61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
ESTABELECIMENTO DE UM PROTOCOLO PARA ASSEPSIA E CULTIVO IN VITRO DE EXPLANTES FOLIARES DE PAULLINIA CUPANA (GUARANAZEIRO).
Josimara de Souza Teixeira 1, 2
Maxwell Santos Cabral 1, 2
Danival Vieira Freitas 1
Luis Antônio Serrão Contim 1
André Luis Wendt dos Santos 1
1. Laboratório de Biotecnologia Vegetal, Centro Universitário Nilton Lins, Manaus
2. Graduandos do curso de Farmácia e bolsistas do programa PIBIC/FAPEAM
INTRODUÇÃO:
O cultivo in vitro de espécies vegetais é uma das alternativas mais promissoras para propagação clonal de plantas com alto valor econômico. Dentre as técnicas existentes de cultivo in vitro, a embriogênese somática (produção in vitro de embriões sem a fusão de gametas), destaca-se como uma das alternativas mais promissoras para propagação massal clonal de genótipos elites, e produção em larga escala de compostos com potencial biotecnológico. Apesar disso, quase não existem relatos da aplicação desta técnica para espécies da flora Amazônica, sobretudo para as espécies vegetais com alto valor econômico como, por exemplo, o guaranazeiro. A embriogênese somática é composta por quatro fases: a) indução de culturas embriogênicas (CE) b) proliferação das CE c) maturação dos embriões somáticos e d) germinação de plântulas. Visando a perpetuação do ganho genético, a indução das culturas embriogênicas precisa ser realizada a partir de explantes maduros coletados de genótipos elite. Contudo, o cultivo in vitro destes explantes nem sempre é possível em função das altas taxas de contaminação com microorganismos e oxidação dos tecidos vegetais. O objetivo do presente trabalho foi o estabelecimento de um protocolo eficiente para assepsia e cultivo in vitro de explantes foliares de guaranazeiro. O estabelecimento in vitro deste material permitirá a realização de novos ensaios visando à indução de culturas embriogênicas no guaranazeiro.
METODOLOGIA:
Folhas de guaranazeiro foram obtidas a partir de mudas produzidas no Viveiro Florestal do Centro Universitário Nilton Lins. Após a coleta, as folhas foram mantidas em solução 1% (p/v) de PVPP até o momento da realização dos experimentos de desinfestação. Foram realizados os seguintes experimentos: a) submersão das folhas durante 25 min em diferentes concentrações de hipoclorito de sódio (2 % (p/v) cloro ativo) (0, 5, 15, 25, 50% (v/v)), b) submersão das folhas durante 25 min em diferentes concentrações de nitrato de prata (0, 0,1, 0,5 e 1% (p/v)); c) submersão das folhas durante 25 min em diferentes concentrações do fungicida Cuprogarb® (0, 50, 100, 200, 350 e 500 mg/l) e posterior imersão por 25 min em solução de hipoclorito de sódio 50% (v/v); d) submersão das folhas durante 25 min em diferentes concentrações do fungicida Dithane® (0, 50, 100, 200, 350 e 500 mg/l) e posterior imersão por 25 min em solução de hipoclorito de sódio 50% (v/v); e) submersão das folhas em solução de 500 mg/l de Cuprogarb® ou Dithane® durante diferentes tempos de exposição (30, 60, 90 e 120 min) e posterior imersão por 25 min em solução de hipoclorito de sódio 50% (v/v). Após a assepsia, os explantes foram inoculados em tubo de ensaio contendo meio ½ MS suplementado com 2% (p/v) de sacarose e 0,15% (p/v) de carvão ativado. Os explantes foram mantidos a 26 ± 2 C em fotoperiodo de 16/8 (claro/escuro). A cada três dias foi feita a contagem dos explantes apresentando contaminação com fungo ou bactéria (tempo total: 30 dias).
RESULTADOS:
Uma das maiores dificuldades para a micropropagação do guaranazeiro está na alta taxa de contaminação com microorganismos, observada nos explantes (folhas e pecíolos) utilizados no cultivo in vitro. Com o intuito de amenizar este problema, diferentes compostos e tempos de exposição foram testados durante o estabelecimento de explantes foliares de guaranazeiro in vitro. Diante das concentrações e tempo de exposição testados, tanto o hipoclorito de sódio, bem como o nitrato de prata foram ineficientes durante o processo de desinfestação de folhas de guaranazeiro. Até o oitavo dia de cultivo, 100% dos explantes inoculados em meio ½ MS apresentaram contaminação com fungo. A fim de diminuir a incidência de contaminação fúngica, dois diferentes fungicidas (Dithane® e Cuprogarb®) foram testados durante o estabelecimento do protocolo de assepsia. Para ambos os fungicidas, a concentração de 500 mg/l apresentou as melhores respostas com redução de 30% no número de explantes contaminados. Contudo, com o aumento do tempo de exposição dos explantes a ambos os fungicidas, foram possíveis observar diferenças significativas com relação ao número de explantes livres de contaminação. No geral, o aumento do tempo de exposição dos explantes a ambos os fungicidas foi favorável na desinfestação do material. Contudo, a utilização do Cuprogarb® (60% de explantes estabelecidos) por 120 min se mostrou superior ao uso do Dithane® (30% de explantes estabelecidos) durante o processo de assepsia dos explantes.
CONCLUSÃO:
Apesar de ainda serem registrados níveis consideráveis de contaminação com fungos, o uso do fungicida Cuprogarb® associada ao hipoclorito de sódio apresentou um desempenho satisfatório no processo de desinfestação de explantes foliares de guaranazeiro. Os resultados obtidos permitirão o estabelecimento de novos testes, visando à indução de culturas embriogênicas a partir de explantes foliares cultivados in vitro.
Instituição de Fomento: Banco da Amazônia (BASA), Fundação Nilton Lins, CNPq/CT-Amazônia e FAPEAM.
Palavras-chave: guaranazeiro, cultivo in vitro, desinfestação.