterases. As carboxilesterases e acetilcolinesterases são as esterases que têm sido mais estudadas na avaliação de resistência. O estudo da biologia de pragas resistentes permite que sejam adotadas medidas corretas de manejo de pesticidas, como a rotatividade, que evita a pressão seletiva sobre uma população e a conseqüente seleção da resistência. O objetivo desse trabalho foi analisar o papel das esterases na resistência a inseticidas em Ascia monuste.

METODOLOGIA:

Em populações de Ascia monuste determinou-se o número de instares larvais e o perfil esterásico durante o desenvolvimento larval. Investigou-se, ainda, a atividade esterásica e o perfil proteico em grupos susceptíveis e tolerantes, provenientes de bioensaios com os seguintes inseticidas: paratiom metílico 2% (organofosforado), carbaril 2,5% (carbamato) e deltametrina 2% (piretróide). Os perfis esterásicos foram detectados em gel de poliacrilamida 14%. Após a separação eletroforética, a identificação das esterases foi realizada de acordo com o método de LAPENTA et al., (1998) e a classificação das enzimas de acordo com OAKESHOTT et al., (1993). Os géis foram submetidos à análise por densitometria óptica no programa Scion Image 4.0.3.2. A atividade esterásica total foi verificada em placa de microtitulação com absorbância determinada em espectrofotômetro a 595nm. O perfil protéico de indivíduos susceptíveis e tolerantes foi analisado em SDS-PAGE 16% a partir do sistema descontínuo de LAEMMLI (1970). A análise estatística foi realizada utilizando-se ANOVA seguida de comparações múltiplas de Tukey no programa GraphPrism versão 4.0.

RESULTADOS:

Em Ascia monuste averiguo-se a presença de cinco instares larvais, nos quais detectou-se um total de seis regiões com atividade esterásica, numeradas de EST1 a EST6. No bioensaio realizado foi encontrada resistência de 20% ao organofosforado, 62% ao carbamato e 4% ao piretróide. O perfil esterásico do 5º instar larval de indivíduos susceptíveis e tolerantes apresentou três regiões principais nomeadas de EST1, EST2 e EST3. Das três regiões apenas a EST3 (acetilcolinesterase) apresentou diferença significativa de atividade entre os indivíduos susceptíveis e tolerantes, para os inseticidas testados. Os resultados sugerem que a EST3 esteja envolvida no processo de resistência aos inseticidas, atuando na hidrólise do agroquímico e possibilitando a sobrevivência dos indivíduos. Outra hipótese é que ela tenha sua produção elevada para inativar o inseticida. Os resultados da atividade esterásica total em placa de microtitulação indicam, também, uma possível participação das esterases no mecanismo de resistência a inseticidas em Ascia monuste. No perfil protéico foi detectada uma banda de massa molecular 82,5 KDa preferencialmente expressa em indivíduos tolerantes.

CONCLUSÃO:

Os resultados indicam que, assim como em outras espécies-praga, as esterases estão envolvidas no processo de resistência a pesticidas em Ascia monuste. O uso e manejo inadequado de agroquímicos, provavelmente, têm influência na efetiva resistência de Ascia monuste aos inseticidas das classes organofosforado, carbamato e piretróide. É necessário detectar o nível de resistência das populações a cada classe de inseticida, optando-se, pelo mais eficaz e realizando a rotatividade dos produtos, para evitar ou minimizar a seleção de resistentes.

Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Ascia monuste, esterases, resistência a inseticidas.