61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
EFEITO DE TRATAMENTOS PRÉ-GERMINATIVOS SOBRE A QUEBRA DA DORMÊNCIA DAS SEMENTES DE QUATRO ESPÉCIES PIONEIRAS DE FABACEAE NATIVAS DE SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA, AM
Aramis da Cruz Noronha 1
Luiz Augusto Gomes de Souza 2
1. Acadêmico de Agronomia da UFAM, Bolsista PIBIC-FAPEAM
2. Pesquisador Dr. - INPA-CPCA, Manaus, AM - Orientador
INTRODUÇÃO:
As espécies pioneiras e colonizadoras de áreas secundárias são plantas estrategistas e de importância ecológica, por terem papel ativo na sucessão secundária vegetal. São plantas rústicas e bem adaptadas a solos de baixa fertilidade. Nos estudos agronômicos, alguma atenção é dedicada à seleção de novas espécies para cultivo em sistemas sustentáveis de produção, especialmente para adubação verde. Desse modo, as Fabaceae (Leguminosae) são importantes pela habilidade da nodulação e fixação de N2, que muitas espécies possuem. As espécies pioneiras têm crescimento rápido e sementes duras e resistentes, que se conservam por longos períodos no banco de sementes do solo. Nestas espécies o mecanismo de dormência mais atuante, entre as que têm sementes do tipo ortodoxas, é devido à dureza e impermeabilidade do tegumento. Na Amazônia, muitos estudos básicos ainda precisam ser feitos para conhecer melhor os recursos da biodiversidade. Este trabalho teve como objetivo identificar o método pré-germinativo mais adequado para superar a dormência das sementes de mata cabrito (Clitoria falcata Lam var. falcata Lam), guizo de cascavel (Crotalaria micans Link), unha de gato (Mimosa punctulata Benth.) e rabo de camaleão (M. rufescens Benth.), coletadas da região de São Gabriel da Cachoeira, AM.
METODOLOGIA:
Foram obtidos frutos de quatro espécies de Fabaceae sendo uma espécie herbácea (C. falcata var. falcata), um arbusto (C. micans), e duas espécies lianescentes (M. punctulata e M. rufescens). A taxa de embebição e conteúdo de umidade das sementes, para todas as espécies, foram inferiores a 14,0 %. Foram conduzidos ensaios de germinação em sementeiras preenchidas com areia, com casca de arroz como cobertura de semeio. Os seguintes tratamentos foram aplicados: Testemunha (sementes sem escarificação); água a 100ºC; atrito entre lixas PN 150 por 1 minuto e exposição ao H2SO4 por 5 minutos. Todas as sementes permaneceram em água por 24 h antes da semeadura. A contagem da germinação e irrigação do substrato foi feita diariamente. O critério para considerar uma semente germinada foi a emergência do caulículo. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com 4 tratamentos e 4 repetições de 25 sementes, totalizado 400 sementes por ensaio. Para avaliar o efeito dos tratamentos considerou-se a porcentagem de germinação e o Índice de Velocidade de Emergência - IVE. Os dados de germinação e do IVE foram submetidos à análise de variância após transformação para arcoseno √x+0,01 e √x+0,01, para efeito de análise. Comparações entre médias foram feitas pelo teste de Tukey.
RESULTADOS:
Todas as espécies apresentaram mecanismos de dormência nas sementes e germinação do tipo epígea fanerocotilar. A primeira emergência de C. micans deu-se aos 2 dias após a semeadura, para M. rufescens aos 3 dias e para C. falcata falcata e M. punctulata aos 4 dias. A escarificação ácida foi o método pré-germinativo mais eficiente para a quebra da dormência destas espécies, com taxas de germinação de 76,7, 66,0, 66,0 e 69,0 % para C. falcata falcata, C. micans, M. punctulata e M. rufescens, respectivamente, concordando com os dados do IVE. O período germinativo das sementes escarificadas com ácido foi entre 10-16 dias. Para C. falcata falcata o atrito entre lixas resultou em 96,7 % de sementes germinadas, não diferindo do tratamento com ácido sulfúrico, mas essa espécie teve a sua germinação prejudicada pelo emprego de água em ebulição. Por outro lado, a escarificação mecânica com lixas não foi eficiente para C. micans, M. punctulata e M. rufescens, mas estas espécies incrementaram significativamente sua germinação com o choque térmico, que favoreceu a germinação das sementes, e têm baixo custo e pouco risco. Aos 30 dias em sementeira, todas as espécies já apresentavam folhas definitivas, permitindo o seu transplantio e prosseguimento das etapas de produção de mudas para o cultivo.
CONCLUSÃO:
A dormência de sementes em Clitoria falcata var. falcata, Crotalaria micans, Mimosa punctulata e M rufescens foi atribuída a dureza e impermeabilidade do tegumento. Para boa germinação destas espécies com fins técnicos científicos, o favorecimento dos processos germinativos pode ser obtido com o tratamento das sementes pela imersão em ácido sulfúrico concentrado por 5 minutos de exposição. Nas sementes de C. falcata falcata a escarificação mecânica pelo atrito entre lixas por um minuto, é um método pré-germinativo eficiente e de fácil adoção em pequenas propriedades interessadas em seu cultivo. Para as espécies C. micans, M. punctulata e M. rufescens o choque térmico com água em ebulição sobre as sementes favorece a quebra da dormência, resultando em germinação eficiente.
Instituição de Fomento: FAPEAM, FINEP – Projeto Fronteiras
Palavras-chave: Propagação vegetativa, Germinação, Sementes ortodoxas.