61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia
EFEITO DA BIOMASSA DE LEGUMINOSAS COMO FONTE DE NITROGÊNIO NA PRODUÇÃO DE ALFACE EM SOLO DE VÁRZEA,MANACAPURU/AM
Sônia Sena Alfaia 1
Luiz Augusto Gomes de Souza 1
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
INTRODUÇÃO:
O solo de várzea classificado como Glei Pouco Húmico apresenta alta fertilidade natural, com teores elevados de cálcio, magnésio, potássio e fósforo, baixa concentração de alumínio trocável e pH considerado médio. Apesar disso, alguns estudos têm mostrado que o nitrogênio é um dos principais nutrientes limitantes para a produção agrícola. O fornecimento de N para as culturas nesses solos poderia ser efetuado através da fixação de N atmosférico das leguminosas que ocorrem naturalmente neste ecossistema. Estudos conduzidos em áreas de produtores rurais na calha dos rios Solimões/Amazonas mostraram que os agricultores não fazem uso das leguminosas, e não tem o conhecimento do benefício dessas espécies como fornecedoras de nitrogênio para as plantas. O presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar o efeito de quatro leguminosas nativas como Papo de mutum - Canavalia boliviana,  Feijão miúdo – Rhynchosia mínima, Maliça grande – Mimosa pigra e Mulungu – Erythrina fusca  na produção orgânica da alface (Lactuca sativa L.) em solo de várzea. Os agricultores familiares participaram da escolha da espécie hortícola, preparo de área, manejo e avaliações em campo. A alface (Lactuca sativa L.), planta herbácea, muito delicada, com caule diminuto não ramificado e folhas muito grandes é uma das poucas hortaliças consumidas exclusivamente in natura. O cultivo orgânico dessa hortaliça, gera um produto com melhores características sensoriais e de maior vida útil pós-colheita, em comparação aos sistemas convencionais
METODOLOGIA:

O trabalho foi realizado em parceria com 4 olericultores de comunidades de várzea, do Paraná do Supiá, Manacapuru, de agosto de 2008 a fevereiro de 2009. Para a implantação do ensaio, cada agricultor construiu 1 canteiro suspenso de madeira medindo 10,00mx1,00mx0,20m, dividido em cinco partes para a instalação dos 5 tratamentos. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições e cinco tratamentos (testemunha, Canavalia boliviana ,Rhynchosia mínima, Erythrina fusca e  Mimosa pigra). O solo foi coletado na profundidade de 0-20cm de profundidade em cinco diferentes pontos ao redor dos canteiros. Depois de homogeneizado, peneirado e pesado foi depositado 200 kg para cada 2m2. As leguminosas em estudo crescem na região e apresentam concentrações bastante homogênas de nutrientes, havendo na Erythrina fusca as maiores concentrações de N. As mesmas foram trituradas e incorporadas frescas ao solo na proporção de 10 ton/ha. Vinte e seis dias após a incorporação das leguminosas,fez-se o transplantio da alface, cultivar Mônica para os canteiros. Foram avaliadas 6 (seis) plantas úteis de alface, localizadas no centro do canteiro, totalizando 24 plantas úteis por tratamento. Avaliou-se a produção obtida (ton/ha).

RESULTADOS:

Não houve diferença significativa no parâmetro avaliado à 5% de probabilidade através do teste Tukey pelo programa Systat versão 10.2. A produção orgânica (ton/ha) de alface nos tratamentos estudados foi de 1,1 ton/ha na testemunha, 2,3 ton/ha na Canavalia boliviana, 2,9 ton/ha na Rhynchosia mínima, 4,5 ton/ha na Erythrina fusca e 4,9  ton/ha na Mimosa Pigra.

CONCLUSÃO:
Apesar de não haver significância entre os tratamentos, observou-se que a produção de alface aumentou com a incorporação ao solo de várzea de leguminosas nativas, principalmente de Mimosa pigra e Erythrina fusca. Os diferentes manejos dados pelos agricultores durante o desenvolvimento do ensaio, textura do solo, ocorrência de chuvas pesadas no período, histórico de uso do solo e inundação do local de cultivo pelo rio Solimões poderiam  estar relacionados também aos resultados apresentados
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM
Palavras-chave: Leguminosa, nitrogênio, Alface.