61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
COLONIZAÇÃO DE DESMÍDIAS E DIATOMÁCEAS ADERIDAS EM SUBSTRATO ARTIFICIAL NO LAGO CATALÃO (AMAZONAS - BRASIL)
Andreia Cavalcante PEREIRA 1
Karla Ferreira de SOUZA 1
Sérgio MELO 1
João Henrique AMARAL 1
Daniele Machado VIEIRA 1
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA/CPBA Lab. Plâncton
INTRODUÇÃO:
Entre os grandes grupos de microalgas de águas continentais, destacam-se as desmídias (Chlorophyta) e diatomáceas (Bacillariophyta), em função da elevada riqueza de espécies. As desmídias estão presentes no fitoplâncton, mas freqüentemente podem ser derivadas de comunidades perifíticas (Happey-Wood, 1988) estando associadas às macrófitas aquáticas, onde podem ser mais comuns e diversas. No entanto, quando desalojadas dos substratos são levados ocasionalmente para a coluna d'água por fatores como a turbulência (Coesel, 1982). O grupo das diatomáceas se constitui de organismos basicamente unicelulares, embora algumas espécies possam formar colônias. São consideradas como colonizadoras rápidas e eficientes, e grande parte das espécies e seus representantes apresenta estruturas especializadas para fixação ao substrato (Cetto et al., 2004). Para qualquer tipo de água na Amazônia, são raros os estudos ecológicos sobre as comunidades de algas em geral, e sobre o perifíton em particular. O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar a colonização de espécies de algas perifíticas, em especial, desmídias e diatomáceas, utilizando-se substrato artificial em bancos de macrófitas e na região limnética.
METODOLOGIA:
O lago Catalão está localizado entre as coordenadas 3º10’05,9’’S e 59º54’35,3’’W. As amostras foram obtidas entre os dias 08 e 12 de agosto de 2008, em seis estações de coleta, sendo três na região limnética e três na região litorânea. Em cada estação foi introduzido um suporte de plástico, sendo um na zona limnética e outro dentro de bancos de macrófitas (Paspalum repens Bergius), contendo 10 fixadores de plástico cada um com uma folha de acetato de tamanho 10,5 x 14,8 cm. As folhas de acetato ficaram submersas na água, em uma profundidade de 60 cm e todos os dias, pela manhã, uma folha de acetato foi retirada de cada suporte. As coletas foram realizadas durante cinco dias, totalizando 30 amostras (15 limnética e 15 em bancos de macrófitas). As folhas foram totalmente escovadas e lavadas com água destilada. Cada amostra coletada foi armazenada em frasco de vidro de 100mL e fixada com solução Transeau. A identificação das desmídias e diatomáceas foi baseada nas características morfológicas observadas em microscópio óptico. Após a identificação das espécies foi efetuada análise estatística através do teste “t”, para averiguar as diferenças em riqueza de espécies de desmídias e diatomáceas na região limnética e em bancos de macrófitas.
RESULTADOS:
Foram identificados 120 táxons de algas, distribuídos em 37 gêneros. As diatomáceas apresentaram maior riqueza específica com 75 táxons enquanto as desmídias 45 táxons. O gênero mais representativo de diatomácea foi Eunotia Ehrenberg (Bacillariophyceae) com 14 espécies. Para as desmídias Staurastrum Meyen e Closterium Nitzsch (Conjugatophyceae) com 10 e nove táxons, respectivamente, foram os gêneros mais representativos. Dos dois ambientes analisados, os bancos de macrófitas apresentaram maior número de táxons (115), a região limnética apresentou 78 táxons, desses, 61% foram comuns aos dois ambientes, 35% foram exclusivos do banco de macrófitas e apenas 4% dos táxons foram restritos à região limnética. No decorrer dos cinco dias de amostragem houve aumento gradativo do número de táxons tanto na região limnética quanto nos bancos de macrófitas. Houve um número significativo e maior de táxons nas amostras associadas os bancos de macrófitas de que na zona limnética ( t= p< 0,01). O dendograma de similaridade de Jaccard demonstrou que não houve separação evidente na composição das amostras obtidas nos dois ambientes/ habitat (macrófitas e zona limnética). Entretanto, observa-se tendência de separação das amostras em função dos dias de colonização.
CONCLUSÃO:
A elevada riqueza constatada e as diferenças entre zona limnética e os bancos de macrófitas ressaltam a importância de serem realizados mais estudos sobre a comunidade de algas perifíticas e assim complementar as informações de diversidade na Amazônia. Apesar de esse estudo apresentar um número elevado de espécies, e ser o pioneiro em fornecer dados de riqueza destes grupos de algas em substratos artificiais, é recomendado um estudo mais aprofundado, através do aumento do número de estações de coleta e, principalmente, dos dias amostrados, para que se possa aprofundar no estudo sobre a sucessão ecológica destes grupos de algas.
Instituição de Fomento: FAPEAM, CNPq, CAPES
Palavras-chave: algas perifíticas, águas mistas, substrato artificial, zona limnética.